Nesta segunda-feira (12), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que um novo foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP, vírus H5N1), em ave silvestre, foi identificado no Brasil.
Ao todo, são 31 casos da doença em aves silvestres no País.
A maioria dos casos é da espécie conhecida como trinta-réis-de-bando.
A atualização foi feita na plataforma oficial do Mapa voltada a consultas de casos confirmados do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) - H5N1.
O Mapa acrescenta ainda que há outras 11 investigações em andamento, com coleta de amostra e sem resultado laboratorial conclusivo.
O primeiro caso de gripe aviária em ave silvestre no Brasil foi confirmado no dia 15 de maio.
Desde então, o ministério segue alertando a população para que não recolham as aves que encontrarem doentes ou mortas e acionem o serviço veterinário mais próximo para evitar que a doença se espalhe.
Não há mudanças no status brasileiro de livre da IAAP perante a Organização Mundial de Saúde Animal, por não haver registro na produção comercial.
GRIPE AVIÁRIA EM HUMANOS
O infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ressalta que o vírus da gripe aviária é um tipo de influenza de alta patogenicidade - ou de alta gravidade.
"É um vírus que preocupa todo o planeta. A Organização Mundial da Saúde já levantou esse alerta porque é possível que eventualmente ele ganhe a capacidade de transmissão entre humanos e, consequentemente, uma dispersão muito grande em todo mundo, podendo chegar até a uma pandemia", alerta Renato Kfouri.
O médico ainda explica que o vírus influenza não infecta somente seres humanos, mas também mamíferos, aves e outros animais. "Muitas vezes, esse convívio próximo do ser humano com esses animais pode fazer com que haja um pulo de espécie. O vírus pula da espécie animal para o ser humano e dando uma doença de maior gravidade, geralmente relacionada a um tipo de influenza, o H5N1."
O QUE CAUSA A GRIPE AVIÁRIA?
De acordo com Renato Kfouri, nos últimos anos, já foram registrados mais de 800 casos de influenza aviária em seres humanos.
"Em geral, são pessoas que manipulam essas aves, que tratam dessas aves. E ocorre uma taxa de letalidade, de morte, de mais de 50% dos casos. Ou seja, é um vírus grave, mas a transmissão entre humanos (dos que pegaram esse vírus, o H5N1, para outros humanos) tem sido muito baixa."
O infectologista ressalta que a preocupação não é só com os casos de gripe aviária em seres humanos, mas principalmente com a possibilidade desses vírus ganharem a capacidade de transmissão em ser humano e se disseminar.
"Aí, globalmente, aqui nas Américas, nós temos seguindo a rota migratória do Pacífico, há casos registrados em mais de 15 países nas Américas, nos Estados Unidos, no Chile, região da América Central, da América Latina, da América do Sul. Então, é importante continuarmos monitorando nossas aves."
Segundo Renato Kfouri, não há risco de alimentos contaminados. "Temos investigado todos os casos suspeitos para que a gente possa controlar e detectar (o vírus) assim que houver casos em humanos aqui no Brasil", destaca.
GRIPE AVIÁRIA PANDEMIA
O vice-presidente da SBIm ainda informa que, diante desse cenário, é importante estar com vacina em desenvolvimento contra a gripe aviária.
"O Instituto Butantan já vem trabalhando numa vacina H5N1 para uma eventual possível pandemia. Então, neste momento, nenhum sinal de alarme. O Ministério da Agricultura vem monitorando casos de aves que adoecem ou que vêm a falecer, para ver se estão infectadas ou não. Aqueles que têm contato nas fazendas, nos criadouros, nos laboratórios, ou que manipulam esses animais eventualmente infectados, precisam ser investigados", ressalta Renato Kfouri.
"Vamos continuar monitorando para que a gente possa detectar não só aqui no País, mas globalmente todas essas infecções causadas pelo influenza aviário, que pode realmente se repercutir numa nova pandemia. A própria Organização Mundial da Saúde criou, nesta semana, um comitê mundial de monitoramento, de vigilância, de prevenção de novas epidemias", finaliza o infectologista.