CANDIDA AURIS

SUPERFUNGO CANDIDA AURIS: Hospital particular em Pernambuco registra caso de Candida auris; total sobe para 14 no Estado em 2023

Só neste ano, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) já analisou 4.222 amostras para vigilância do superfungo Candida auris

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Cinthya Leite

Publicado em 22/11/2023 às 11:48 | Atualizado em 22/11/2023 às 12:11
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Superfungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública, a Candida auris foi detectada em mais um hospital de Pernambuco. Com o novo caso, sobe para 14 o número de pacientes que apresentaram resultado positivo para colonização por Candida auris, em 2023, no Estado. 

O caso foi confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).

A paciente está internada em um hospital da rede particular de Pernambuco, localizado na Região Metropolitana do Recife.

O superfungo Candida auris preocupa porque é capaz de causar infecção na corrente sanguínea e outras doenças invasivas

A mulher está isolada para cuidar de doença preexistente ligada à ortopedia. A reportagem do JC questionou a SES-PE em qual hospital a paciente está internada, mas não teve retorno até o momento. 

"O serviço da rede particular, com apoio técnico da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), chegou a monitorar outros quatro pacientes que tiveram contato com esse 14º caso confirmado. Todos apresentaram resultados negativos para Candida auris e já receberam alta", diz, em nota, a secretaria. 

Do total de 14 confirmações em Pernambuco, sete pacientes receberam alta hospitalar, dois permanecem internados no Hospital do Tricentenário, em Olinda, e um está em unidade particular.

Quatro pacientes foram a óbito. Segundo a SES-PE, eles morreram por complicações decorrentes de patologias que não têm relação com a Candida auris. Ou seja, os óbitos foram decorrentes de complicações das doenças de base apresentadas pelos pacientes colonizados pelo superfungo.

É importante explicar que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea.

Além disso, de acordo com a SES-PE, os pacientes que tiveram diagnóstico de Candida auris não têm sinais de doença infecciosa, e sim sintomas das doenças ou condições que levaram ao internamento, como uma quadro de doença renal crônica ou sequelas neurológicas por AVC (acidente vascular cerebral).

CINTHYA LEITE/JC
"Candida auris é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos", destaca Filipe Prohaska - CINTHYA LEITE/JC

Os surtos de Candida auris deste ano foram já registrados no Hospital Miguel Arraes, em Paulista; no Hospital do Tricentenário, em Olinda; no Real Hospital Português; no Hospital da Restauração; e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (estes três últimos localizados na capital).

Neste ano, o Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) já analisou 4.222 amostras para vigilância da Candida auris, incluindo casos suspeitos, contactantes dentro do ambiente hospitalar e amostras de um estudo de prevalência.

O levantamento, de acordo com a SES-PE, não demonstrou a circulação do fungo em hospitais da rede estadual.

"A secretaria continua implementando medidas de prevenção e controle nos serviços se saúde hospitalares do Estado e reforça a necessidade de vigilância e monitoramento contínuos em toda rede de atenção à saúde."

O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos.

"É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que é consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

O médico se preocupa com o potencial agressivo desse fungo. De acordo com Filipe Prohaska, a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.

Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

CANDIDA AURIS: ANVISA EM FORÇA-TAREFA PARA CONTROLAR O SUPERFUNGO 

Em julho deste ano, uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esteve no Recife para realizar uma missão técnica, com o objetivo de acompanhar as ações de controle dos surtos do superfungo Candida auris. Ficou estabelecido que os hospitais, segundo recomendação da agência, deverão manter a vigilância dos pacientes por seis meses para que os surtos sejam considerados encerrados. 

Em 2022, Pernambuco já havia registrado pelo menos 43 casos de Candida auris em pacientes de 19 a 82 anos.

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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