SUPERFUNGO

Candida auris: morre mais um paciente com o superfungo em Pernambuco; é o 3º óbito de 2023

É o terceiro óbito de paciente diagnosticado com Candida auris este ano no Estado

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 19/07/2023 às 12:06
FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
O superfungo Candida auris, que pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, pode ser fatal - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informa que mais um paciente colonizado pelo superfungo Candida auris morreu no Hospital do Tricentenário, em Olinda, no Grande Recife. O óbito ocorreu na tarde da terça-feira (18). 

A Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública. Ele pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.

O paciente que foi a óbito tinha 77 anos. Segundo a SES-PE, o idoso estava colonizado por Candida auris, "mas a morte não foi relacionada ao fungo".

A pasta acrescenta que o paciente foi internado inicialmente, em leito de enfermaria, com infecção de repetição no trato urinário.

"O quadro foi agravado após um longo período de internamento, tendo como resultado o óbito, apesar dos esforços da equipe multidisciplinar do Hospital do Tricentenário."

É a terceira morte de paciente diagnosticado com o superfungo este ano em Pernambuco.

Em junho, a SES-PE já havia confirmado o óbito de um homem de 63 anos, que estava no Hospital Miguel Arraes (em Paulista, no Grande Recife). De acordo com a pasta, ele também faleceu em virtude das comorbidades associadas à internação, e não por causa do superfungo

E no início deste mês de julho, a pasta confirmou a segunda morte. A vítima foi um homem de 69 anos que estava internado no Hospital do Tricentenário. Segundo garantiu a SES-PE, a morte também não teve como causa a Candida auris, e foi associada a comorbidades preexistentes.

Assim, a SES-PE salienta que Pernambuco não registrou nenhuma morte, até o momento, causada por Candida auris.   

COMO ESTÃO OS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM CANDIDA AURIS EM PERNAMBUCO? 

situação dos 11 pacientes diagnosticados com o superfungo é classificada da seguinte maneira: quatro pacientes continuam internados (dois no Tricentenário, em Olinda, e dois no Hospital Miguel Arraes, em Paulista), três foram a óbito e quatro tiveram alta hospítalar.  

Segundo a SES-PE, todos os 11 casos de superfungo em Pernambuco são de colonização, e não de infecção

Os pacientes com Candida auris podem não apresentar sinais relacionados à infecção pelo superfungo, mas ter um quadro de colonização.

A diferença entre ambas as condições é que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea.

Assim, de acordo com a pasta, os pacientes que tiveram diagnóstico de Candida auris não têm sinais de doença infecciosa, e sim sintomas das doenças ou condições que levaram ao internamento, como uma quadro de doença renal crônica ou sequelas neurológicas por AVC (acidente vascular cerebral). 

O QUE É CANDIDA AURIS E QUAIS OS SINTOMAS? 

A Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública.

O superfungo Candida auris pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.

Ele pode ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com doenças crônicas.

O infectologista Danylo Palmeira, presidente da Sociedade Pernambucana de Infectologia (SPEI), explica que a Candida auris ocorre como infecção hospitalar. "Não há diagnóstico clínico baseado em sinais e sintomas de Candida auris", diz.

As infecções por Candida auris, segundo Danylo, estão relacionadas ao uso de dispositivos chamados invasivos, como um cateter venoso central, uma sonda vesical e um ventilador mecânico. "São casos em que há um maior risco de ocorrência de infecção hospitalar, incluindo por Candida auris", explica Danylo.  

Ele frisa que o superfungo Candida auris se mantém facilmente nos hospitais onde há pacientes colonizados ou infectados. "É um fungo que, no ambiente hospitalar, consegue sobreviver sem estar no organismo humano." Ou seja, a Candida auris pode estar em superfícies ou equipamentos da unidade de saúde. Por isso, é muito difícil de ser erradicada. 

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Danylo Palmeira, presidente da Sociedade Pernambucana de Infectologia (SPEI), explica que as infecções por Candida auris estão relacionadas ao uso de dispositivos chamados invasivos, como um cateter venoso central, uma sonda vesical e um ventilador mecânico - DIVULGAÇÃO

COMO SE PEGA A CANDIDA AURIS?  

A transmissão do superfungo Candida auris ocorre em ambiente hospitalar, diretamente de equipamentos, superfícies e materiais de assistência ao paciente com Candida auris (como estetoscópios e termômetros, além de outros), mas nada impede que essa transmissão também aconteça pelas mãos dos profissionais de saúde. Por isso, a higienização das mãos precisa ser respeitada. 

Quando tem alta da unidade de saúde, o paciente pode seguir para casa, já que é um superfungo de ambiente hospitalar (ocorre dentro de hospital). 

"Não é na comunidade (pelas ruas, em casa, na feira, no supermercado...) que uma pessoa vai ser colonizada por Candida auris. E o paciente que foi diagnosticado com o superfungo, foi controlado e teve alta, não vai transmitir. No entanto, quando ele precisar ir a um serviço de emergência ou qualquer outra unidade de saúde, ele precisa sinalizar que já teve cultura positiva para Candida auris, pois cuidados precisam ser seguidos, pelo menos, por dois anos", orienta Danylo. 

O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos. "É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que se preocupa com o potencial agressivo desse fungo.

Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

Outro motivo de preocupação é que a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.

ASSISTA: CANDIDA AURIS: saiba mais sobre surto do SUPERFUNGO em Pernambuco

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Danylo Palmeira, presidente da Sociedade Pernambucana de Infectologia (SPEI), explica que as infecções por Candida auris estão relacionadas ao uso de dispositivos chamados invasivos, como um cateter venoso central, uma sonda vesical e um ventilador mecânico - FOTO:DIVULGAÇÃO

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