Cigarros eletrônicos: uma ameaça silenciosa à saúde bucal

Os vapes trazem inúmeros riscos, incluindo impactos graves para a saúde bucal, como ressecamento, perda de paladar, cáries e doenças gengivais

Publicado em 10/10/2024 às 13:47

O uso de cigarros eletrônicos tem crescido rapidamente no Brasil, especialmente entre os jovens. Dados do Ipec divulgados em janeiro apontaram aumento no consumo em 600% nos últimos seis anos no país, passando de 500 mil para 2,9 milhões de usuários.

A ideia de que o vape é uma alternativa “mais segura” ao cigarro tradicional mascara os inúmeros riscos à saúde, incluindo impactos graves para a saúde bucal. Segundo a dentista Fernanda Mourato, o uso frequente dos vapes pode causar danos sérios à boca e aos dentes.

“Os vaporizadores ressecam a boca, diminuindo o fluxo salivar, o que aumenta a chance de cáries e doenças gengivais. Sem a proteção adequada da saliva, o esmalte dentário também fica mais suscetível à erosão, além de haver maior acúmulo de placa bacteriana”, explica.

Com o aumento do consumo, a regulamentação da produção e comercialização dos vapes no Brasil entrou em pauta no Senado com o Projeto de Lei (PL) nº 5.008/2023, de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).

A proposta busca disciplinar a venda desses dispositivos. Mas, enquanto o Legislativo discute o futuro do vape no país, especialistas em saúde alertam para os perigos que ele representa.

O cigarro eletrônico contém substâncias químicas, como nicotina, aromatizantes e metais pesados. Essas substâncias, ao serem aquecidas e inaladas, não apenas afetam os pulmões, mas também causam danos irreversíveis à cavidade bucal.

“A nicotina, presente em muitos líquidos de vape, é um dos maiores vilões. Ela também pode de forma indireta, contribuir para o bruxismo, que é o hábito de ranger os dentes, levando ao desgaste do esmalte e até fraturas dentárias”, comenta Fernanda Mourato.

Língua de vape

E os danos podem ir além. “Os componentes químicos podem levar ao surgimento de condições como a ‘língua de vape’, em que o paciente perde temporariamente a sensibilidade gustativa, e também ao desenvolvimento de câncer bucal, especialmente em usuários de longa data”, alerta a dentista.

Enquanto o debate sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos continua no Congresso, é fundamental que a população seja informada sobre os riscos do uso desses dispositivos.

“Enquanto o cigarro tradicional afeta diretamente as vias respiratórias e os dentes de forma mais imediata, os vapes podem ter um impacto prolongado e silencioso, atingindo desde o esmalte dentário até o risco de câncer bucal”, adverte Fernanda.

O aumento da popularidade dos vapes entre jovens e adolescentes preocupa, inclusive pelos efeitos a longo prazo.

“Esses dispositivos estão se tornando mais acessíveis e atraentes, especialmente para os jovens. Sem regulamentação adequada, o consumo cresce descontroladamente. Os efeitos na saúde bucal podem ser devastadores a longo prazo, especialmente em quem começa a usar o vape cedo”, conclui Fernanda Mourato.

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