Pesquisa da Fiocruz Pernambuco busca respostas genéticas para casos de zika congênita e microcefalia
Estudo busca alcançar 600 pacientes, sendo 300 mães e 300 crianças, e destaca-se como um dos primeiros e mais abrangentes da região.
A Fiocruz Pernambuco desenvolve um estudo clínico focado na identificação de marcadores genéticos associados à síndrome congênita do zika vírus, que tem como manifestação mais conhecida a microcefalia. Mas a condição também se caracteriza por problemas de deglutição, de audição e de visão, como ainda por sintomas articulares, entre outros sinais.
A pesquisa envolve uma análise genética de mães e filhos, com destaque para casos de gêmeos não idênticos, nos quais um irmão desenvolveu a doença grave e o outro saudável, mesmo ambos sendo expostos ao mesmo vírus.
Isso sugere que fatores genéticos podem influenciar a resistência ou a suscetibilidade à doença, o que é essencial para um melhor entendimento da zika congênita.
O coordenador do estudo Bartolomeu Acioli, que é e pesquisador do departamento de Virologia e Terapia Experimental (Lavite) da Fiocruz Pernambuco, explica que esse estudo busca identificar esses marcadores por meio do sequenciamento genômico total. Trata-se de uma técnica avançada de análise genética.
Segundo Bartolomeu, a descoberta desses marcadores poderá fornecer informações essenciais para prevenir a resistência ou a vulnerabilidade à doença, além de abrir portas para o desenvolvimento de novas intervenções terapêuticas e medicamentos.
Como parte da pesquisa, uma instituição, em parceria com médicos especialistas, realizou atendimentos clínicos e ambulatoriais específicos para o acompanhamento de famílias afetadas pela zika congênita no fim do mês de novembro.
O objetivo foi atualizar as famílias sobre a situação da síndrome congênita do zika, oferecer cuidados médicos especializados e reforçar o compromisso ético e clínico com os pacientes.
Durante o atendimento, profissionais de diversas áreas (neuropediatria, pneumologia pediátrica e infectologia pediátrica) avaliaram as diferentes condições clínicas das crianças.
Ao todo, trinta consultas foram realizadas, a fim de proporcionar um cuidado integral e especializado aos pacientes.
"O projeto contribui para o avanço científico e traz benefícios às famílias participantes, que recebem atendimento especializado e colaboram na coleta de material para a pesquisa. Dessa forma, cria-se uma relação de benefício mútuo", diz Bartolomeu.
"O estudo é inserido em um contexto mais amplo, no qual a genômica é aplicada não apenas a doenças genéticas, mas também a condições não genéticas, como a zika congênita. Isso demonstra a importância da genética no entendimento e manejo de diversas doenças", explica o pesquisador.
O estudo busca alcançar 600 pacientes, sendo 300 mães e 300 crianças, e destaca-se como um dos primeiros e mais abrangentes da região.
Ao integrar a Rede Genômica do Sistema Único de Saúde (SUS), a pesquisa busca fornecer tratamentos personalizados, melhor diagnóstico de doenças e, principalmente, aumentar a equidade no acesso à saúde, com base nas características genéticas da população.