Métodos contraceptivos que podem ajudar no planejamento familiar de forma eficaz ainda é um tema que precisa ser mais divulgado para a população. Uma pesquisa realizada pela Bayer, em parceria com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e conduzida pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), revelou que 62% das mil mulheres respondentes (isto é, quase dois terços) já tiveram pelo menos uma gravidez não planejada. Desse universo, 54% não usavam nenhum método contraceptivo.
"A gente tem um universo de quase um terço de todas as mulheres que engravidam e que não desejavam a gestação. Mesmo as que desejavam, não planejaram. Isso influencia diretamente na organização da vida da mulher, tanto do ponto de vista de trabalho, como do ponto de vista de relacionamento", explica o ginecologista e obstetra Mateus Glasner, do Hospital da Mulher do Recife e do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam).
Em Pernambuco, os pacientes que procuram métodos contraceptivos, nas unidades que fazem parte da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), encontram à disposição, além das camisinhas femininas e masculinas, as pílulas anticoncepcionais, o DIU e, em casos específicos, implantes.
DIU EM PERNAMBUCO: COMO COLOCAR O DIU NO CISAM
No Ambulatório da Mulher, que funciona no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), é possível colocar o DIU de cobre e o DIU hormonal.
"Não existe uma burocracia grande para fazer essa inserção na rede pública. O que existem são desinformação e falta de acesso. Por isso, a gente está tentando conversar para combater esse tipo de barreira que impede que a mulher tenha acesso ao DIU", explica o ginecologista e obstetra Mateus Glasner.
Para isso, é preciso agendar uma consulta online no Núcleo de Telessaúde do Cisam: sites.google.com/upe.br/nutes-cisam.
"A paciente não precisa nem ir presencialmente marcar a consulta. A triagem é feita de maneira eletrônica. A gente consegue abrir o prontuário e fazer o agendamento da consulta pré-inserção do DIU. Nessa consulta, a gente analisa se a paciente tem ou não alguma contraindicação. Depois, nós agendamos a data para fazer a inserção do DIU, sem burocracia, com facilidade e com segurança para a paciente", conclui Mateus Glasner.
QUAIS AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DE COLOCAR O DIU?
O DIU é um método contraceptivo de longa duração inserido no útero da mulher.
Na rede pública de Pernambuco, ele pode ser encontrado de dois tipos: hormonal ou não hormonal.
O DIU hormonal libera pequenas quantidades de hormônios, como o levonorgestrel, que ajudam a prevenir a gravidez, por, em média, cinco anos.
Já o DIU de cobre, dispositivo com duração média de dez anos, cria um ambiente hostil para os espermatozóides. O cobre liberado interfere no número e no transporte de gametas masculinos, o que impossibilita a fertilização. O DIU de cobre é uma opção que não apresenta os efeitos colaterais dos hormônios.
Ambas as versões são altamente eficazes e não interferem nas relações sexuais.
O procedimento para colocação do DIU é realizado por profissionais de saúde qualificados e não precisa de anestesia para realização do procedimento.
O DIU pode ser inserido ainda nas primeiras horas após o parto, sem interferir no processo de amamentação.
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS: COMO ESCOLHER?
E se engana quem pensa que planejamento reprodutivo é apenas tomar pílula anticoncepcional ou fazer a inserção de um dispositivo intrauterino (DIU).
O ginecologista e obstetra Mateus Glasner explica que esse também é um processo que exige reflexão. "Planejamento reprodutivo são todas as etapas, desde as consultas pré-concepcionais, organização para inserção ou oferta de método contraceptivo, o entendimento de quando a mulher vai estar apta ou desejar engravidar", diz.
Os métodos contraceptivos podem ser comportamentais, de barreira, não hormonais e hormonais. Existem métodos femininos e masculinos, transitórios ou definitivos. Os transitórios são aqueles que, quando interrompidos, permitem que a mulher possa engravidar. Já os definitivos, como laqueadura ou vasectomia, são métodos que dificilmente podem ser revertidos.
A escolha do melhor método é feita de acordo com os desejos e prioridades de cada mulher. "Nós também levamos em consideração a eficácia do método e se ela deseja ou não sangrar. Também levamos em consideração a privacidade - se é um método que ela prefere que só ela saiba que esteja usando -, o tempo de uso daquele método e segurança", explica Mateus Glasner.
Ainda de acordo com o ginecologista e obstetra, é crucial buscar informações confiáveis e embasadas em evidências para fazer escolhas sobre o melhor método contraceptivo.
"Consultar um profissional de saúde é fundamental para a escolha do método mais adequado a cada pessoa, considerando as preferências pessoais e também para entender as vantagens e desvantagens de cada contraceptivo". Ele destaca ainda que, quando bem utilizados, métodos contraceptivos como o dispositivo intrauterino (DIU) e os anticoncepcionais são considerados seguros e eficazes.