SAÚDE PÚBLICA

Caramujos-gigantes reaparecem na Praia de Boa Viagem; biólogo alerta que infestação do animal pode causar problema de saúde grave

De acordo com biólogo, o caramujo-gigante-africano pode ser hospedeiro de um verme que transmite uma doença ao ser humano: a meningite eosinofílica

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Cinthya Leite

Publicado em 23/08/2023 às 11:28 | Atualizado em 23/08/2023 às 15:47
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Mais uma vez, a Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, desponta com uma grande quantidade de caramujos-gigantes, principalmente na altura do Segundo Jardim.

Essa infestação de caramujos-gigantes é motivo de preocupação, segundo o biólogo Leandro Alberto. 

Em agosto de 2022, a concentração do animal, no mesmo local, chamou a atenção da população e das autoridades sanitárias do município. 

CARAMUJO-GIGANTE: QUAL CARAMUJO TRANSMITE MENINGITE? 

Professor de biologia, Leandro Alberto explica que o animal é, na realidade, um molusco de hábito terrestre, com o nome científico de Achatina fulica e popularmente conhecido como caramujo-gigante-africano

Gabriel Ferreira/ Jc Imagem
Biólogo orienta que as pessoas se protejam e não façam o manuseio do caramujo-gigante-africano sem luvas. "Deve-se deve ter muito cuidado ao andar descalço nas praias, devido à imensa população destes animais" - Gabriel Ferreira/ Jc Imagem

"O caramujo-gigante-africano pode ser hospedeiro de um verme que transmite uma doença ao ser humano: a meningite eosinofílica, que causa inflamações nas meninges que estão protegendo nosso cérebro, assim como na coluna espinhal", alerta Leandro Alberto. 

CARAMUJO-GIGANTE: O QUE FAZER EM CASO DE CONTATO COM CARAMUJO? 

O biólogo Leandro Alberto também faz orientações para a população. "É importante as pessoas não terem contato com o caramujo-gigante-africano. E caso tenha que fazer, faça de forma protegida, utilizando luvas e levando o animal diretamente a um saco, quebrando suas conchas e jogando cal em cima", diz.

O biólogo explica que o cal elimina o verme que causa a doença.

Mas por que há tantos caramujos-gigantes na Praia de Boa Viagem, na altura do Segundo Jardim? 

"Eles podem ser trazidos pela correnteza nesta época de chuva. Os ovos desses animais ficam em locais estratégicos, como em gramas. Eles se desenvolvem e conseguem se reproduzir muito bem", responde Leandro. 

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Leandro Alberto é professor de biologia - DIVULGAÇÃO

Ainda de acordo com o biólogo, o caramujo-gigante-africano tem um tipo de reprodução cruzada. "Eles são hermafroditas. Cada animal desse pode eliminar de 600 a 800 ovos. Ou seja, em cada prole, são de 1.200 a 1.600 animais sendo proliferados. Então, muito cuidado com esse caramujo", salienta. 

CARAMUJOS-GIGANTES: O QUE DIZ A PREFEITURA DO RECIFE

Em nota, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife informa que a Vigilância Ambiental do município tem monitorado a área e orientado moradores, trabalhadores e pessoas que circulam na região sobre os cuidados (como descarte correto do lixo) para evitar o aparecimento de caramujos.

"Quando se tratar de equipamento social com a presença do molusco, a Vigilância Ambiental faz uma ação em conjunto com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) para retirá-los mecanicamente e descartar adequadamente", diz a Sesau.

Segundo a secretaria, os animais recolhidos em 2022 foram levados ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen/PE) para análise e foi identificado que eles não possuem parasitas. "Ou seja, não correm o risco de transmitir zoonoses aos seres humanos."

O trabalho, de acordo com a Sesau, está sendo feito regularmente, e o serviço será contínuo até que haja diminuição dos moluscos na área. "A população deve evitar pegar ou andar nesses locais sem calçados."

A Secretaria de Saúde do Recife explica ainda que a proliferação do caramujo-gigante-africano acontece esporadicamente e em locais com grande umidade.

"A capital pernambucana viveu um período de chuvas intensas nos últimos meses, favorecendo a reprodução natural desses bichos."

As pessoas também podem solicitar a visita ou orientação dos agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) através da Ouvidoria do SUS, pelo telefone 0800 2811520, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, ou pelo site da prefeitura, em qualquer horário.

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