TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

SINAIS DE AUTISMO: o que é, sintomas, tipos e causas

Neuropediatra esclarece sobre o transtorno do espectro autista (TEA), com destaque para diagnóstico precoce, sinais, fatores de risco, acompanhamento médico e terapias; confira

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 01/06/2023 às 12:15
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O transtorno do espectro autista é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento que interfere na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

No Brasil, estima-se que dois milhões de pessoas vivam com o transtorno do espectro autista, conhecido pela sigla TEA. 

O termo "espectro" foi inserido ao nome do transtorno autista em 2013, devido à diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam. Cada paciente tem o seu próprio conjunto de manifestações, o que o torna único dentro do espectro.

O transtorno do espectro autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, como também padrões de comportamentos repetitivos.

Em alguns casos, a pessoa com TEA pode apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

O autismo e os transtornos do desenvolvimento são condições que afetam o neurodesenvolvimento infantil. É importante que os pais estejam atentos a condição, a fim de procurar um médico o mais cedo possível.

O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento do transtorno do espectro autista. Quanto mais cedo o acompanhamento médico é iniciado, maiores as chances de a pessoa com autismo ter qualidade de vida.

O processo para detectar o autismo, contudo, pode ser um desafio, pois os sintomas variam em intensidade e gravidade, a depender de cada pessoa.

Além disso, muitas vezes as crianças com autismo e transtornos do desenvolvimento têm outras condições associadas, como dificuldades de aprendizagem ou quadros de saúde mental.

O tema será abordado nesta sexta-feira (2) pelo neuropediatra Lucas Alves, durante o Congresso Pernambucano de Especialidades Pediátricas, que acontece no Recife.

O médico ressalta a importância de um acompanhamento médico cuidadoso e personalizado para cada criança, com base nas necessidades individuais.

O tratamento do transtorno do espectro autista pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, terapia da fala e medicamentos, se necessário.

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"Precisamos esclarecer que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que irá se estabelecer nos primeiros três anos de vida", diz o neuropediatra Lucas Alves - DIVULGAÇÃO

De acordo com Lucas Alves, muitas famílias enfrentam dificuldades ao lidar com condições como o autismo. Geralmente, elas se sentem perdidas e sobrecarregadas, sem saber lidar com os comportamentos da criança ou coma forma adequada que a ajude a se desenvolver melhor.

Por isso, o neuropediatra ressalta que o apoio à família é fundamental, com orientações e suporte emocional.

A idade limite para o diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista ainda é uma questão em debate na comunidade médica. 

SINAIS DE AUTISMO: QUAIS SÃO OS PRIMEIROS SINAIS DO AUTISMO?

Independentemente de faixa etária específica, recomenda-se que, diante de qualquer possível atraso observado, as famílias devem procurar um profissional especializado para início de uma investigação.

"Geralmente, o bebê tem uma interação com os pais. Então, o olhar na hora de amamentar é importante. Deve-se também reparar se o bebê se aconchega no colo. Por volta de 1 ano, a criança é chamada pelo nome e olha. Quando acontece alguma coisa em casa, ela segue com os olhinhos. Não significa que, se a criança não fizer isso, ela tem um diagnóstico de TEA, mas é importante que isso seja visto e avaliado", orienta Lucas Alves. 

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O diagnóstico precoce permite acompanhamento adequado da criança com autismo - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

SINAIS DE AUTISMO: QUAL A IDADE QUE SE PERCEBE O AUTISMO? 

Veja características de comunicação e interação social relacionadas ao transtorno do espectro autista:

  • Evita ou não mantém contato visual 
  • Não responde ao nome aos 9 meses de idade
  • Não mostra expressões faciais como feliz, triste, zangado e surpreso aos 9 meses de idade
  • Faz poucos ou nenhum gesto aos 12 meses de idade (por exemplo, não dá tchau)
  • Não compartilha interesses com outras pessoas aos 15 meses de idade (por exemplo, mostrar um objeto que eles gostam)
  • Não aponta para mostrar algo interessante aos 18 meses de idade

Veja comportamentos ou interesses restritos ou repetitivos relacionadas ao transtorno do espectro autista:

  • Alinha brinquedos ou outros objetos e fica chateado quando a ordem é alterada
  • Repete palavras ou frases várias vezes
  • Brinca com os brinquedos sempre da mesma forma
  • Está focado em partes de objetos (por exemplo, rodas, e não no todo)
  • Bate as mãos, balança o corpo ou girar em círculos
  • Tem hipersensibilidade a sons, cheiros e texturas

Veja outras características relacionadas ao transtorno do espectro autista:

  • Competências linguísticas atrasadas
  • Habilidades de movimento atrasadas
  • Habilidades cognitivas ou de aprendizagem atrasadas
  • Comportamento hiperativo, impulsivo e/ou desatento

SINAIS DE AUTISMO: O QUE LEVA A PESSOA A TER AUTISMO?

Um estudo recente, publicado em março de 2023, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), revelou que uma a cada 36 crianças nos Estados Unidos tem transtorno do espectro autista.

"Talvez por isso, muitas futuras mães têm me perguntado frequentemente se existem formas de diminuir o risco dos seus filhos nascerem com o transtorno", diz Lucas Alves. 

"Precisamos esclarecer que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que irá se estabelecer nos primeiros três anos de vida. O indivíduo já nasce com uma carga genética que irá predispor a desenvolver o autismo", acrescenta. 

SINAIS DE AUTISMO: QUAIS FATORES AMBIENTAIS CAUSAM AUTISMO?

O depoimento do neuropediatra sinaliza que existe uma forte predisposição genética para o autismo.

"Em alguns casos, essa carga genética já é suficiente para que ele desenvolva o autismo. Porém, na minoria dos casos, algum tipo de fator ambiental pode estar relacionado ao autismo."

Ainda de acordo com Lucas Alves, a ciência já mapeou mais de 77 genes, embora não exista um único deles responsável pelo autismo. "São alterações em diferentes trechos do DNA que podem levar ao desenvolvimento do transtorno, mas elas sozinhas não são capazes de explicar 100% dos casos. É aí que entra o que chamamos de fatores ambientais, principalmente aqueles que acontecem durante os nove meses de gestação."

Abaixo, Lucas Alves menciona três principais fatores de risco para o autismo. Confira: 

  1. Idade paterna: Futuros pais a partir de 40 anos têm um risco de até seis vezes mais de ter um filho com transtorno do espectro autista (TEA). 
  2. Prematuridade: 6% das crianças que nascem com menos de 26 semanas de idade gestacional têm transtorno do espectro autista. Por outro lado, menos de 2% daquelas que nascem com uma idade gestacional acima de 40 semanas terão TEA.
  3. Uso de medicamentos controlados: Existem alguns medicamentos que são terminantemente proibidos durante a gestação, como o ácido valpróico, que é utilizado como estabilizador do humor. Por isso, quem faz uso de algum medicamento deve consultar o médico antes de engravidar.

SINAIS DE AUTISMO: VEJA ENTREVISTA ABAIXO

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