Pernambuco sem casos de sarampo: marco nacional rumo à eliminação da doença
Com últimos casos registrados em 2020, o Estado reforça progresso do Brasil para recuperar título de 'país livre de sarampo', após desafios em 2018
Pernambuco está desde 2021 sem registrar caso de sarampo. Esse período sem ocorrências no Estado reforça o marco alcançado em todo o Brasil na última semana, quando o País completou dois anos sem casos autóctones de sarampo - ou seja, sem transmissão em território nacional. Isso marca um importante passo na luta contra essa doença altamente infecciosa.
Esse período sem registros locais do vírus coloca o Brasil mais próximo de recuperar sua certificação como 'país livre de sarampo', título conquistado em 2016 e temporariamente perdido em 2018, devido a fatores como o intenso fluxo migratório de países vizinhos e a queda nas taxas de vacinação em diversas regiões. Em 2022, o País reportou 41 casos de sarampo, uma queda significativa em relação aos 20.901 registros em 2019.
No início de maio, o Brasil recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas e do Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O objetivo foi dar continuidade ao processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo e com sustentabilidade da eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC).
Ainda neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aumento de casos da doença na Europa como "alarmante". Foram mais de 58 mil infecções pelo vírus em 41 países ao longo de 2023 - um aumento em relação aos últimos três anos.
"Para que o Brasil possa continuar sem casos, é fundamental alcançar coberturas vacinais de, no mínimo, 95% de forma homogênea, visando a proteção da nossa população diante da possibilidade de ocorrência de casos importados do vírus e reduzindo assim o risco de introdução da doença. Além do que, garante a segurança até mesmo das pessoas que não podem se vacinar", explica o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.
Ele destaca ainda a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento que, em 2023, repassou R$ 151 milhões para Estados e municípios. O método, que é recomendado pela OMS, consiste em diversas atividades com foco na realidade local e em fortalecer e ampliar o acesso da população à vacinação, durante todo o ano.
No caso do sarampo, o Brasil é um dos poucos países do mundo que não enfrentam uma nova epidemia atualmente. "É por isso que retomar as altas coberturas vacinais é tão importante. Queremos manter nossas crianças e jovens seguros sem as sequelas dessa grave infecção, como ocorre em países da Europa e Estados Unidos”, reforça a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Vacina tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola
A tríplice viral é uma das vacinas ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação, cujo esquema vacinal corresponde a duas doses para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade, e uma dose para adultos de 30 a 59 anos.
Esse imunizante protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola – três doenças altamente infecciosas que podem causar sequelas graves e foram responsáveis por epidemias no passado.
A cobertura da primeira dose dessa vacina aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023. Mas a taxa ainda está abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A meta é de 95% para a tríplice viral.
Os dados de 2023 ainda são preliminares e podem subir, já que alguns Estados têm bases próprias, e as atualizações podem demorar a chegar à rede nacional.
Caso importado de sarampo no Rio Grande do Sul
Em janeiro deste ano, o Brasil confirmou um caso importado de sarampo registrado no Rio Grande do Sul.
Trata-se de uma criança de três anos, sem histórico de vacinação contra o sarampo, que residia no Paquistão (país endêmico para a doença) e se mudou para o Brasil em 26 de dezembro de 2023.
Passados mais de 90 dias desde o início dos sintomas, não foram identificados casos secundários.
Durante esse período, o monitoramento no Estado foi reforçado, e todas as ações necessárias foram realizadas pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias de saúde, incluindo busca ativa de casos e vacinação da população local, incluindo familiares, vizinhos e profissionais de saúde.
"A retomada das altas coberturas vacinais protege a população brasileira, inclusive em cenários como esse, uma vez que impede a transmissão interna do vírus no país mesmo com o registro de casos importados", reforça o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.
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