SUPERLOTAÇÃO

Com piora na superlotação e macas pelo chão, Hospital da Restauração tem pelo menos 80 pacientes nos corredores

Além de ter uma infraestrutura à beira do colapso, HR permanece com corredores superlotados, tetos infiltrados, famílias, pacientes e funcionários angustiados

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Cinthya Leite

Publicado em 11/09/2023 às 21:53 | Atualizado em 11/09/2023 às 22:48
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Mais uma vez (e em meio a aberturas de novos leitos da rede estadual e reforma de grandes serviços públicos de saúde), o Hospital da Restauração (HR) desponta com piora da superlotação. Imagens do fim da tarde e início da noite desta segunda-feira (11), enviadas por profissionais de saúde do HR à reportagem do JC, denunciam corredores cheios e macas com pacientes pelo chão. As fotos que aparecem nesta matéria foram desfocadas para preservar a identidade dos pacientes e profissionais do hospital. 

As cenas mais emblemáticas são as de falta de leitos, que mostram a situação caótica do HR, localizado no Derby, área central do Recife. O cenário da maior emergência pública do Norte e Nordeste do Brasil revela que, mesmo com abertura de novas vagas em hospitais pelo governo do Estado e leitos de retaguarda, a gestão atual não consegue desafogar o HR.  

*Com piora na superlotação e macas pelo chão, Hospital da Restauração tem pelo menos 80 pacientes nos corredores*

"Está péssimo agora (início da noite). Há áreas onde não conseguimos nem andar de tantas macas pelo chão. Os plantões também estão com escala reduzida. O quadro de superlotação toma conta das emergências cirúrgica e clínica, áreas vermelhas (unidade de trauma) e laranja", disse um profissional de saúde, que trabalha no HR, ouvido pela reportagem. 

Também em reserva, um outro funcionário contou que, em mais de 15 anos trabalhando no HR, passou pelo pior plantão na última semana. "Vi crianças deitadas pelo chão. É surreal!". 

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Houve famílias que precisaram comprar colchão e levar para o hospital, a fim de oferecer o mínimo ao parente que exige um cuidado especializado - REPRODUÇÃO/WHATSAPP

Na noite desta segunda-feira, há 70 macas extras pelos corredores na área vermelha, que comporta 20 leitos. Já na área laranja, são 73 macas extras - e o espaço comporta 43 leitos. Ou seja, somando as duas áreas, há pelo menos 80 pacientes que não estão devidamente acomodados para receber assistência digna e adequada

Diante do cenário caótico, houve famílias que precisaram comprar colchão para oferecer o mínimo ao parente que exige um cuidado especializado.  

O operador de caixa Augusto Cesar Silva conta que o primo tem nanismo e está no HR há uma semana. "Ele chegou com um problema na coluna. Passaram uma tomografia, que nada mostrou. Ele, então, fez uma ressonância. Aguardamos até agora o resultado. Hoje ele está deitado numa maca, sem conforto algum. Precisei, então, ir hoje ao Centro do Recife comprar um colchão para ele. Está uma calamidade; uma vergonha", relata.

"É muito triste o que acontece lá dentro. Estou pegando uma cadeira emprestada com outros pacientes, que estão lá internados, para poder dar um banho no meu primo. Esta noite, mais uma vez, será tensa. Vou dormir sobre o papelão."

SUPERLOTAÇÃO NO HR: O QUE DIZ O GOVERNO DE PERNAMBUCO

Questionada pelo JC sobre a atual situação do HR, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) diz, em nota, reconhecer a "alta demanda de pacientes na unidade, que é referência em especialidades diversas".

A pasta diz trabalhar "na melhoria dos fluxos assistenciais, visando uma oferta de maior qualificação no atendimento e celeridade na rotatividade dos leitos do Hospital da Restauração". 

Na nota, a SES-PE destaca que, "mesmo diante do fluxo intenso, devido à complexidade dos atendimentos, todos os pacientes estão sendo atendidos pela equipe multidisciplinar da unidade de saúde, que será requalificada para melhor atender a população".

De acordo com a pasta, a reforma do 7º andar da unidade, por exemplo, já começou. "O governo de Pernambuco investirá 600 milhões de reais para a recuperação dos hospitais do Estado, incluindo o Hospital da Restauração."

A SES-PE acrescenta que "tem buscado o fortalecimento do Núcleo Interno de Regulação (NIR) e estabelecido ações no sentido de criar uma retaguarda com leitos de referência, sobretudo em neurocirurgia, uma vez que há uma baixa ocupação de leitos de neuroclínica neste momento".


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