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Saúde e Bem-estar

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Caso Bruna: pais denunciam suposta negligência após menina de 4 anos morrer em hospital particular no Recife

Família faz relato de possíveis condutas negligentes durante atendimento à filha de 4 anos, que morreu no dia 13 de dezembro em hospital da Unimed

Publicado em 15/01/2025 às 19:20 | Atualizado em 16/01/2025 às 17:48
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Uma série de três vídeos, publicados em rede social, traz uma denúncia grave de suposta negligência durante o atendimento a uma menina de 4 anos num hospital particular localizado na área central do Recife. O vereador de Timbaúba Josinaldo de Araújo Júnior, 37 anos, e a empresária Gabriella de Brito Silva, 36, relataram, na terça-feira (14), um conjunto de possíveis condutas negligentes durante atendimento à filha de 4 anos, Bruna Brito, que morreu no dia 13 de dezembro em um hospital da Unimed Recife. O caso é investigado pela Polícia Civil. 

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Eles contam que, no dia 9 de dezembro, levaram a filha para a urgência da Unimed Recife. A menina apresentava sintomas de amigdalite, como dor de garganta, mau hálito e inchaço na área do pescoço. Como ela já havia tomado antibiótico recentemente para tratamento de uma otite, a médica que fez o atendimento indicou uma aplicação de Benzetacil - antibiótico injetável de ação rápida que tem como princípio ativo a benzilpenicilina benzatina. 

"No início, fomos contra. Mas a médica disse que seria a conduta mais adequada. Mas Bruna não melhorou. Então, voltamos no dia seguinte, com nossa filha debilitada. Outro médico atendeu e passou um exame de sangue. Retornamos na quarta-feira, com Bruna bem pior, e ouvimos até ironia, de que Benzetacil não seria um remédio para dor de cabeça, que demorava para apresentar efeito", diz Josinaldo de Araújo Júnior.

Diante do quadro frágil apresentado pela filha, eles voltaram ao hospital na quinta-feira à tarde. Dessa vez, foram à urgência de otorrinolaringologia do complexo hospitalar. Naquele momento, a menina já não comia e nem bebia água. "Chegamos às 15h30. Foi prescrita uma tomografia de garganta com contraste e sedação de garganta. Eram 23h quando soubemos que, após ter sido sedada, Bruna não poderia passar por esse exame, pois a estava com laringoespasmos (condição que resulta do fechamento exacerbado da glote)."

Diante desse quadro, a saturação de oxigênio de Bruna caiu, e a equipe médica precisou fazer intubação (receber ventilação mecânica). Com isso, a médica anestesiologista disse que a menina teria que ser encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI), localizada num prédio anexo ao local onde teria sido feita a tomografia. Foi retirada, então, a ventilação mecânica para fazer a transferência

Os pais de Bruna contam que, no anexo onde fica a UTI, a equipe esperava receber a menina intubada e que não estava preparada para dar assistência da forma como a filha chegou à unidade hospitalar. "No local, Bruna passou por nova intubação na sala vermelha e seria transferida numa maca para a UTI. A porta da sala vermelha estava aberta, e escutei um barulho forte de queda e de algo que parecia um cilindro de oxigênio estourando. A enfermeira saiu nervosa, com bastante sangue na roupa. Ela disse que Bruna teria se extubado sozinha. Mas como, se ela estava sedada?" 

A família acredita que Bruna foi derrubada durante a transferência do leito da sala vermelha para a maca e relata que, naquela ocasião, ocorreu a morte de Bruna. Eram aproximadamente 6h30 da sexta-feira (13/12). O hospital, no entanto, disse aos pais que a causa da morte foi hemorragia pulmonar. 

 
 
 
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O laudo do Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML) foi liberado nesta quarta-feira (15), segundo divulgou a família. O pai de Bruna, Josinaldo de Araújo Júnior, disse que foi surpreendido. "Coincidência ou não, pela repercussão, o que mais machucou foi o resultado totalmente incoerente e confuso. Lutaremos até o fim."

De acordo com Josinaldo, em relato publicado no Instagram, o laudo do IML diz que a "causa da morte foi hemorragia pulmonar, mas não foi possível determinar a causa da hemorragia pulmonar, sendo mais provavelmente devido ao processo infeccioso". O pai de Bruna mostra parte do prontuário e escreve: "corpo, visualizado hematoma região lombar e glútea. Indícios da queda do próprio prontuário médico". 

Em nota, a Unimed Recife diz que "lamenta profundamente a perda da paciente Bruna Brito Barbosa de Araújo e se solidariza com a dor da família da criança". 

Confira na íntegra a nota da Unimed Recife:

"Ao longo dos seus 53 anos de existência, a Unimed Recife investe constantemente em qualidade e segurança dos nossos pacientes, seguindo rigorosos protocolos técnicos, com respaldo científico. Esclarece que toda a assistência foi prestada pela equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos e demais profissionais, e que todos os procedimentos realizados durante o atendimento à paciente foram pautados nas melhores práticas de medicina baseadas em evidências. A respeito do direcionamento ao SVO, esclarecemos que esta é a conduta legal prevista pela portaria Nº 1405/2006 do Ministério da Saúde do Brasil, que estabelece a Rede Nacional de Verificação de Óbito e Esclarecimento de Causa Mortis – SVO como órgão responsável pela avaliação de mortes por causas não violentas, que possui formulário de encaminhamento padrão, fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde - SES. Reiteramos que até o presente momento, todas as informações solicitadas pela família, bem como pelas autoridades competentes vêm sendo fornecidas com transparência."

A família informou que fez oficialmente uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe), mas que ainda não havia recebido contato da autarquia. Em nota ao JC, o Cremepe informa que "recebeu a denúncia e que todas as sindicâncias instauradas pela autarquia correm em sigilo processual para não comprometer a investigação. Os expedientes são regidos pelo Código de Processo Ético - Profissional (CPEP), estabelecido pela Resolução CFM nº 2.306/2022". 

Já a Polícia Civil de Pernambuco disse, em nota, que instaurou inquérito policial para apurar o fato. A investigação está sob coordenação da Delegacia de Polícia de Crimes contra Criança e Adolescente (DECCA/DPCA), "que está realizando todas as diligências necessárias para o esclarecimento do ocorrido, tendo solicitado, inclusive, perícias à Gerência Geral de Polícia Cientifica. No momento não é possível fornecer mais informações". 

 
 
 
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