O Ministério da Saúde confirma a ocorrência de três mortes por febre maculosa em Campinas (SP), referentes a um surto no município.
Até o fim da manhã desta quarta-feira (14), a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo aguardava a confirmação laboratorial de um possível quarto óbito pela doença na região.
O município de Campinas é uma área endêmica para febre maculosa, e o período sazonal para a doença no Brasil se estende de maio a setembro.
A transmissão da febre maculosa ocorre somente por meio do contato com o carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia.
Não há transmissão de pessoa para pessoa.
Com as notícias sobre o surto em Campinas, a população começa a ficar apreensiva sobre a possibilidade de transmissão de bactérias causadoras da febre maculosa por carrapatos de cachorros no Brasil.
QUAL CARRAPATO QUE TRANSMITE FEBRE MACULOSA?
É importante frisar que a febre maculosa é transmitida pelo carrapato-estrela, infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. O carrapato-estrela não é o carrapato comum, que encontramos geralmente em cachorros.
"Carrapato-estrela atinge mais animais silvestres", frisa o professor de biologia Leandro Alberto - DIVULGAÇÃO
À coluna Saúde e Bem-Estar do JC, o professor de biologia Leandro Alberto explicou que o carrapato-estrela não é parasita de animais domésticos, como cães e gatos.
"O carrapato-estrela atinge mais animais silvestres, como capivara, equinos e bovinos", diz Leandro. Entre eles, a capivara exige bastante cuidado.
"É um animal (a capivara) que parece fofinho e carinhoso. Mas só se deve apreciar as capivaras a distância. Afinal, são roedores e podem ser hospedeiros do carrapato-estrela, como também de bactéria que transmitem leptospirose e do vírus da raiva", explica Leandro.
FEBRE MACULOSA: VEJA VÍDEO ABAIXO SOBRE A TRANSMISSÃO DA FEBRE MACULOSA
FEBRE MACULOSA: VEJA OS NÚMEROS DA DOENÇA NO BRASIL
Em 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo registrou 12 casos: quatro evoluíram para cura, seis foram a óbito e dois continuam em investigação.
No Brasil, já foram confirmados 53 casos da doença neste ano de 2023: oito pacientes foram a óbito.
A maior concentração de casos é verificada nas regiões Sudeste e Sul. De maneira geral, ocorrem de forma esporádica.
Em áreas consideradas de risco, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de roupas que cubram todo o corpo, priorizando calças, blusas ou camisetas com mangas compridas e sapatos fechados. Deve-se dar preferência a cores claras. Dessa forma, os carrapatos podem ser vistos com maior facilidade pelo corpo.
QUAL É O CAUSADOR DA FEBRE MACULOSA?
A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato.
É uma doença infecciosa e febril aguda. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até formas graves, com elevada taxa de letalidade.
QUE SINTOMAS A FEBRE MACULOSA CAUSA?
O diagnóstico oportuno da febre maculosa é difícil, principalmente durante os primeiros dias de doença.
"Os sintomas da febre maculosa são parecidos com os de outras doenças, como arboviroses (dengue, zika e chicungunha). Mas há um detalhe que chama atenção: as lesões, como pintas vermelhas, na palma da mão e do pé. São achados clínicos sugestivos de febre maculosa", destaca o infectologista Filipe Prohaska, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).
O médico também ressalta que a febre maculosa pode ter manifestações respiratórias. "É uma doença que pode cursar com pneumonia."
É importante que a pessoa com suspeita de febre maculosa procure um médico para avaliação dos sintomas.
Durante a consulta, o profissional buscará saber se a pessoa mora em região de mata ou florestas, onde possa ter sido picada pelo carrapato-estrela.
FEBRE MACULOSA TEM CURA? COMO É O TRATAMENTO DA FEBRE MACULOSA?
O tratamento da febre maculosa é essencial para evitar formas mais graves da doença.
Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde.
"O tratamento é feito com antibiótico oral, capaz de curar a bactéria que causa febre maculosa. Mas é fundamental que o antibiótico seja iniciado diante das primeiras suspeitas. Numa região onde há frequência mais alta de febre maculosa, os médicos e demais profissionais de saúde conseguem identificar e pensar na possibilidade da doença de forma mais precocemente", diz o infectologista Demetrius Montenegro, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc).
A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso e levar o paciente a óbito.
