"Otite de nadador": saiba por que a dor de ouvido é tão comum no verão; veja como evitar e tratar

Problema vem da proliferação de bactérias ou fungos, ocasionada por acúmulo de umidade no ouvido. É importante seguir cuidados para evitar infecções

Publicado em 27/01/2025 às 15:01 | Atualizado em 27/01/2025 às 15:08
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Durante o verão, é comum passarmos mais tempo em ambientes ao ar livre, com idas às praias e clubes com piscinas para aproveitar a temporada de verão. Porém, esse período mais quente também exige cuidados especiais com a saúde dos ouvidos.

"A exposição à água e ao sol pode causar incômodos, e devemos estar atentos aos sintomas auditivos. A água do mar e da piscina, quando fica presa nos ouvidos, favorece a proliferação de bactérias e fungos. O paciente pode relatar sensação de ouvido tapado e dor. Isso pode levar a infecções como a otite externa", diz a médica otorrinolaringologista Nathália Prudencio. 

Não é por acaso que a otite externa aguda é também chamada de "otite de nadador". De acordo com a  médica otorrinolaringologia Bruna Assis, do Hospital Paulista, a otite externa acomete especificamente o conduto auditivo, que começa na parte externa da orelha e vai até a membrana do tímpano.

"Ela provoca uma dor muito intensa nesse canal, que é constituído de osso e cartilagem, com a função de direcionar e amplificar as ondas sonoras que chegam até o ouvido. Os pacientes, em geral, têm a sensação de que estão com água no ouvido e a percepção de sons abafados", explica Bruna.

A médica acrescenta que, entre as principais características que diferenciam a otite externa das demais existentes, está a ausência de febre. "Diferentemente da otite média, que também é muito comum e costuma estar associada a quadros de gripe e resfriado, a otite externa não tem essa relação. Uma das principais causas pode ser o contato prolongado com a água. Por isso, é mais comum no verão, quando as pessoas geralmente vão à praia, piscina."

Mas por que a água entra e não sai? De acordo com Nathália Prudencio, o ouvido externo é um canal que finaliza na membrana timpânica. Ele é fechado e, portanto, pode entrar água, que tende a sair ou evaporar. "O mais comum é que isso aconteça. Porém, alguns fatores podem propiciar que a água se mantenha ali dentro, como a anatomia do canal do ouvido de alguns pacientes, que pode ser um pouco mais irregular, o que favorece que a água entre e não saia", explica a médica.

A segunda possibilidade é a presença de cera dentro do ouvido, que impede que a água saia rapidamente. "Também pode ocorrer de a água 'amolecer' a cera, o que vai tampar o ouvido do paciente. O ambiente úmido é propício para o crescimento de microrganismos, como bactérias e fungos, que causam infecções como a otite externa", completa Nathalia. 

A especialista destaca que, se o paciente sentir que a água entrou no ouvido e não saiu, a primeira dica é usar a gravidade a favor. "É possível virar a cabeça para o mesmo lado do ouvido que entrou água e dar leves batidinhas do lado contrário da cabeça. Nesse momento, o paciente pode tentar também puxar o lóbulo da orelha para abrir um pouco mais o conduto auditivo e facilitar um pouco mais a saída de água."

Após terminar as atividades na água, é preciso secar cuidadosamente os ouvidos com uma toalha e evitar o uso de cotonetes. 

Evitar introduzir objetos ou pingar qualquer substância no ouvido também é importante. A médica Nathália Prudencio diz que um erro comum é tentar métodos caseiros como pingar azeite quente ou álcool e até mesmo remédios no geral.

"Não indicamos também usar cotonetes, grampo ou outros materiais pontudos, principalmente se o paciente tiver histórico de acúmulo de cera no ouvido, porque provavelmente vai empurrar ainda mais a cera para dentro do ouvido", explica.

Quando os cuidados não resolvem ou se o paciente notar que está com a sensação de ouvido tapado que não apresenta melhora espontânea ou está percebendo dor no ouvido, é necessário buscar ajuda do otorrinolaringologista. 

No caso de pessoas que costumam relatar otite externa por entrada de água, Nathália Prudêncio recomenda o uso de protetores auriculares específicos para atividades aquáticas.

"Os protetores auriculares de silicone ou tampões de ouvido à prova d'água são muito eficazes para evitar a entrada de água no canal auditivo, especialmente para quem pratica natação ou costuma ter problemas quando mergulha em piscinas e no mar", finaliza. 

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