Em Pernambuco, 11 cidades já registraram mais mortes em 2023 do que em todo ano de 2022
Outros seis municípios do interior já tiveram no primeiro semestre de 2023 o mesmo número de mortes violentas contabilizadas em todo o ano passado
Apesar de Pernambuco ter registrado uma queda de 3,8% no número de mortes violentas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado, várias cidades do interior contabilizaram aumento preocupante nos crimes contra a vida.
Onze municípios já registraram mais mortes violentas em 2023 do que em todo o ano de 2022. Outras seis cidades tiveram, em apenas seis meses, o mesmo número de vítimas de todo o ano passado.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS), estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.
A guerra entre grupos especializados no tráfico de drogas ou o envolvimento das vítimas com outros tipos de atividades criminosas têm relação com a alta das estatísticas de mortes na maioria dessas cidades. E reforçam a necessidade de ampliação do policiamento no interior para barrar o avanço das facções.
O município de São João, no Agreste de Pernambuco, faz parte da lista. De janeiro a junho deste ano, nove mortes foram somadas pela polícia. Ao longo de 2022, foram oito.
Em 26 de janeiro, a cidade viveu uma noite de terror, quando homens armados atiraram em várias pessoas que estavam em um ponto de venda de espetinho, na Avenida Coronel João Fernandes. Cinco vítimas morreram e cinco ficaram feridas.
Investigação da Polícia Civil apontou que um detento deu a ordem para o crime. Seis suspeitos foram identificados e respondem pelos crimes de cinco homicídios qualificados consumados (dos quais, quatro por motivo torpe e utilizando de meio que impossibilita a defesa à vítima; e um por motivo torpe, uso de meio que impossibilita a defesa à vítima e contra menor de 14 anos) e mais cinco homicídios qualificados tentados.
Cachoeirinha, no Agreste, também está na lista das cidades do interior com avanço da criminalidade e, consequentemente, dos casos de violência. Onze mortes já foram somadas em 2023. Ao longo de todo o ano passado, foram oito registros.
Em 23 de fevereiro deste ano, uma tentativa de chacina tirou a tranquilidade dos moradores do município. Dois criminosos chegaram em uma moto invadiram uma tenda de confecção artesanal, na Vila São Sebastião, e dispararam vários tiros contra as vítimas, que estavam trabalhando.
Três homens morreram após serem encaminhados para uma unidade de saúde. Um adolescente de 13 anos ficou ferido.
As outras cidades que já tiveram mais mortes violentas em 2023 do que em todo o ano de 2022 foram:
Barreiros - 14 (13 em 2022)
Calumbi - 3 (1 em 2022)
Carnaíba - 1 (sem registro em 2022)
Condado - 10 (8 em 2022)
Granito - 2 (sem registro em 2022)
Ibimirim - 7 (6 em 2022)
Palmeirina - 4 (2 em 2022)
Santa Cruz - 1 (sem registro em 2022)
Santa Filomena - 3 (1 em 2022)
As cidades que, no primeiro semestre, tiveram o número de mortes violentas igual a todo o ano de 2022 foram:
Altinho - 12
Amaraji - 5
Iguaracy - 2
Itapetim - 4
Itaquitinga - 10
Lagoa de Itaenga - 8
AUMENTO DO POLICIAMENTO É COBRANÇA CONSTANTE AO GOVERNO DE PERNAMBUCO
No acumulado do ano, de janeiro a junho, 1.790 mortes violentas foram registradas pela polícia em Pernambuco. No mesmo período de 2022, foram somados 1.860 ocorrências.
O governo estadual ainda não anunciou qual a meta anual de redução da violência. No Pacto pela Vida, o índice previsto era de 12%, poucas vezes alcançado.
A cobrança por concursos públicos para diminuir o déficit de policiais militares e civis tem sido constante - principalmente entre sindicatos das duas categorias e deputados da oposição.
Atualmente, para citar um exemplo, a Polícia Militar tem pouco mais de 16 mil profissionais na ativa, enquanto o ideal seria pelo menos 27 mil.
Há cidades do interior que contam com apenas uma dupla de PMs nas ruas. E, também por falta de efetivo da Polícia Civil, a maioria das delegacias não funciona à noite e nos fins de semana.
Um levantamento recente da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) apontou que as delegacias de 56 cidades - todas no interior - estão sem delegados titulares para comandarem as investigações de crimes. Além disso, 16 municípios não contam com escrivães.
A promessa do governo de Pernambuco é anunciar, até o final deste mês, o programa Juntos pela Segurança, em substituição do Pacto pela Vida. Com isso, a expectativa é de que concursos públicos sejam anunciados para diminuir o déficit de policiais e melhorar a segurança da população.