Biópsia de congelação: saiba mais sobre o diagnóstico rápido e preciso no câncer de mama
Em 2021, foram registrados pelo INCA 18.139 mortes por câncer de mama no Brasil. Taxa de mortalidade é de 11,71 óbitos por 100 mil mulheres

Mais de 73 mil novos casos de câncer de mama e 18 mil mortes decorrentes da doença devem ser registrados até 2025, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os números alarmantes ressaltam a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer mais incidente entre as mulheres - excluídos os tumores de pele não melanoma -, especialmente no mês da mulher.
Informação, exames de rotina e cuidados de saúde são essenciais para que as mulheres identifiquem os sinais e busquem tratamento rápido. Tecnologias, como a biópsia de congelação, têm auxiliado na precisão e agilidade do diagnóstico.
O que é biópsia de congelação?
A biópsia de congelação é um procedimento realizado pelo médico patologista que possibilita o diagnóstico imediato de tumores, durante a cirurgia, por meio do congelamento do tecido obtido do paciente.
“O congelamento através do equipamento criostato permite o corte da amostra para confecção rápida de lâminas de alta qualidade. A experiência e a qualificação do patologista são fundamentais nesse processo, pois o diagnóstico precisa ser rápido e preciso, uma vez que a conduta cirúrgica será determinada com base nele”, explica Dra. Paula Abreu e Lima, médica patologista do Hospital Jayme da Fonte e diretora técnica do Laboratório Adonis Carvalho.
Especialista em Anatomia Patológica pelo American Board of Pathology e com residência em Anatomia Patológica no Brigham and Women’s Hospital, da Harvard Medical School, a patologista afirma que o exame fornece uma resposta imediata ao cirurgião. “Como a determinação da natureza da lesão, a extensão da doença, se o tumor foi completamente removido, ou se mais tecido precisa ser retirado para garantir a excisão total do tumor”, exemplifica.
De acordo com Dra. Paula, a amostra retirada é rapidamente transportada para a sala de congelação dentro do centro cirúrgico, onde é inserida num criostato e congelada a temperaturas negativas, permitindo o corte do tecido em finas camadas através do micrótomo contido dentro do equipamento.
“O tecido é posto em lâminas histológicas que são então coradas com Hematoxilina e Eosina para permitir a visualização das células e estruturas do tecido, que o patologista analisa através do microscópio. O diagnóstico deve ser transmitido ao cirurgião em no máximo 20 minutos, desde a retirada da amostra”, acrescenta.
As amostras serão posteriormente examinadas minuciosamente após o processamento histológico tradicional, com tecido fixado em formalina para confirmar ou revisar o diagnóstico, além de informar dados mais detalhados. Com essas informações, será mais fácil decidir o tratamento pós-cirúrgico, como quimioterapia ou radioterapia.
“O exame de congelação permite que a equipe cirúrgica obtenha resultados em tempo real, ajudando na decisão de continuar ou ajustar a cirurgia planejada, dispensando potenciais novas intervenções cirúrgicas. O procedimento já é estabelecido há muitas décadas e utilizado de rotina no tratamento cirúrgico do câncer de mama, ovário, útero, pulmão, dentre outros”, afirma a especialista.
Quando esse tipo de biópsia é indicada?
Dra. Paula afirma que a biópsia de congelação é indicada apenas quando ela impacta diretamente na decisão sobre a conduta cirúrgica. “Em uma cirurgia para remoção de um tumor no ovário, se a congelação diagnosticar um tumor maligno, a paciente passará por uma cirurgia mais ampla, com a remoção do útero, ovários e biópsias da cavidade abdominal para estadiamento. Mas, se o diagnóstico for benigno, a cirurgia se limitará à retirada do ovário afetado”, exemplifica.
Contudo, a médica patológica explica que, se o resultado histológico imediato não interferir na cirurgia a ser realizada, não há indicação de congelação e o tecido deverá ser examinado da maneira tradicional, após fixado. “Do mesmo modo, lesões muito pequenas são idealmente examinadas após a fixação, e não por congelamento, que pode esgotar o tecido durante a análise intra-operatória, dificultando o exame minucioso posterior.”
Dra. Paula ressalta que, apesar de ser mais frequentemente utilizada em casos de câncer, a biópsia de congelação também pode ser indicada para doenças inflamatórias, infecciosas e para determinar se o tecido retirado será suficiente para o diagnóstico - avaliar a adequabilidade da amostra.
Preparação e recuperação
Um dos receios de muitas pacientes é a preparação e a recuperação de exames. Segundo a Dra. Paula, para a biópsia de congelamento, não é necessário uma preparação especial, a não ser as orientações habituais do cirurgião e do anestesista. “Além do agendamento prévio com o patologista, que deve pedir as informações clínicas e exames de imagem prévios”, acrescenta.
Já a recuperação do paciente depende exclusivamente da cirurgia realizada. “A congelação permite antecipar o diagnóstico histológico, orientando o procedimento cirúrgico enquanto ele acontece. Normalmente, amostras são fixadas em formalina após a cirurgia e enviadas ao laboratório de patologia para análise, o que pode levar alguns dias. Se, nesse exame, for identificada a necessidade de retirar mais tecido para garantir a remoção completa do tumor, o paciente precisará passar por uma segunda cirurgia”, explica.
Diagnóstico de câncer de mama
Dra. Paula celebra o avanço significativo do diagnóstico de câncer de mama nos últimos anos. “Algumas inovações, já utilizadas de rotina, incluem mamografia digital e tomossíntese (mamografia 3D) para melhor detecção de tumores e exames genéticos como o Oncotype DX, que ajudam a determinar o risco de recidiva do câncer de mama e a necessidade de tratamentos adicionais”, destaca.
A especialista acredita que, num futuro próximo, a biópsia líquida fará parte da rotina no tratamento do câncer de mama. O exame utiliza amostras de sangue para identificar fragmentos de DNA tumoral, permitindo o monitoramento de resposta ao tratamento. Outra aposta da Dra. Paula é o uso da Inteligência artificial (IA) para analisar imagens radiológicas e histopatológicas, melhorando a precisão do diagnóstico.
Hospital Jayme da Fonte
Reconhecido por sua excelência e com atendimento a pacientes de diversos convênios, o Hospital Jayme da Fonte conta agora com os serviços do laboratório Adonis Carvalho, que realiza também exames histopatológicos (biópsias e peças cirúrgicas) e imuno-histoquímicos. Dispõe, ainda, de um centro de diagnóstico por imagem que realiza exames como ultrassom, tomografia e ressonância magnética - indicados para casos de investigação e acompanhamento decâncer de mama, câncer de ovário, entre outros.