CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL

Saúde mental ganha força no futebol, e seleção brasileira volta a ter psicóloga após hiato de 10 anos

A seleção brasileira não tinha psicólogo desde 2014, em meio à pressão crescente devido a um jejum de mais de duas décadas sem conquistar o título mundial

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Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 20/03/2024 às 11:21 | Atualizado em 20/03/2024 às 11:27
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O cuidado com a saúde mental dos atletas ganha cada vez mais espaço nos últimos anos. Em meio a cobranças, exposição e pressão, eles precisam contar com acompanhamento psicológico. E isso não é diferente no futebol brasileiro. 

O preparo físico e técnico não deve ser desassociado do suporte emocional. Atletas e treinadores precisam estar fortalecidos mentalmente e com o bem-estar preservado para conseguirem desempenhar bem as funções, ter um bom resultado nas competições e manter um ambiente esportivo saudável.

Ao reconhecer essa necessidade, após passar dez anos sem psicólogo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou, nesta quarta-feira (20), a psicóloga Marisa Santiago como nova integrante da comissão técnica da seleção brasileira.

A chegada de Marisa faz parte da reestruturação promovida pela CBF após a contratação de Dorival Júnior como técnico. 

"A ideia da psicologia do esporte tem duas linhas mestras: uma com desempenho, resultado e performance, e a outra é a parte da saúde mental", disse Marisa, em entrevista à CBF TV sobre as expectativas do trabalho focado na saúde mental dos jogadores que vão lutar pelo hexa.

Mestre em Psicologia do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marisa Santiago começou no vôlei do Minas Tênis, trabalhou no Atlético-MG e atualmente atua no Bahia. Ela é especializada em terapia cognitiva comportamental e também trabalha como professora universitária.

"Trabalho como coesão de grupo, como liderança, em como lidar com a ansiedade, com a pressão, em controle dos pensamentos e várias questões que eles podem ter algumas dificuldades. A psicologia do esporte vai exatamente trabalhar nesses pontos para ajudá-los a dar o melhor desempenho técnico e tático", acrescentou.

Na última segunda-feira (18), Marisa teve o primeiro contato com os convocados por Dorival Júnior. No sábado (23), a seleção enfrentará a Inglaterra, em Wembley. Será a primeira partida da seleção sob o comando do novo treinador. Três dias depois, o time jogará contra a Espanha, em Madri.

"Fora toda essa parte do desempenho, não esqueço a saúde mental, que é muito importante para a gente trabalhar, fazendo um acolhimento a esses atletas", ressaltou a psicóloga.

"Estou muito feliz de estar aqui. É um grande marco, não só para mim, mas principalmente para a psicologia do esporte", salientou Marisa. 

A chegada da psicóloga foi comemorada pelo atacante Richarlison. Em entrevista coletiva em Londres, ele afirmou que a terapia salvou a sua vida depois de uma crise que sofreu, em 2023, devido a críticas relativas ao seu desempenho e a problemas pessoais.

"Salvou minha vida de uma hora para a outra. Estava no fundo do poço mesmo, sabe? É importante a seleção ter um psicólogo para ajudar os atletas. Só a gente sabe a pressão que sofre, não só dentro, mas também fora de campo", disse o atacante do Tottenham.

Segundo noticiado pela AFP, a seleção brasileira não tem um psicólogo desde 2014, frente à pressão crescente devido a um jejum de mais de duas décadas sem conquistar o título mundial e a um 2023 decepcionante.

O último técnico a contar com um especialista na área foi Luiz Felipe Scolari, que integrou a especialista Regina Brandão ao seu grupo de trabalho visando à Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Mas ambos deixaram suas funções após a eliminação histórica diante da Alemanha (7x1) nas semifinais.

O cuidado com a saúde mental dos atletas ganhou espaço nos últimos anos, principalmente depois que grandes nomes do esporte, como a ginasta norte-americana Simone Biles, a tenista japonesa Naomi Osaka e o ciclista holandês Tom Dumoulin, chamaram atenção para o assunto.

“A matéria apresentada neste portal tem caráter informativo e não deve ser considerada como aconselhamento médico. Para obter informações fornecidas sobre qualquer condição médica, tratamento ou preocupação de saúde, é essencial consultar um médico especializado.”

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