COVID-19

Quatro anos mais tarde, covid-19 se torna doença comum

Ano de 2023 marcou uma nova etapa na normalização da covid-19

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AFP

Publicado em 19/12/2023 às 15:17
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Longe do horror dos primeiros meses da pandemia, que teve início há quatro anos, a covid-19 se tornou menos perigosa, mas continua sendo um grande problema de saúde pública, com especificidades persistentes em comparação a outras doenças. 

O ano de 2023 marcou uma nova etapa na normalização da covid-19. A tendência já havia acelerado no ano anterior, após os anos 2020-2021 dominados por uma pandemia com efeitos históricos.

Desde maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não considera a covid-19 uma emergência internacional, embora siga afirmando que a pandemia continua.

O período também viu o fim da "covid zero". A China, o último grande país a aplicar essa política excepcional, que visa eliminar a circulação da doença e não apenas limitá-la, suspendeu-a no início do ano.

Por que esta normalização? Em primeiro lugar, porque uma infecção por covid-19 atualmente parece muito menos perigosa do que em 2020, quando numerosos países decretaram confinamentos sem precedentes contra os efeitos mortais do coronavírus, o vírus por trás da pandemia.

É também o resultado da eficácia das vacinas, distribuídas desde 2021, e da imunidade adquirida pelas populações ao longo das sucessivas ondas de infecções virais.

A letalidade, que corresponde ao risco individual de morte após uma infecção, "diminuiu muito em comparação com a era pré-vacina", disse, à AFP, a epidemiologista da Universidade de Genebra Antoine Flahault. "É da ordem de um por mil ou talvez menos", quando o risco era contabilizado em percentagem no início da pandemia, ressalta ele.

Um nível comparável a uma infecção sazonal pelo vírus da gripe, embora seja arriscado determinar precisamente o mais perigoso dos dois. 

A covid-19 se tornou outra doença respiratória, mas continua apresentando importantes problemas de saúde pública, por vezes ligados às suas particularidades.

Diferentemente de outras doenças como a gripe, a covid-19 passa por várias ondas ao longo do ano. Portanto, dificilmente pode ser descrita como uma doença de inverno, mas um surto pode coincidir com esta estação epidêmica clássica.

"A covid-19 é uma das doenças que está progredindo atualmente" em muitos países, alertou no domingo (17) Maria Van Kerkhove, epidemiologista da OMS.

Este auge está, em parte, relacionado a aparição de uma subvariante: JN.1, explicou. Novo declínio do ômicron e versão dominante do vírus há dois anos, não parece particularmente perigosa, mas é muito transmissível.

Em geral, esta é a grande particularidade da covid-19 em comparação a outras infecções como a gripe.

"Em um ano, há entre 5% e 10% de pessoas que contraem gripe", mas muitas mais contraem covid-19, diz Flahault, reforçando que isso aumenta mecanicamente a mortalidade populacional, mesmo que o risco individual seja limitado.

Apesar disso, o número exato de mortes não é claro, uma vez que muitas estão relacionadas à doença, embora não lhe sejam atribuídas.

Os números oficiais da OMS indicam que desde o início da epidemia, há quatro anos, cerca de sete milhões de pessoas morreram de covid-19, mas a própria organização admite que o nível real é provavelmente de cerca de 20 milhões ou mais.

Para além da mortalidade, permanece a questão das consequências duradouras, chamadas de "covid longa", que incluem características como a fadiga, dificuldades respiratórias, entre outras.

A realidade destes sintomas já não é mais uma dúvida, bem como a sua origem fisiológica e não psicológica. No entanto, continua sendo difícil determinar a sua frequência e porque a covid-19 os causam com mais constância do que outras doenças.

As sequelas da gripe, por exemplo, não receberam tanta atenção, destaca Flahault.

De qualquer forma, vários estudos publicados este ano são bastante tranquilizadores ao negar a ideia de uma explosão de casos de covid-19 ao longo do tempo.

Um estudo realizado entre a população sueca, publicado em setembro na revista Infectious Diseases, mostra um "risco menos elevado" de covid longa após uma infecção pela ômicron, em comparação as variantes anteriores.

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