"Ozempic dos ricos": Receita Federal faz apreensão de canetas de Mounjaro no Recife
No Aeroporto do Recife, mercadoria avaliada em cerca de R$ 150 mil foi retida em grande quantidade, o que caracteriza intenção de revenda do produto
A Receita Federal apreendeu, no Aeroporto do Recife, nesta quarta-feira (23), uma grande quantidade de canetas aplicadoras da medicação Mounjaro - nome comercial da substância tirzepatida, aprovada no Brasil, em setembro de 2023, para o tratamento de adultos com diabetes tipo 2. A medicação, no entanto, ainda não é comercializada no Brasil.
Também nesta quarta-feira, sociedades médicas divulgaram nota para alertar sobre a falsificação de medicamentos com semaglutida (Ozempic) e tirzepatida (Mounjaro).
Vale frisar que Mounjaro (tirzepatida) não é aprovado para o tratamento da obesidade no Brasil, mas é amplamente utilizado de forma off-label (prescrição para fins diferentes dos descritos na bula) para perda de peso.
O volume retido no Recife estava com um passageiro vindo de um voo que partiu de Lisboa (Portugal). A mercadoria foi apreendida pela equipe de fiscalização da Receita Federal porque estava em grande quantidade (o que caracteriza a intenção do passageiro em revender o produto), e está avaliada em aproximadamente R$ 150 mil.
Fabricado pela farmacêutica Eli Lilly, Mounjaro vem sendo apelidado de "Ozempic dos ricos", devido ao preço elevado (pode custar até R$ 3.782,17/unidade).
FALSIFICAÇÃO
Como um alerta para a população, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) emitiram uma nota de alerta à população. O comunicado destaca os riscos à saúde associados ao uso de medicamentos falsificados e orienta os pacientes a terem cuidado redobrado ao adquirir esses produtos.
A nota ressalta que, no Brasil, a semaglutida é comercializada nas seguintes apresentações: Ozempic (canetas subcutâneas de 0,5 mg e 1,0 mg), Wegovy (canetas subcutâneas de 0,25 mg, 0,5 mg, 1,0 mg, 1,7 mg e 2,4 mg) e Rybelsus (comprimidos orais de 3,0 mg, 7,0 mg e 14 mg).
Já a tirzepatida, substância vendida mundialmente sob a marca Mounjaro, ainda não é comercializada no País, mas todas as apresentações disponíveis no exterior são para uso subcutâneo e incluem canetas descartáveis de doses entre 2,5 mg e 15 mg.
A SBEM alerta que medicamentos falsificados podem conter substâncias perigosas e sem controle de qualidade. Isso pode provocar graves efeitos adversos e ineficácia terapêutica.
"Em se tratando de doenças crônicas como o diabetes, o uso de produtos falsificados pode colocar em risco a vida dos pacientes, comprometendo o tratamento adequado", diz as sociedades médicas.
Dessa maneira, a SBEM, a Abeso e a SBD reforçam a importância de adquirir medicamentos apenas em farmácias físicas de confiança ou plataformas online autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Pacientes devem sempre verificar a embalagem e a origem dos produtos", destaca o presidente da SBEM, Paulo Miranda.
As entidades recomendam que qualquer suspeita de falsificação seja denunciada imediatamente às autoridades sanitárias.