De cansaço a risco aumentado de morrer: psiquiatras alertam para os efeitos perigosos da privação de sono
Assunto foi destaque do primeiro dia do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que chega à 40º edição este ano em Salvador. O evento vai até o sábado (21)
SALVADOR (BA) - O sono é essencial para o bem-estar, para a saúde física e mental das pessoas, pois tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento dos transtornos psiquiátricos. Esse foi um dos temas de destaque do primeiro dia do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que chega à 40º edição este ano em Salvador. O evento vai até o sábado (21).
No fim da tarde desta quarta-feira (18), os participantes do congresso tiveram a oportunidade de assistir ao simpósio do Departamento de Medicina do Sono da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Na ocasião, o psiquiatra Márcio Zanini, de São Paulo, sublinhou o quanto o sono é importante para a qualidade de vida em todas as faixas etárias.
Segundo o médico, que é especialista em medicina do sono, a regulação emocional, o metabolismo, a imunidade e até a resposta a vacinas se beneficiam de um sono adequado.
"Entre as funções do sono, estão a liberação dos hormônios, a regulação do sistema cardiovascular, o funcionamento do sistema reprodutor, a consolidação de memórias e aprendizado, entre outros papéis importantes", destacou Márcio Zanini, cuja aula ressaltou como a especialidade é essencial para fazer o elo entre as funções do sono, os seus distúrbios e o impacto deles na vida das pessoas.
A questão é que o dormir bem tem sido afetado pelo mundo acelerado e conectado do qual fazemos parte. Isso faz com que a população bagunce a rotina e opte por reduzir, atrasar e interromper o próprio sono, em troca de atividade de trabalho ou entretenimento.
A insônia, segundo os médicos, é o transtorno de sono mais comum (estima-se que entre 30% e 50% da população tenham sintomas de insônia), mas a narcolepsia e a apneia do sono também têm se tornado mais frequentes.
Dessa maneira, durante o simpósio do congresso, Márcio Zanini chamou a atenção para fatores relacionados a um sono de baixa qualidade. Fazem parte da lista doenças clínicas, como hipertireoidismo, medicamentos (corticoides, alguns antidepressivos e diuréticos), transtornos ansiosos, distúrbios do humor, excesso de telas à noite e consumo de estimulantes.
"Cerca de 90% dos pacientes com depressão apresentam alguma queixa relacionada ao sono. Também é importante frisar que a insônia é fator de risco para depressão, ideação e tentativas de suicídio", alertou.
Outro ponto de destaque da aula do psiquiatra foi a associação entre insônia e morte. "Um estudo (coorte comunitária) com 1.409 adultos mostrou que os participantes com insônia persistente apresentavam risco aumentado de morrer."
Todos os pontos levantados por Márcio Zanini chama a atenção para a necessidade de as pessoas não negligenciarem hábitos saudáveis que favorece um sono de qualidade. Dormir mal, ter dificuldade para pegar no sono ou passar o dia com a sensação de sonolência ou cansaço são sinais que podem refletir as condições de saúde físicas e psíquicas. Por isso, diante de qualquer problema relacionado ao sono, é fundamental procurar um médico.