Vacinação de adultos: a importância de manter a imunização em dia
Infectologista ressalta causas e perigos da baixa cobertura vacinal entre o público adulto no Brasil
Até os 10 anos de idade, brasileiros devem tomar cerca de 20 imunizantes do Calendário Básico de Vacinação da Criança, incluindo os reforços. Contudo, na vida adulta a adesão das vacinas tende a cair, mesmo que a quantidade de imunizantes recomendados seja menor que na infância.
Parte da queda de adesão ocorreu no período da pandemia da covid-19. “A pandemia impactou muito na adesão às vacinas, principalmente por medo, por informações ainda não consistentes, fake news, e pela rapidez com que essas vacinas se tornaram acessíveis na grande maioria dos países, e para as pessoas”, explica Sylvia Lemos Hinrichsen, médica infectologista, professora Titular, mestre e doutora em Medicina Tropical pela UFPE e infectologista do CERPE-DASA.
A desinformação e movimentos antivacina existentes em vários países do mundo, inclusive no Brasil, também dificultaram a cobertura vacinal. “Devido às fake news, algumas comunidades que são contra qualquer imunobiológico ou medicamento, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. Vários são os movimentos antivacina, que nos últimos 10 anos ganharam destaque, disseminando muitas desinformações em torno das vacinas”, detalha a especialista.
Até a última quarta-feira (4), dados do Vacinômetro da Covid-19 do Ministério da Saúde mostram que foram aplicadas 185,312 milhões unidades da primeira dose do imunizante, 167,855 milhões da segunda dose e 104,783 milhões de doses de reforço. As doses únicas aplicadas ultrapassaram 6,84 milhões.
A queda na adesão das doses no decorrer do esquema é reflexo não apenas por esses fatores, mas também pela falta de comprometimento com a cobertura vacinal. “As pessoas, por conta de uma série de situações, estão desmotivadas para se vacinarem e isso agrava principalmente o contexto de doenças básicas, que a gente precisa ter um número de vacinados dentro de metas estabelecidas pelas instituições de saúde locais, estaduais, nacionais e mundiais”, pontua Sylvia.
Quais vacinas os adultos devem tomar?
A infectologista destaca as vacinas que devem ser tomadas pelos adultos: “É muito importante estar atento a vacinas consagradas, como as de tétano, coqueluche, difteria, caxumba, rubéola e sarampo. Elas existem há muitos anos e fazem com que essas doenças estejam erradicadas em muitos países”. Outras vacinas recomendadas pelo Ministério da Saúde são a de hepatite B e de febre amarela.
A cobertura vacinal de difteria, tétano e pertussis para adultos (dTpa), por exemplo, tinha como meta chegar a 95% e ainda está em 62,71%. Os dados foram consultados na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), do Ministério da Saúde, em 4 de setembro.
A doutora também ressaltou os imunizantes mais recentes. “Nos últimos anos também se observou novas vacinas, como a da HPV, muito importante para pessoas até 45 anos, pois é uma das grandes prevenções para o câncer de colo de útero. Vale lembrar que essa vacina deve ser tomada a partir de 9 anos de idade e que tem muita resistência de muitas famílias, porque acham que não deve-se falar sobre doenças sexualmente transmissíveis nessa idade. Quando a gente sabe que muitas dessas crianças estão tendo acesso através da internet ou mesmo com coleguinhas.”
Também é importante se vacinar contra hepatite A, dengue, Herpes Zoster Varicela (HZV) e Vírus Sincicial Respiratório, novas vacinas recomendadas principalmente para adultos maiores que 60 anos.
Saúde pública
“O Brasil sempre foi um dos países que mais tinha capilaridade para vacinação, mas nos últimos anos, principalmente após a covid, perdeu essa capilaridade”, afirma Sylvia. Uma das medidas do governo federal para reverter o quadro foi lançar a campanha Movimento Nacional pela Vacinação, com o objetivo de retomar a confiança da população na ciência, no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas vacinas.
“É importante tanto a faixa infantil, adolescente e adulto, como também os idosos, estarem vacinados. Essas vacinas protegem de doenças que são transmitidas entre as pessoas que convivem na mesma casa e em outros ambientes. Então, crianças e adultos vacinados protegem pessoas com quem convivem, principalmente idosos”, explica a infectologista.
E ressalta o cuidado com pessoas mais vulneráveis: “Os idosos, principalmente acima de 80 anos, assim como crianças, têm uma vulnerabilidade maior. Mas também precisam de cuidado redobrado os adultos que tiverem comorbidades. Por serem diabéticos, hipertensos, estarem com HIV, fazerem uso de imunossupressores, corticóides de longa duração, terem doenças hematológicas, porque foram submetidos a transplantes ou enfrentam um quadro oncológico”, elenca a especialista.
A doutora também reforça o papel da comunicação para ampliar a adesão das vacinas: “A comunicação é importantíssima para que se possa ter uma revisão dos conceitos individuais para uma adesão das vacinas. Ela deve ter principalmente uma consistência científica de modo que possa transmitir tranquilidade às pessoas, para que as pessoas possam realmente se sentir confortáveis e seguras de se vacinar.”
Cerpe
Com unidades distribuídas pela Região Metropolitana do Recife, o Cerpe, da DASA, oferta serviços de vacinação e exames. Os atendimentos têm horários abrangentes para otimizar a agenda dos clientes.
Entre as vacinas disponíveis para o público adulto, estão a da HPV nonavalente, a da dTpa, a da gripe, a do Herpes Zoster Varicela e a do Vírus Sincicial. Além disso, a vacinação pode ser realizada através do atendimento móvel: o paciente é atendido em casa, no trabalho ou onde estiver e não paga nada.
Um dos destaques da marca é o Cerpe Prime, rede focada no atendimento especial, que conta com espaços diferenciados, desjejum especial, atenção individualizada e área kids.