SAÚDE

ASPIRINA: Anemia em idosos e o uso de aspirina - um alerta para a saúde

Novo estudo publicado traz um alerta importante para os idosos que fazem uso regular dessa medicação: o risco aumentado de desenvolver anemia

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 19/07/2023 às 12:35 | Atualizado em 24/08/2023 às 16:54
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Por Audes Feitosa, médico cardiologista, PhD e Fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia

A utilização da aspirina em baixas doses tem sido amplamente adotada em diferentes contextos médicos, sendo considerada uma estratégia de prevenção em pacientes com risco cardiovascular elevado.

No entanto, um novo estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine traz um alerta importante para os idosos que fazem uso regular dessa medicação: o risco aumentado de desenvolver anemia.

A pesquisa, baseada nos dados do estudo Aspirin in Reducing Events in the Elderly (ASPREE), analisou 19.114 idosos e investigou as concentrações de hemoglobina ao longo do estudo.

Os resultados revelaram que idosos que tomavam baixas doses diárias de aspirina apresentavam um risco 20% maior de desenvolver anemia, mesmo sem histórico de sangramento clinicamente evidente.

A anemia é uma condição comum em idosos e pode acarretar uma série de sintomas, como fadiga, palpitações cardíacas, dor de cabeça, dor no peito e zumbido.

Além disso, a anemia pode agravar outras condições de saúde já existentes, como insuficiência cardíaca congestiva, comprometimento cognitivo e depressão em pessoas com 65 anos ou mais.

Portanto, o aumento do risco de anemia em idosos que fazem uso de aspirina é uma preocupação que merece atenção.

É importante ressaltar que a recomendação do uso de aspirina para a prevenção primária de doenças cardiovasculares sofreu uma mudança significativa pela Preventive Services Task Force dos EUA em 2022.

O tratamento com baixas doses de aspirina é contraindicado para adultos com 60 anos ou mais. Para adultos entre 40 e 59 anos, com risco cardiovascular de 10% ou mais, a recomendação é avaliar individualmente a necessidade do uso da medicação, levando em consideração os benefícios potenciais. 

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Segundo Audes Feitosa, a anemia pode agravar outras condições de saúde já existentes, como insuficiência cardíaca congestiva, comprometimento cognitivo e depressão em pessoas com 65 anos ou mais - DIVULGAÇÃO

Os pesquisadores também observaram que o tratamento com aspirina estava associado a uma diminuição nos níveis séricos de ferritina, indicando uma possível interferência no metabolismo do ferro.

Esses achados destacam a importância de os médicos monitorarem os níveis de hemoglobina em idosos que fazem uso de aspirina e discutirem abertamente com os pacientes sobre a necessidade e os potenciais riscos dessa terapia.

Diante dessas descobertas, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos aos potenciais efeitos colaterais do uso de aspirina em idosos, especialmente em relação à anemia.

É necessário avaliar cuidadosamente a indicação da medicação, considerando os riscos e benefícios para cada paciente individualmente.

À medida que avançamos no entendimento das interações medicamentosas e dos efeitos específicos em diferentes populações, é crucial que a prática clínica seja atualizada e adequada às evidências mais recentes.

Estudos como o ASPREE nos lembram da importância de uma abordagem individualizada na prescrição de medicamentos, considerando os diferentes fatores de risco e as necessidades de cada paciente.

Portanto, os médicos devem estar atentos aos níveis de hemoglobina em idosos que fazem uso de aspirina e discutir abertamente com seus pacientes a necessidade e os potenciais riscos dessa terapia.

A segurança e a saúde dos pacientes devem ser sempre a prioridade, e a adoção de abordagens baseadas em evidências é essencial para uma prática clínica de qualidade.

É fundamental que mais pesquisas sejam realizadas para aprofundar nosso entendimento sobre os riscos e benefícios do uso de aspirina em idosos, a fim de fornecer orientações claras e embasadas para os profissionais de saúde.

Enquanto isso, cabe aos médicos e pacientes trabalharem juntos, avaliando cuidadosamente as opções de tratamento e buscando o melhor equilíbrio entre os potenciais benefícios e riscos envolvidos.

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