AMBULATÓRIO LBT

VISIBILIDADE TRANS: Ambulatório para pessoas trans do Hospital da Mulher do Recife ultrapassa marca de 1,1 mil pacientes cadastrados

Serviço oferecerá capacitação para atendimento à população LGBTQI+, com o objetivo de reforçar a importância de assistência acolhedora e humanizada

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 24/01/2024 às 16:37 | Atualizado em 24/01/2024 às 16:51
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O ambulatório especializado LBT (lésbicas, bissexuais e transexuais) do Hospital da Mulher do Recife (HMR), no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife, chega a 1.153 pacientes cadastrados desde o início de funcionamento, em 2016. Desse total, 243 tiveram o primeiro atendimento em 2023. 

O médico responsável pelo ambulatório LBT é o ginecologista Cleytoon Dadyd. Para continuar a oferecer assistência integral aos pacientes, o ambulatório promove, nesta quinta-feira (25), das 14h às 15h30, uma capacitação para os funcionários que oferecem atendimento à população LGBTQI+.

O treinamento tem como meta atualizar os trabalhadores sobre direitos, políticas públicas e rede referenciada em saúde, além de reforçar a importância de uma assistência integral.

O evento acontece em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans (29 de janeiro).

20 anos do mês da visibilidade trans no Brasil

Neste ano, o Brasil comemora duas décadas da visibilidade trans. Em 29 de janeiro de 2004, o Ministério da Saúde lançou a campanha Travesti e Respeito, com apoio de líderes do movimento pelos direitos de pessoas trans.

Naquela época, a mobilização tratou, além de infecções sexualmente transmissíveis e aids, de direitos dessas pessoas. A data tornou-se um marco no combate à transfobia no Brasil, além de ser o ponto alto do mês da visibilidade trans.

No Hospital da Mulher do Recife, a capacitação será ministrada pela psicóloga Anita Ducastel e pela assistente social Natália Pereira, ambas do ambulatório LBT.

Haverá também a participação de Oliver, o primeiro paciente trans do serviço. Desde 2018, ele é paciente do Hospital da Mulher do Recife. Em 2019, iniciou o processo de hormonização.

O treinamento acontecerá no auditório Luiz Carlos Santos, no térreo do HMR, e contará ainda com exibição de vídeo e dinâmicas.

ATENDIMENTO

O ambulatório LBT do Hospital da Mulher do Recife oferece atendimento integral para lésbicas, bissexuais e transexuais.

O serviço conta com profissionais médicos, serviço social, psicológo e demais especialidades.

Há também prescrição de hormonioterapia para mulheres e homens trans.

O acesso da população LBT para o HMR segue a marcação do hospital. Ou seja, por meio da regulação do município.

Mas as pacientes podem conhecer o serviço previamente, sem necessidade de marcação, de segunda à sexta-feira, das 7h às 16h. 

Além disso, em 2021, o Centro de Atenção à Pessoa Vítima de Violência – Sony Santos, que fica em um prédio anexo ao HMR, ampliou o público: agora atende e acolhe mulheres cis e trans, além de homens trans de Pernambuco.

É importante ressaltar que especificamente sobre o Centro Sony Santos, o atendimento é por livre demanda e funciona por 24 horas por dia. O público abrange pessoas não só do Recife, mas de todo o Estado também.

Transexualidade não é transtorno mental

Em todo o mundo, a comunidade transgênero adotou a bandeira do orgulho trans, com as cores azul e rosa, para indicar elementos tradicionalmente associados aos gêneros masculino e feminino, enquanto o branco simboliza a inclusão e a aceitação de todas as identidades de gênero.

Transexualidade não é transtorno mental. Em maio de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) removeu da nova versão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11), o chamado “transtorno de identidade de gênero”, definição que considerava como doença mental a situação de pessoas trans.

Foi criado um novo capítulo no documento, dedicado à saúde sexual. A transexualidade foi incluída nessa nova seção da publicação e é chamada "incongruência de gênero".

Ações em Pernambuco

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) promove, na próxima terça-feira (30), uma capacitação direcionada aos profissionais da atenção primária à saúde sobre a temática “Utilização da tecnologia hormonal como garantia de cuidado e acolhimento da pessoa travesti e transexual no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

O evento, em paralelo ao Mês da Visibilidade Trans, acontecerá das 13h às 17h, no auditório do Centro Universitário Estácio do Recife, na Madalena.

As inscrições devem ser realizadas pelo link: https://forms.gle/23Czr4kM8ezvAafV8.

A ideia é ampliar os conhecimentos sobre o assunto e focar no manejo do processo de hormonização, na relevância do cuidado integral e no processo de acolhimento aos pacientes.

O treinamento terá a condução do médico de família e comunidade e do Ambulatório Municipal de Atenção Integral à Saúde da População LGBT Patrícia Gomes, Rodrigo Oliveira, com a participação de outros representantes dos movimentos parceiros.

"É crucial promover a conscientização sobre as necessidades específicas das pessoas transgênero, principalmente na área da saúde. Com esse momento, enfatizamos também a importância de criar ambientes de saúde inclusivos, respeitosos, que atendam às demandas das diversas identidades", diz o coordenador Estadual de Atenção Integral à Saúde da População LGBT, Luiz Valério.

"É um incentivo ao processo de formação para os profissionais da saúde. Além disso, a visibilidade trans na saúde contribui para a quebra de estigmas e preconceitos, a fim de promover um diálogo sobre as questões de saúde mental, hormonal e cirúrgica", acrescenta.

Profissionais de saúde que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) dos municípios pernambucanos e em Unidades Básicas de Saúde Prisional são o público-alvo da capacitação, encabeçada pela Coordenação Estadual de Atenção à Saúde à População LGBT, em parceria com a Diretoria de Assistência Prisional e Articulação, o Movimento para Travestis e Transexuais (Amotrans) e o Movimento Independente de Homens Trans e Transmasculinidades de Pernambuco (Moviht-PE).

O diretor de Assistência Prisional, Bruno Ishigami, reforça que a capacitação contribui para a humanização dos atendimentos à população trans.

"A gente entende que a população trans de forma geral é vítima de muitos preconceitos, e a qualificação dos profissionais de saúde é uma forma de garantir acesso ao sistema de saúde de maneira mais humanizada. A ação é mais um olhar para a garantia de direitos, pois temos uma população trans considerável dentro e fora do sistema prisional", ressalta. 

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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