MARGARETH DALCOLMO: "As histórias das epidemias são, na verdade, a história do homem", diz pesquisadora, em evento com representantes da Saúde
Em encontro, que aconteceu no Real Hospital Português, Margareth Dalcolmo destacou que a história do homem se pauta por cada momento das epidemias
Referência nacional na medicina e na ciência, além de ser dona de uma sólida carreira acadêmica, a pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, foi recebida por representantes da Saúde em Pernambuco nesta quarta-feira (27). Ela veio ao Recife a convite do Lide Saúde, para conversar com líderes do setor no Estado sobre "O ambiente de Saúde no Brasil".
O encontro aconteceu na Biblioteca do Real Hospital Português (RHP), no bairro de Paissandu, área central do Recife.
Na ocasião, Margareth Dalcolmo relembrou o caminho que percorreu nas ondas de covid-19, período em que esclareceu dúvidas e informou a população sobre a pandemia de maneira clara e objetiva.
"Passei a ser uma porta-voz da medicina brasileira e da ciência na pandemia. E muita gente me pergunta como isso começou. Eu fiz parte do grupo de médicos que assessorou o então ministro Mandetta (2020), no mandato dele. Muito despretensiosamente um colega, que tem um blog chamado Pneumoimagem, me pediu para fazer um resumo da covid no dia 13 de março, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) tinha acabado de declarar o status de pandemia. Falei a ele que a tragédia se abatia sobre nós, e a última pandemia foi a gripe espanhola, sobre a qual eu gosto muito de escrever", recordou Margareth.
Colocar no papel a visão da ciência em sua missão humanista é um dos destaques da trajetória da pesquisadora. Em dezembro de 2021, ela lançou, pela editora Bazar do Tempo, o livro Um tempo para não esquecer – A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde.
"Eu gosto muito das histórias das epidemias porque, na verdade, são a história do homem. Se nós formos estudar a história da medicina, a história do homem se pauta por cada momento das epidemias. Eu sempre digo isso aos alunos, para que eles aprendam", disse Margareth.
"Acredito muito nas humanidades na Saúde (área da medicina que busca combinar as ciências da saúde com as ciências humanas e sociais). Acho que não deve ser matéria optativa na formação dos médicos. A área de Humanidades na Saúde deve seguir o modelo da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, que há quase dez anos incorporou no seu currículo. É preciso saber se enternecer diante de uma queixa de um paciente", acrescentou.
O presidente do Lide Saúde Pernambuco, Marcos Miranda Filho, comentou sobre a vinda de Margareth Dalcolmo ao Recife.
"Foi um prazer receber a Dra. Margareth Dalcolmo pelo Lide Saúde Pernambuco, com um clima superleve para falar sobre assuntos extremamente difíceis no panorama atual", frisou Marcos Miranda Filho.
TRAJETÓRIA DE MARGARETH DALCOLMO
Doutora em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Margareth Dalcolmo é pesquisadora sênior da Fiocruz e foi eleita presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o período de 2022 a 2024.
A pneumologista é membro das sociedades brasileiras de Pneumologia e Tisiologia e de Infectologia, da REDE TB de Pesquisa em Tuberculose e do Steering Committee do Grupo RESIST TB da Boston Medical School.
Ela integra o Grupo de Peritos para aprovação de medicamentos essenciais da OMS (Expert Group for Essential Medicines List), reconduzida em mandato até 2026, e faz parte do Regional Advisory Committee do Banco Mundial para projetos de saúde na África Subsaariana em tuberculose e doenças respiratórias ocupacionais. Tem mais de 100 artigos científicos publicados no Brasil e no exterior.