SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: Hospital particular em Pernambuco registra caso de Candida auris; total sobe para 14 no Estado em 2023
Só neste ano, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) já analisou 4.222 amostras para vigilância do superfungo Candida auris
Superfungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública, a Candida auris foi detectada em mais um hospital de Pernambuco. Com o novo caso, sobe para 14 o número de pacientes que apresentaram resultado positivo para colonização por Candida auris, em 2023, no Estado.
O caso foi confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
A paciente está internada em um hospital da rede particular de Pernambuco, localizado na Região Metropolitana do Recife.
O superfungo Candida auris preocupa porque é capaz de causar infecção na corrente sanguínea e outras doenças invasivas.
A mulher está isolada para cuidar de doença preexistente ligada à ortopedia. A reportagem do JC questionou a SES-PE em qual hospital a paciente está internada, mas não teve retorno até o momento.
"O serviço da rede particular, com apoio técnico da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), chegou a monitorar outros quatro pacientes que tiveram contato com esse 14º caso confirmado. Todos apresentaram resultados negativos para Candida auris e já receberam alta", diz, em nota, a secretaria.
Do total de 14 confirmações em Pernambuco, sete pacientes receberam alta hospitalar, dois permanecem internados no Hospital do Tricentenário, em Olinda, e um está em unidade particular.
Quatro pacientes foram a óbito. Segundo a SES-PE, eles morreram por complicações decorrentes de patologias que não têm relação com a Candida auris. Ou seja, os óbitos foram decorrentes de complicações das doenças de base apresentadas pelos pacientes colonizados pelo superfungo.
É importante explicar que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea.
Além disso, de acordo com a SES-PE, os pacientes que tiveram diagnóstico de Candida auris não têm sinais de doença infecciosa, e sim sintomas das doenças ou condições que levaram ao internamento, como uma quadro de doença renal crônica ou sequelas neurológicas por AVC (acidente vascular cerebral).
Os surtos de Candida auris deste ano foram já registrados no Hospital Miguel Arraes, em Paulista; no Hospital do Tricentenário, em Olinda; no Real Hospital Português; no Hospital da Restauração; e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (estes três últimos localizados na capital).
Neste ano, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) já analisou 4.222 amostras para vigilância da Candida auris, incluindo casos suspeitos, contactantes dentro do ambiente hospitalar e amostras de um estudo de prevalência.
O levantamento, de acordo com a SES-PE, não demonstrou a circulação do fungo em hospitais da rede estadual.
"A secretaria continua implementando medidas de prevenção e controle nos serviços se saúde hospitalares do Estado e reforça a necessidade de vigilância e monitoramento contínuos em toda rede de atenção à saúde."
O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos.
"É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O médico se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. De acordo com Filipe Prohaska, a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.
Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.
CANDIDA AURIS: ANVISA EM FORÇA-TAREFA PARA CONTROLAR O SUPERFUNGO
Em julho deste ano, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esteve no Recife para realizar uma missão técnica, com o objetivo de acompanhar as ações de controle dos surtos do superfungo Candida auris. Ficou estabelecido que os hospitais, segundo recomendação da agência, deverão manter a vigilância dos pacientes por seis meses para que os surtos sejam considerados encerrados.
Em 2022, Pernambuco já havia registrado pelo menos 43 casos de Candida auris em pacientes de 19 a 82 anos.
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