Doenças que geralmente podem passar despercebidas, por não apresentarem sintomas no período da infecção, as hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. São infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves.
Neste Julho Amarelo, mobilização alusiva à conscientização sobre as hepatites virais, Pernambuco volta a atenção para vigilância, prevenção e controle das doenças, além de chamar a atenção da população para as formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Em 2022, em Pernambuco, foram diagnosticados 527 casos de hepatites virais em 2022: nove de hepatite A, 304 do tipo B e 214 do tipo C. No ano anterior (2021), foram 10 casos de hepatite A, 262 do tipo B e 217 do tipo C.
Além disso, foram 33 mortes pela doença naquele ano: duas por hepatite A, 15 por B e 16 pelo tipo C.
As hepatites virais são infecções que possuem algumas diferenças entre elas, tanto relacionada a sintomas quanto a manifestações e formas de contaminação.
A hepatite A, por exemplo, é transmitida após a ingestão de água e alimentos contaminados.
"Ao longo dos anos, a hepatite A vem apresentando uma redução no número de casos, que pode ser fortemente atribuída à introdução da vacinação no calendário infantil. É uma doença com evolução benigna, de progressão aguda, além de também possuir a possibilidade de transmissão via relações sexuais (oral e anal)", explica a gerente do Programa Estadual de IST, Aids e Hepatites Virais, Camila Dantas.
Em 2022, foram duas mortes confirmadas por hepatite A em Pernambuco.
Diferentemente do vírus tipo A, a hepatite B é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), o que significa que as relações sexuais desprotegidas podem transmitir a doença.
Em 2022, no Estado, foram confirmados 15 óbitos para doença, que pode ser prevenida pela vacinação, disponível em todos os postos de saúde.
Para o diagnóstico, há o teste rápido disponibilizado em serviços municipais, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs).
Para as hepatites A e B, uma importante forma de prevenção é a vacina. A hepatite A é aplicada em crianças com idades entre 15 meses e menores de 5 anos. É feita em dose única.
Já para prevenção contra hepatite B, o indicado é a aplicação em três doses para qualquer pessoa que não tenha registro de doses em histórico vacinal.
Para as crianças, a proteção deve ser iniciada nas primeiras 24 horas de vida com a vacina contra a hepatite B. Posteriormente, a criança recebe mais três doses da vacina pentavalente, iniciando o esquema vacinal com 2 meses, depois aos 4 meses e, por último, aos 6 meses de idade.
O Brasil tem como meta a eliminação da hepatite C até o ano de 2030.
Para essa doença, não existe vacina, mas há tratamento que oferece a possibilidade de cura aos pacientes.
"A doença é uma infecção provocada pelo vírus C da hepatite, mas não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, pois sua transmissão se dá por meio do contato com sangue infectado. Embora não seja considerada uma IST, a hepatite C pode ser transmitida por relações sexuais, caso exista contato com sangue durante a relação", explica Camila Dantas.
Ela chama a atenção para alguns pontos importantes quando o assunto é prevenção da hepatite C.
"Pessoas que realizam hemodiálise, compartilhamento de lâminas, alicates de unha, tesouras, por exemplo, precisam estar atentas à possibilidade de infecção. O vírus da hepatite sobrevive por muitas horas em contato com superfícies. As pessoas que compartilham esses objetos precisam ficar atentas à limpeza desses materiais, que precisam ser esterilizados", destaca Camila.
"O ideal seria levar seus próprios objetos. Isso também serve para o ambiente doméstico."
Em 2022, 16 pessoas morreram em decorrência da doença em Pernambuco. No ano anterior, 29 pessoas faleceram apresentando como diagnóstico a hepatite C.
ONDE FAZER TESTE DE HEPATITES EM PERNAMBUCO?
Em qualquer época do ano, a população pode fazer a testagem das ISTs de rotina em postos de saúde, Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e por meio de parcerias com organizações da sociedade civil.
Atualmente há 33 centros no Estado, sob responsabilidade das gestões municipais de saúde.
Os CTAs também estão localizados nas cidades-sede das Gerências Regionais de Saúde (Geres).