Cada R$ 1 investido em saúde pública gera R$ 1,61 no PIB, revela estudo sobre impacto do gasto social na economia
Outro resultado do levantamento mostra que, para cada R$ 1 investido em saúde pública, há um retorno de R$ 1,23 em renda adicional para as famílias
SÃO PAULO - Não há mais dúvidas de que aumentar o financiamento em saúde é primordial para as nações alcançarem uma cobertura universal e um desenvolvimento sustentável. O desafio é fazer a gestão pública colocar essa teoria em prática, em meio a um cenário em que os gastos com saúde continuam inadequados para atender a crescentes necessidades. Diante disso, vem uma grave consequência: no Brasil, as famílias são levadas à pobreza devido ao fardo financeiro de pagar pelos serviços de saúde.
Essa foi uma das principais mensagens compartilhadas durante evento em que foi apresentado, nesta quinta-feira (5), em São Paulo, um estudo que mostra como investir em saúde pode refletir na melhoria da renda e da economia do Brasil. O debate foi mediado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
O trabalho, desenvolvido pela consultoria HTopics, com o apoio da Roche Farma Brasil, revelou que cada R$ 1 adicional investido em saúde pública gera um retorno de R$1,61 no Produto Interno Bruto (PIB) do País. Assim, o efeito multiplicador do investimento é uma evidência concreta de como o setor de saúde é estratégico para o crescimento econômico sustentável.
Outro resultado do levantamento mostra que, para cada R$ 1 investido em saúde pública, há um retorno de R$ 1,23 em renda adicional para as famílias. Isso ocorre por fatores como redução de despesas diretas com saúde, aumento do PIB e recuperação da capacidade produtiva de trabalhadores.
Além disso, essa realidade tende a ser mais expressiva para famílias em maior vulnerabilidade social: famílias que ganham até R$ 1,2 mil/mês utilizam cerca de 82% dos recursos aplicados em saúde no sistema público.
Medicamentos e cuidados ambulatoriais são os principais impulsionadores dos gastos diretos, o que faz despontar lacunas críticas de cobertura nos sistemas de atenção primária à saúde no Brasil.
"Mais de 800 milhões de pessoas gastam mais de 10% de sua renda em assistência médica. E 100 milhões de pessoas são empurradas para a pobreza, a cada ano, devido aos gastos em assistência médica", disse o pesquisador em economia da saúde Everton Macêdo, coordenador técnico convidado do estudo e doutor em ciências da saúde.
Os achados do levantamento nos fazem inferir que aumentar os gastos com saúde pública, priorizar a atenção básica e adotar estratégias abrangentes de financiamento são essenciais para alcançar a cobertura universal de saúde e equidade social do País.
Assim, o estudo convoca os gestores públicos e tomadores de decisão a considerarem o gasto em saúde como um investimento estratégico.
Cada brasileiro, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), custa US$ 466 por ano ao governo (equivale a 47% do total gasto pelo cidadão com saúde a cada ano). Por essa conta, percebemos que mais da metade vem do bolso do próprio contribuinte.
O orçamento precisa estar em sintonia com as demandas de saúde da população, especialmente num momento em que acompanhamos um processo de envelhecimento e o aumento de doenças crônicas. Se o investimento não crescer, o sistema continuará a enfrentar problemas como precarização e sobrecarga.
*A jornalista acompanhou o evento a convite da Roche