Vírus oropouche é detectado em bebê com microcefalia que morreu após 47 dias de vida, diz ministério

Mãe havia apresentado erupções na pele e febre no 2º mês de gravidez, e exames no pós-parto deram resultado positivo para o vírus oropouche

Publicado em 08/08/2024 às 18:44 | Atualizado em 08/08/2024 às 18:49

O Ministério da Saúde registrou, nesta quinta-feira (8), o caso de um bebê nascido no Acre com anomalias congênitas associadas à transmissão vertical (de mãe para filho) de oropouche.

O bebê veio a óbito na última semana, após 47 dias de vida.

A mãe, de 33 anos, havia apresentado rash cutâneo (erupções) e febre no segundo mês de gravidez, e os exames laboratoriais no pós-parto deram resultado positivo para o vírus oropouche.

Exames realizados nos laboratórios do Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém (PA), apontaram ainda a existência de material genético do vírus em diferentes tecidos do bebê que nasceu com microcefalia, malformação das articulações e outras anomalias congênitas.

A análise também descartou outras hipóteses diagnósticas.

No entanto, segundo o Ministério da Saúde, a correlação direta da contaminação vertical de oropouche com as anomalias ainda precisa de uma investigação mais aprofundada, que vem sendo acompanhada pela pasta e Secretaria do Estado de Saúde do Acre.

O ministério informa que, entre as ações da Sala Nacional de Arboviroses, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem se reunido com especialistas de sociedades científicas e gestores das áreas de vigilância e assistência à saúde para ouvir as análises sobre a doença.

"Pelo ineditismo dos recentes registros de casos de transmissão vertical de Oropouche, o Ministério da Saúde promoverá seminário científico nacional sobre o tema na próxima semana. No início do mês, foi realizado um evento conjuntamente com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco."

Uma nota técnica atualizada será enviada aos Estados e municípios com orientações para a metodologia de análise laboratorial, vigilância e a assistência em saúde sobre as condutas recomendadas para gestantes e recém-nascidos com sintomas compatíveis com oropouche.

Orientações para prevenção e assistência

Na nota técnica do Ministério da Saúde, haverá recomendação de medidas de proteção para evitar ou reduzir a exposição às picadas dos insetos, seja por meio de recursos de proteção individual com uso de roupas compridas, de sapatos fechados e de repelentes nas partes do corpo expostas, sobretudo nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde.

Também haverá o reforço de medidas de proteção coletiva, como limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo, uso de telas de malha fina em portas e janelas.

Em caso de sinais e sintomas compatíveis com arboviroses, como febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular, dor articular, tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos, procure atendimento em uma Unidade de Saúde, e informe ao profissional de saúde responsável pelo acompanhamento pré-natal.

Oropouche é uma doença transmitida pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Devido a sua predileção por materiais orgânicos, é recomendado que a população mantenha quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas e lixo orgânico doméstico, além do uso de roupas compridas e sapatos fechados em locais com muitos insetos.

Casos de Oropouche no Brasil

Foram registrados 7.497 casos de Oropouche, em 23 estados brasileiros em 2024, segundo dados até o dia 6 de agosto. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e em Rondônia. Até o momento, um óbito em Santa Catarina está em investigação.

Na semana passada, foram confirmados os primeiros dois óbitos pela doença no País. Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave.

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