ESTUPRO NO AEROPORTO

Suspeito é indiciado por estupro de quatro mulheres no Aeroporto do Recife

Quatro inquéritos instaurados para investigar as denúncias das vítimas foram encaminhados à Justiça nesta sexta-feira (7)

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 07/07/2023 às 13:39 | Atualizado em 10/07/2023 às 14:36
Gabriel Ferreira/ Jc Imagem
Empresa terceirizada onde suspeito trabalhava é responsável pela vigilância do aeroporto - FOTO: Gabriel Ferreira/ Jc Imagem

O homem suspeito de estuprar quatro mulheres durante uma entrevista de emprego no Aeroporto Internacional do Recife Guararapes - Gilberto Freyre, na Zona Sul do Recife, foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco. 

O suspeito, que não teve nome e idade revelados, era funcionário da empresa terceirizada que presta serviços de vigilância no aeroporto. Após as denúncias, ele foi desligado. 

Quatro inquéritos que estavam sob investigação da Delegacia de Boa Viagem foram concluídos e remetidos à Justiça nesta sexta-feira (7). O suspeito foi indiciado pelo crime de estupro em todos. 

Agora, o Ministério Público vai decidir se concorda com o resultado das investigações conduzidas pela Delegacia de Boa Viagem e denuncia o suspeito à Justiça. O promotor responsável pode ainda pedir novas diligências à polícia ou sugerir o arquivamento do caso (se considerar que não há provas), por exemplo. 

Duas vítimas têm 23 anos e outras duas têm 37. Três procuraram a Delegacia de Boa Viagem em 30 de junho, um dia após a entrevista de emprego que aconteceu numa sala do aeroporto. A quarta vítima procurou dias depois. 

As mulheres contaram que, ao entrarem na sala para participarem da seleção para a vaga de inspetor de segurança, foram trancadas pelo suspeito. A "entrevista" aconteceu individualmente. O recrutador teria informado que "iria fazer uma revista nelas, tocando em partes íntimas nos corpos delas". Nesse momento, os abusos foram consumados, segundo depoimentos.

Nesta sexta-feira, em entrevista à TV Globo, uma das vítimas relatou que o recrutador mostrou que tinha uma arma no pênis, mandou ela colocar um canivete entre os seios e baixou a calça dela. O suspeito argumentou que a ação era necessária para simular uma revista íntima para identificação de drogas em passageiras.

"Ele, literalmente, baixou minha calça. Eu não tive reação, não sabia o que fazer naquele momento. Eu fiquei congelada. Eu entrei em choque. Eu sabia que ele tinha me mostrado uma arma, tinha um canivete ali, naquele local, a porta estava trancada. Quando ele baixou a minha calça, foi muito rápido. Minha calça era folgada, então ele 'ingeriu' o dedo na minha parte íntima, me molestou totalmente, abusou com os dedos. Não tive como me defender porque não tive ação", relatou. 

"Elas ficaram sabendo dessa vaga através de outros candidatos que participaram da seletiva. Individualmente elas foram entrando na sala do recrutador e foram violentadas. A pretexto de mostrar procedimentos, de como seria a atividade laboral na empresa, ele se aproveitou para abusar as vítimas", disse o advogado Anderson Amorim.

A vítima relatou ainda que, após o estupro, o recrutador disse que o que tinha acontecido na sala teria que ficar em sigilo.

"Ele pegou meu currículo e disse: 'Eu sei onde você mora, eu tenho até o seu número. Inclusive, vou agora mesmo adicionar ele na minha agenda telefônica. Então, ele abriu a porta. Mais uma vez, lá fora, ele disse: 'Eu espero que o que aconteceu fique aqui'", contou a mulher. 

PEDIDO DE INDENIZAÇÃO NA JUSTIÇA

As mulheres devem entrar na Justiça para pedir uma indenização à empresa onde o suspeito trabalhava

"A gente entende que é necessário adotar medidas tanto no âmbito criminal quanto no cível, a título indenizatório, em face da empresa, tendo em vista que o fato aconteceu dentro da empresa. Também estão sendo estudadas medidas no âmbito cível contra o agressor", afirmou o advogado José Albérico Santos.

Os advogados das vítimas também pretendem entrar com ação, em caráter liminar, para que a empresa pague o tratamento psicológico para elas. 

O QUE DIZ O AEROPORTO DO RECIFE SOBRE O CASO DE ESTUPRO?

A Aena Brasil, responsável pela administração do aeroporto, afirmou, em nota, que tomou conhecimento do caso na manhã do dia 30 de junho e "exigiu o afastamento imediato do denunciado. Soubemos que logo em seguida, que o mesmo já foi detido pela polícia", disse. 

Por já ter passado o prazo do flagrante, o suspeito prestou depoimento e foi liberado. 

"A concessionária repudia qualquer gesto de violência, e não tolera nenhum ato desse tipo. O fato está ainda em investigação pela polícia, com quem estamos colaborando para que o caso seja elucidado o mais rápido possível", declarou a Aena Brasil. 

O QUE DIZ A EMPRESA?

A GPS Predial Sistemas de Segurança Ltda. informou, também em nota, que, "tomou as medidas necessárias, incluindo o desligamento do funcionário envolvido".

"A empresa lamenta profundamente o ocorrido e reforça que não compactua com qualquer tipo de violência ou conduta desrespeitosa que contrariem os valores contidos em seu código de conduta e ética. A empresa está colaborando com as autoridades na apuração dos fatos", afirmou. 

A defesa do suspeito não foi encontrada para comentar o caso.

VEJA VÍDEO SOBRE O CASO DO ESTUPRO NO AEROPORTO DO RECIFE:

ESTATÍSTICAS DE ESTUPRO EM PERNAMBUCO

De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 1.229 casos de estupro foram somados entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2023 em Pernambuco.

Já no mesmo período do ano passado, o número de ocorrências foi 1.332. A queda foi de 7,6%.



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