
A oferta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) em hospitais públicos aumentou desde que o Brasil passou a enfrentar a pandemia de covid-19. Não foi diferente em Pernambuco. No governo anterior, muito se falou em legado da pandemia, com as vagas de UTI criadas inicialmente para atender pacientes com sintomas de covid e que, posteriormente, foram incorporadas à rede estadual.
No entanto, o problema da falta de leitos continua como um problema histórico. Atualmente, em Pernambuco, mais de 160 pacientes, de todas as faixas etárias, estão à espera de um leito de UTI - muitos angustiados, sem qualquer previsão de liberação da vaga.
Assim como a maior parte do Brasil, Pernambuco passa por um aumento no número de casos de influenza em adultos.
Entre as crianças, principalmente na faixa etária até 2 anos de idade, há manutenção do crescimento significativo de novos casos semanais e de internações por vírus sincicial respiratório (VSR).
O VSR está entre os principais agentes responsáveis por infecções respiratórias agudas em recém-nascidos e crianças menores de 2 anos. O vírus causa uma doença leve e semelhante a um resfriado, mas também pode causar doenças graves, como bronquiolite.
A Fiocruz aponta que, em relação ao VSR nas crianças até 2 anos, há sinal de crescimento em Pernambuco e demais Estados, como Acre, Amazonas, Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Sergipe.
As causas que levam os pacientes a precisar de uma vaga de UTI não são apenas relacionadas a doenças respiratórios. Há problemas gerais, que sempre foram incidentes, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), e também podem exigir assistência em terapia intensiva.
Não é de hoje que os hospitais públicos de Pernambuco estão degradados e superlotados, com piso arrancado e tetos infiltrados.
Mesmo diante dos mutirões de cirurgias e vagas de terapia intensiva abertas na atual gestão do governo estadual, filas de espera permanecem intermináveis. Por todo o Estado, os leitos estão lotados, e há pacientes que aguardam vagas.
Atualmente, na rede pública de Pernambuco, os leitos de terapia intensiva (UTI) voltados para crianças e adultos com síndrome respiratória aguda grave (srag) trabalham na capacidade total nesta quarta-feira (7), no Estado.
Ou seja, todos os leitos estão ocupados.
O mesmo acontece para as vagas de UTI voltadas para adultos com quadros de saúde por causas não respiratórias.
Além disso, duas crianças e 87 adultos com srag estão à espera de leito de UTI.
Em relação a vagas gerais para adultos (quadros não respiratórios), 74 pacientes estão na fila.
O Ministério Público de Pernambuco vem, desde janeiro, cobrando da Secretaria Estadual de Saúde uma expansão do número de leitos. Além disso, é necessário dar conta do déficit do quadro de profissionais especialistas que possam compor as escalas de trabalho.
A reportagem do JC questionou a SES sobre o total de vagas de UTI (srag e não srag) disponíveis atualmente na rede pública de Pernambuco. Até o momento, aguardamos um retorno.
Na gestão anterior (2019 a 2022), falava-se em um salto para 1.537 leitos de UTI disponíveis na rede pública - uma ampliação de 50%, em comparação com as 1.033 vagas antes da pandemia (fevereiro de 2018). Os dados são do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Dos 504 leitos abertos no período (do início da pandemia, em março de 2020, até 2022), 454 vagas foram colocadas em operação durante a pandemia para pacientes com srag. Em setembro de 2022, o governo anterior informou que esses leitos estavam sendo incorporados definitivamente à rede estadual.