DOENÇA DE PARKINSON

Smartwatches podem detectar doença de Parkinson antes do início de sintomas, diz estudo da Nature

Médico analisa a pesquisa e diz smartwatches não são apenas dispositivos tecnológicos da moda, mas sim ferramentas capazes de ajudar a identificar e tratar doenças de forma mais eficaz

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 28/07/2023 às 18:40 | Atualizado em 28/07/2023 às 19:02
FREEPIK/BANCO DE IMAGENS
Dados acelerométricos dos smartwatches permitem estimar em quantos anos o paciente pode começar a apresentar sintomas de Parkinson - FOTO: FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Uma pesquisa publicada este mês na revista científica Nature Medicine, mostra que os smartwatches (relógios inteligentes com funções similares às dos smartphones) podem ajudar no diagnóstico precoce da doença de Parkinson anos antes do início dos sintomas clínicos. 

A doença de Parkinson é uma doença crônica, degenerativa e progressiva do sistema nervoso central. É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas).

"É uma descoberta recente que traz esperança para a detecção precoce da doença de Parkinson. A pesquisa (clique aqui para ler) sugere que smartwatches, aqueles dispositivos vestíveis tão populares atualmente, podem desempenhar um papel crucial no diagnóstico precoce, permitindo que os pacientes tenham acesso a tratamentos em estágios iniciais do quadro", diz o médico cardiologista Audes Feitosa, fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia. 

"O estudo foi baseado em dados coletados de pacientes inscritos no UK Biobank (estudo de banco de dados biomédicos de longo prazo no Reino Unido que investiga aparecimento de doenças). Foram reveladas mudanças nos padrões de movimentação registrados pelos smartwatches, o que pode indicar a presença da doença de Parkinson anos antes do início dos sintomas clínicos", informa Audes.

A análise dos dados acelerométricos de mais de 100 mil participantes mostrou forte correlação entre menores níveis de movimentação diurna durante uma semana e o diagnóstico clínico da doença de Parkinson em um prazo de até sete anos."

DOENÇA DE PARKINSON E FASE INICIAL

"O diagnóstico precoce é crucial no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Parkinson. Identificar indivíduos em estágios iniciais da doença permite que intervenções e tratamentos neuroprotetores sejam aplicados de forma mais eficaz, visando retardar a progressão clínica da condição. Essa abordagem não apenas beneficia os pacientes, mas também é fundamental para a realização de ensaios clínicos que avaliam a eficácia de novos tratamentos potencialmente neuroprotetores", avalia Audes Feitosa.

Assim, ele comenta que a importância dessa pesquisa vai além da simples detecção precoce da doença de Parkinson.

"Os dados acelerométricos obtidos por meio de dispositivos vestíveis são mais úteis do que outros sintomas prodrômicos conhecidos, como a bradicinesia (lentidão dos movimentos), para identificar indivíduos com maior risco de desenvolver a doença de Parkinson no futuro", salienta. 

QUANDO APARECERÃO OS SINTOMAS DA DOENÇA DE PARKINSON?

De acordo com Audes, os dados acelerométricos dos smartwatches permitem estimar em quantos anos o paciente pode começar a apresentar sintomas.

"É importante destacar que essa abordagem baseada em smartwatches oferece benefícios significativos em relação a outras formas de detecção, como as análises feitas em coortes pré-selecionadas ou em ambientes hospitalares. Os smartwatches tornam o processo mais acessível, conveniente e menos oneroso, tornando possível alcançar um grande número de pessoas na população geral."

NÃO É SÓ MODA

Na visão do médico, os profissionais da área da saúde devem abraçar essas inovações e incorporá-las à prática clínica, garantindo que seus pacientes se beneficiem das mais recentes descobertas científicas.

"Portanto, é hora de saudar os smartwatches e suas contribuições para a saúde da população em geral. Eles não são apenas dispositivos tecnológicos da moda, mas sim ferramentas poderosas que podem ajudar a identificar e tratar doenças de forma mais eficaz", finaliza Audes. 

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