Retrospectiva 2024 na Saúde: relembre os principais acontecimentos que marcaram o ano
Nacionamente, foi o ano em que continuaram a prevalecer crises na saúde pública, expansão da dengue e falta de imunizantes. Mas também houve avanços
Falta pouco para o ano de 2024 acabar. Na Saúde, vários acontecimentos movimentaram o setor, com destaque para a revolução da inteligência artificial, que tem trazido novas possibilidades no segmento, fortalecido o trabalho dos profissionais e oferecido melhor qualidade de vida aos pacientes.
Nacionamente, 2024 foi o ano em que continuaram a prevalecer crises políticas na saúde pública, expansão da dengue, escândalos com transplantes e falta de imunizantes.
Ainda assim, o ano foi de retomada do crescimento das taxas de coberturas vacinais, especialmente no primeiro ano de vida. De 2023 a 2024, o Ministério da Saúde ampliou a cobertura vacinal da população. Dos 16 imunizantes do calendário (vacinas de rotina), houve aumento na cobertura em 13 vacinas.
Não podemos deixar de destacar outras conquistas, como mutirões para realização de cirurgias e demais procedimentos.
Também houve cumprimento de uma das metas da Organização das Nações Unidas (ONU): diagnóstico de 96% das pessoas estimadas de serem infectadas por HIV e não sabiam da condição sorológica.
Acompanhe abaixo o balanço que preparamos com outros destaques do ano na Saúde.
Maré vermelha
Foram notificados casos de intoxicação de pessoas que frequentaram, em janeiro, praias localizadas no município de Tamandaré, no Litoral Sul de Pernambuco. Mais de 330 pessoas apresentaram sintomas associados à maré vermelha - fenômeno caracterizado pelo excesso de algumas espécies de algas no mar que soltam toxinas.
As pessoas que procuraram as unidades de saúde com manifestações associadas à maré vermelha relataram cefaleia (dor de cabeça), mal-estar, dor no corpo, náusea, dor abdominal, vômitos, irritação nos olhos, na garganta e nas narinas, assim como manifestações na pele, com contato direto ou indireto com o mar.
O fenômeno também chegou a ser observado na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Agentes ambientais confirmam a ocorrência da maré vermelha entre os dias 26 e 30 de janeiro, com base na identificação das manchas de floração associadas aos relatos oficiais dos sintomas apresentados pela população. Em fevereiro, não havia mais indícios de manchas.
Dengue
O ano começou com preocupação do Ministério da Saúde em relação à dengue. Foi anunciado o lançamento de um Centro de Operações de Emergência para controle da epidemia de dengue no Brasil. Mas os esforços não foram o suficiente para deter a expansão da doença, que a causar mortes.
Neste ano, o Brasil já registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis da arbovirose, segundo o Ministério da Saúde. É o maior número da série histórica e representa quase 300% de aumento em relação ao ano passado. Na mesma comparação, as mortes confirmadas também bateram recorde, com quase 400% de crescimento, chegando a 5.881.
A incidência da dengue no Brasil é de 3.244 casos para cada 100 mil habitantes - quatro vezes maior do que em 2023.
O Distrito Federal aparece em primeiro lugar com 9.876 para cada 100 mil habitantes, seguido por Minas, Paraná e São Paulo.
Em janeiro, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar vacina contra a dengue (da farmacêutica Takeda) no sistema público de saúde. A cobertura, contudo, permanece baixa, especialmente da segunda dose.
Já neste mês de dezembro, o Instituto Butantan, concluiu o pedido de registro à Anvisa de sua candidata à vacina contra a dengue, a Butantan-DV.
A Butantan-DV, se aprovada, será a primeira vacina do mundo em dose única contra a dengue. É um imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan; é tetravalente de dose única.
O alerta da febre oropouche
Em Pernambuco, os primeiros casos de febre oropouche foram confirmados em maio deste ano. Dois meses depois, resultados de testes em amostras de um feto morto durante a 30ª semana de gestação (sete meses de gravidez) apontaram a presença de oropouche. O óbito ocorreu no dia 6 de junho de 2024.
Em agosto, o Ministério da Saúde confirmou que esse caso foi o primeiro de óbito fetal no mundo causado por transmissão vertical (infecção que ocorre a partir da mãe para o feto no útero) de oropouche.
Até então, já são seis casos de oropouche com transmissão vertical confirmada em Pernambuco. Destes, um tem causa de morte associada à doença.
Atualmente o Estado contabiliza 170 casos confirmados da febre oropouche. O vírus foi identificado em pacientes dos municípios de: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista, Pombos, Recife, Bom Jardim, Limoeiro, Machados, Água Preta, Catende, Gameleira, Jaqueira, Lagoa dos Gatos, Maraial, Rio Formoso, São Benedito do Sul, Sirinhaém, Barra da Guabiraba, Bonito, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe, Garanhuns, Aliança, Itaquitinga, Macaparana, São Vicente Ferrer e Timbaúba.
Dose única contra HPV
A vacinação contra o HPV no Brasil passou, em abril deste ano, a ser feita em dose única. Até então, o País utilizava um esquema de duas doses para combater a infecção, principal causadora do câncer de colo de útero.
"Uma só vacina vai nos proteger a vida toda contra vários tipos de doença e de câncer causados pelo HPV, como o câncer de colo de útero. Não vamos deixar que crianças e jovens corram esse risco quando crescerem", disse a ministra Nísia Trindade.
Poliomielite: vacina em gotinha é substituída por injetável
As gotinhas contra a polio deixaram de ser aplicadas em crianças em novembro de 2024. O Ministério da Saúde trocou as duas doses de reforço da vacina oral pelas injetáveis.
A decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal mais seguro. O esquema vacinal ficou assim: 2 meses, 1ª dose; 4 meses, 2ª dose; 6 meses, 3ª dose; e 15 meses, dose de reforço.
As gotinhas foram aplicadas desde 1977, ou seja, por 47 anos. Há 34 anos, o País não registra um caso da doença.
Brasil recupera o certificado de país livre do sarampo
Em novembro deste ano, o Brasil recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), a recertificação de país livre do sarampo. Em 2016, o Brasil já havia alcançado esse status. No entanto, em 2018, as baixas coberturas vacinais permitiram a reintrodução do vírus no País.
Agora, a recertificação marca a recuperação do status das Américas como uma região livre de sarampo endêmico.
Para reverter o quadro, investi-se em vacinação nas fronteiras e em locais de difícil acesso, também na busca ativa de casos suspeitos, realização de Dia S de combate ao sarampo, oficinas de resposta rápida a casos de sarampo e rubéola nos territórios.