Confrontos policiais com facções em Salvador deixam 10 mortos e população em pânico
O secretário da Segurança Pública Marcelo Werner afirmou que as facções criminosas não vão causar terror à população da Bahia.
Mais três suspeitos foram mortos em confrontos com a Polícia Militar no Alto das Pombas, em Salvador, por volta das 12h desta terça-feira (5). Somados aos sete de ontem, subiu para 10 o número de mortes durante as operações realizadas no local.
O secretário da Segurança Pública Marcelo Werner afirmou que as facções criminosas não vão causar terror à população da Bahia. Em coletiva para falar dos episódios de violência no bairro, o secretário disse que a polícia baiana está "fazendo frente" e melhorando a questão da segurança no estado.
"As facções não podem se sobrepor às forças de segurança e não causarão esse terror e nem vão implantar a política de medo que querem fazer por aqui", disse.
Werner negou também que a Bahia terá uma intervenção federal na área da segurança. "Negativamente, de forma alguma. A gente mostra pelas ações de inteligência e investimentos que há um avanço na melhora da segurança pública do estado", afirmou.
Ele destacou o reforço do policiamento nas regiões. "Essa operação vem sendo idealizada após a notícia que circulou onde uma facção fazia demonstração de poder bélico para, além de afrontar as forças de segurança, levar terror e medo para a população", disse.
Werner afirmou que a situação de facções grandes nacionais chegando ao estado não é algo que tem acontecido somente na Bahia. "Vêm se associando cada vez mais com facções locais. Isso não é uma exclusividade da Bahia, diversos estados do Norte, Nordeste, Sul e Sudoeste vivem essa realidade. Associações das grandes facções não só para fornecimento de armas, mas de drogas também. Dentro dessas alianças, as principais facções de nosso país acabam transmitindo o modus operando para outras facções locais", disse.
Ontem, a polícia apreendeu seis fuzis 556, oito pistolas e três granadas. Sete suspeitos foram mortos em troca de tiros com a Polícia Militar. Oito foram presos acusados de manter pessoas em cárcere privado. "Com os fuzis de ontem, chegamos a 44 armas desse modelo apreendidas desde o início do ano. É o dobro em relação ao que foi feito no ano anterior", disse o secretário.
FAMÍLIAS EM RISCO
Moradores que contavam com privilégio de um local mais seguro não pouparam esforços para deixar suas residências no Alto das Pombas e no Calabar, desde a segunda-feira (4). Por volta das 15 horas, enquanto agentes de segurança ainda procuravam criminosos que aterrorizaram as localidades desde a madrugada, pessoas caminhavam a passos largos e com olhares que refletiam medo e desconfiança.
Famílias buscaram refúgio em casas de conhecidos depois de juntaram pertences às pressas em malas de mão e correram para salvar crianças e animais de estimação da zona de confronto.
VIOLÊNCIA INTERROMPE AULAS
As escolas da rede municipal que ficam no Alto das Pombas, Calabar e entorno não tiveram aula pelo segundo dia consecutivo, nesta terça-feira (5), por conta dos casos de violência na região. Já a Universidade Federal da Bahia (Ufba) divulgou comunicado garantindo a retomada das aulas.
Segundo a Secretaria Municipal da Educação (Smed), as escolas municipais Conjunto Assistencial Nossa Senhora de Fátima, Casa da Amizade, Professor Antônio Carlos Onofre e os Centros Municipais de Educação Infantil Tertuliano de Góis e Calabar continuam com as atividades suspensas. Ao todo, 1.042 estudantes estão sem aula.
A rede estadual não teve suspensão de aulas, mas a frequência foi baixa, segundo a secretaria estadual.