Vacina da gotinha: entenda por que a vacina oral contra poliomielite será substituída no Brasil

A partir de novembro, a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) substituirá a versão oral (VOP). Especialista explica as razões e os benefícios

Publicado em 24/09/2024 às 15:48 | Atualizado em 04/11/2024 às 20:06

A vacina oral contra a poliomielite, conhecida popularmente como "gotinha", deixará de ser aplicada no Brasil até o fim de novembro, sendo substituída pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que é administrada via injeção.

A mudança, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), visa fortalecer o controle da doença e garantir uma imunização mais eficaz e segura para todas as crianças.

Lucas Caheté, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, esclarece os motivos dessa alteração e o impacto positivo esperado.

Mudança na imunização contra a Poliomielite

A partir de novembro de 2024, o Brasil passará por uma importante mudança no seu programa de imunização contra a poliomielite.

A tradicional vacina oral poliomielite (VOP), conhecida pela famosa "gotinha", será substituída pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), administrada via injeção.

Essa substituição faz parte de uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de fortalecer ainda mais a erradicação da doença no país, que não registra casos desde 1989.

De acordo com Lucas Caheté, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, a troca é uma decisão fundamentada em evidências científicas e questões de praticidade “É uma questão de logística, pela manutenção da qualidade das doses da vacina” explica.

Por que a vacina oral será substituída?

A substituição da VOP pela VIP foi planejada com base em diversos fatores, sendo o principal deles a universalidade da vacina injetável.

Segundo Caheté, nem todas as crianças podem receber a vacina oral, especialmente aquelas com algum tipo de imunodeficiência ou condição imunológica que contraindica o uso da gotinha. 

O diretor explica a importância da substituição ao dizer que ela é feita com um vírus biacumulado, apontando que "nem todas as crianças podem receber a gotinha, a maioria recebe, mas nem todas. Tem crianças que tem algum problema imunológico, algum estado de imunodeficiência, que não podem receber essa vacina”.

 O Ministério da Saúde já orientou os estados a recolherem as doses da VOP até o final de outubro de 2024, quando se iniciará o novo esquema de vacinação.

Novo esquema de vacinação

Com a nova orientação, a vacina injetável VIP será administrada em um esquema dividido em quatro doses:

  1. Dois meses de idade;
  2. Quatro meses;
  3. Seis meses;
  4. 15 meses.

Essa mudança faz parte de uma estratégia global para erradicar a poliomielite, deixando a vacina oral apenas para casos se surtos específicos.

Impacto nas campanhas de vacinação

O Brasil está há mais de 30 anos sem registrar casos de poliomielite, mas as campanhas de vacinação continuam sendo cruciais para manter essa conquista.

Embora a vacina injetável seja a nova recomendação, a imagem do Zé Gotinha, símbolo histórico das campanhas de vacinação no Brasil, continuará presente.

"A imagem do Zé gotinha é muito carinhosa, acredito que a imagem do Zé gotinha não vai ser comprometida, não. Acho que vai conseguir distrair a criança e garantir a imunização", comenta Caheté.

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