Candida auris: Superfungo é detectado em mais um hospital em Pernambuco; contactantes de paciente que foi a óbito estão isolados
O 13º caso de Candida auris confirmado este ano, em Pernambuco, é uma mulher de 49 anos que foi a óbito por complicações da doença neurológica
SALVADOR (BA) - Superfungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública, a Candida auris foi detectada em mais um hospital de Pernambuco. São atualmente cinco surtos (cada um representado por uma unidade de saúde) no Estado.
Agora, o superfungo (capaz de causar infecção na corrente sanguínea e outras invasivas) chegou ao Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localizado na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. A paciente, que estava internada na unidade de saúde, tinha 49 anos e foi a óbito no último dia 2 de setembro, "devido a complicações relacionadas a doenças de base (no caso da paciente em questão, doença neurológica)", explica a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
Assim, neste ano, sobe para 13 o número de casos confirmados de Candida auris em cinco surtos em continuidade em unidades de saúde localizadas no Grande Recife.
Os surtos foram registrados no Hospital Miguel Arraes, em Paulista; no Hospital do Tricentenário, em Olinda; no Real Hospital Português; no Hospital da Restauração; e no HC-UFPE (estes três últimos localizados na capital).
CANDIDA AURIS: SUPERFUNGO EM DISCUSSÃO NO INFECTO 2023
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou o 13º caso após o JC solicitar atualizações, nesta quinta-feira (21), sobre os surtos de Candida auris em Pernambuco. O superfungo é um dos temas de destaque da programação do 23º Congresso Brasileiro de Infectologia, realizado em Salvador até a sexta-feira (22).
O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos.
"É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e conversou sobre o tema, nesta quinta-feira (21), com jornalistas que fazem a cobertura do 23º Congresso Brasileiro de Infectologia.
O médico se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. De acordo com Filipe Prohaska, a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.
Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.
CANDIDA AURIS: ANVISA EM FORÇA-TAREFA PARA CONTROLAR O SUPERFUNGO
Em julho deste ano, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esteve no Recife para realizar uma missão técnica, com o objetivo de acompanhar as ações de controle dos surtos do superfungo Candida auris. Ficou estabelecido que os hospitais, segundo recomendação da agência, deverão manter a vigilância dos pacientes por seis meses para que os surtos sejam considerados encerrados.
Em 2022, Pernambuco já havia registrado pelo menos 43 casos de Candida auris em pacientes de 19 a 82 anos.
SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: QUATRO PACIENTES ISOLADOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
Diante do novo surto de Candida auris, o HC-UFPE recebe apoio técnico da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) para monitorar quatro pacientes que tiveram contato com a paciente que morreu colonizada pelo superfungo.
"Nenhum atendimento precisou ser interrompido na unidade, e os pacientes que tiveram contato com o caso confirmado estão em isolamento", garante a SES-PE.
Do total de 13 confirmações de Candida auris este ano em Pernambuco, sete pacientes receberam alta hospitalar e dois permanecem internados no Hospital do Tricentenário, em Olinda, no Grande Recife. Além deles, quatro pacientes foram a óbito.
"A SES-PE salienta que o Estado não registrou morte, até o momento, causada por Candida auris", garante. Isso significa que os óbitos foram decorrentes de complicações das doenças de base apresentadas pelos pacientes colonizados pelo superfungo.
É importante explicar que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea.
Além disso, de acordo com a SES-PE, os pacientes que tiveram diagnóstico de Candida auris não têm sinais de doença infecciosa, e sim sintomas das doenças ou condições que levaram ao internamento, como uma quadro de doença renal crônica ou sequelas neurológicas por AVC (acidente vascular cerebral).
"A SES-PE continua fortalecendo as medidas de prevenção nos hospitais, por meio da Apevisa. No último mês de maio foi criado um comitê técnico, formado por especialistas, que tem como ação a identificação, a prevenção e o controle de infecções por Candida auris em serviços de saúde de Pernambuco", destaca a pasta.