VIOLÊNCIA POLICIAL

VÍDEO: PMs são filmados agredindo mulher; SDS manda afastar agressores

Nas imagens, que viralizaram nas redes sociais, vítima de 25 anos aparece levando socos no rosto

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 17/04/2023 às 15:24 | Atualizado em 17/04/2023 às 17:24
REPRODUÇÃO
Policiais militares agrediram mulher de 25 anos em Primavera, Mata Sul de Pernambuco - FOTO: REPRODUÇÃO

Os dois policiais militares que foram filmados agredindo uma mulher no município de Primavera, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, serão afastados provisoriamente das ruas.

A decisão foi tomada pela secretária de Defesa Social, Carla Patrícia Cunha, nesta segunda-feira (17), um dia após o vídeo com as cenas de violência policial viralizar nas redes sociais.

Nas imagens, a vítima de 25 anos, cujo nome será preservado, aparece levando socos no rosto ao lado de uma viatura policial.

Veja vídeo da agressão dos PMs

Segundo testemunhas, as agressões ocorreram do lado de fora do Clube Municipal de Primavera, onde estava acontecendo um show, durante a madrugada desse domingo (16).

Em entrevista à TV Jornal, a mulher contou que havia ingerido muita bebida alcoólica e que estaria sofrendo alucinações, por isso teria pedido ajuda aos policiais, mas acabou sendo agredida fisicamente.

"Bebi demais, misturei bebidas. Não sou acostumada a beber. Não tenho muita (os PMs) me levassem para a delegacia. Foi quando eles me xingaram e me agrediram", contou. 

"Eles me espancaram, me humilharam. Estou com muito medo", disse a vítima. 

Nesse domingo, a mulher, acompanhada de parentes, esteve na Delegacia de Primavera para registrar uma queixa contra os policiais. Mas encontrou a unidade fechada - problema comum encontrado pelos cidadãos nos fins de semana e no horário noturno.

A mulher só conseguiu registrar a queixa na Delegacia de Gravatá. Na cidade, também passou por exame de corpo de delito. O inquérito tem 30 dias para ser concluído. 

O QUE DIZ A SDS

Por meio de nota oficial, a assessoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que os policiais militares foram identificados logo depois das agressões pela Polícia Militar e pela Corregedoria-Geral.

Um processo administrativo-disciplinar foi instaurado para investigar a conduta deles. 

Além disso, a SDS informou que a solicitação do afastamento dos PMs foi feita com base no artigo 14 da lei Nº 11.929/2001, que trata do Código de Disciplina dos Militares.

Caso fique comprovado, ao longo da os policiais descumpriram o código de conduta dos militares, a Corregedoria da SDS poderá pedir a expulsão deles da corporação.

ENTIDADE DE DIREITOS HUMANOS REPUDIA VIOLÊNCIA POLICIAL

O Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) repudia a violência machista de agentes da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), cometida no dia 16 de abril, contra uma mulher, no município de Primavera (PE).

A partir das imagens disponibilizadas não houve, por parte da vítima, nada que levasse os policiais a agirem daquela maneira e naquela proporção. Ao que parece, não foram respeitados os protocolos referentes ao uso progressivo e seletivo da força.

Em Pernambuco, há uma escalada de casos dessa natureza. É inadmissível que agentes do Estado tenham condutas como essa, sobretudo quando veladas pelo machismo, racismo e demais formas de descriminação.

Deve-se haver uma rigorosa investigação que, de forma transparente e com a garantia do amplo direito de defesa, determine a responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos no episódio.

Faz-se também necessário e urgente a implementação de medidas, por parte da Secretaria de Defesa Social (SDS/PE), no âmbito do poder executivo, no sentido de evitar esse tipo de comportamento.

Deste modo, comprometendo-se a rever padrões de abordagem, revisitar processos formativos e protocolos de atuação que visem coibir atitudes arbitrárias e covardes.

Além de ter sofrido a violência física, a vítima ainda enfrentou dificuldades para registrar a ocorrência, devido à informações incompletas repassadas por agentes da Polícia Civil (PE).

O Gajop se solidariza com a vítima e já se colocou à disposição para prestar assessoria jurídica gratuita, bem como, acompanhá-la em todas as etapas do processo investigatório da Corregedoria.

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