Sem plano de segurança, Pernambuco segue com altos índices de mortes; veja números
No último mês de agosto, 303 pessoas foram mortas no Estado. O aumento foi de 38,9% em relação ao mesmo período do ano passado
Em meio ao atraso do governo de Pernambuco em detalhar o Plano Estadual de Segurança e Defesa Social, que fará parte do Juntos pela Segurança, os números da violência seguem assustadores. Segundo estatísticas divulgadas pela Secretaria de Defesa Social (SDS), 303 mortes foram somadas pela polícia no mês de agosto. O aumento foi de 38,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 218 pessoas foram mortas.
Somente na Região Metropolitana do Recife, 144 vidas foram perdidas para a violência em agosto. Ao todo, foram 50 casos a mais do que no mesmo período do ano passado. E até agora, a polícia não explicou esses números tão altos. Assim como ocorria na gestão Paulo Câmara, o silêncio também tem sido comum no governo Raquel Lyra.
Em julho deste ano, as estatísticas da criminalidade em Pernambuco já haviam sido muito elevadas. Ao todo, 308 mortes violentas foram contabilizadas. O crescimento foi de 26,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 244 crimes contra a vida foram somados.
Quando se fala em mortes violentas, como elas atualmente são classificadas pela SDS, estão sendo englobados os crimes de homicídios, latrocínios, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrentes de intervenções policiais.
Os números preliminares do mês de setembro devem ser disponibilizados no site da SDS nesta quinta-feira (5), como prometido pela gestão atual. Mas já se sabe que os resultados também não foram positivos.
O Juntos pela Segurança foi lançado pela governadora Raquel Lyra no dia 31 de julho. No evento, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, a chefe do Executivo estadual assinou três decretos, instituindo a nova política de Segurança, autorizando a nomeação de policiais penais e autorizando a abertura de concurso público para 3.805 novos profissionais (editais ainda serão lançados).
Na ocasião, o governo estadual apresentou um calendário com datas em que seriam realizadas oficinas com especialistas, academia e sociedade civil. Além disso, garantiu que as novas ações da política de segurança, em substituição ao Pacto pela Vida, seriam apresentadas no dia 28 de setembro, o que não ocorreu. O governo, inclusive, ainda não anunciou a previsão da nova data.
O QUE DIZ A SDS SOBRE O NOVO PLANO DE SEGURANÇA?
Ao JC, a assessoria da SDS informou que aguarda a conclusão da compilação e revisão das propostas enviadas pela sociedade durante o Ouvir para Mudar - processo de escuta popular realizado pelo governo, que já foi finalizado no dia 27 de setembro.
"A pasta reforça que tem trabalhado de forma contínua para apresentar à população de Pernambuco todos os detalhes acerca do Programa Juntos pela Segurança, que já realizou a entrega de 7 mil coletes à prova de bala e 415 novas viaturas, 7 carros específicos para busca, salvamento e resgate dos Bombeiros, além de mais de 20 milhões de na modernização de armamentos", declarou, em nota, a assessoria.
De acordo com o governo de Pernambuco, o Juntos Pela Segurança tem recursos garantidos na ordem de R$ 1 bilhão. Desse montante, o Executivo direcionar R$ 660 milhões para investimentos e R$ 350 milhões para contratação de novos profissionais.
Entre as ações anunciadas, o Juntos Pela Segurança também conta com a entrega de novas viaturas da PM, substituição de até 35 mil lâmpadas nos territórios que concentram mais de 90% dos crimes violentos. Essa ação está prevista no programa Ilumina PE.
TITULARES DA SDS FORAM SUBSTITUÍDOS
Um mês após o lançamento do Juntos pela Segurança, a delegada federal Carla Patrícia Cunha, que comandava a SDS, deixou a pasta. Em carta apresentada à governadora, ela afirmou ter tomado a decisão por "questões pessoais". Nos bastidores do Palácio do Campo das Princesas, a informação é de que a relação entre a ex-secretária e Raquel Lyra estava desgastada.
Com a saída de Carla, o também delegado federal Alessandro Carvalho foi convidado e aceitou assumir a SDS. Ele já esteve à frente da pasta de dezembro de 2013 até outubro de 2016 (no final do governo Eduardo Campos; na gestão de João Lyra Neto, pai de Raquel; e no começo do governo Paulo Câmara). Antes disso, também foi secretário executivo de Defesa Social (2010- 2013).
Carvalho deixou a SDS em um momento muito conturbado, sendo substituído pelo delegado federal aposentado Angelo Fernandes Gioia (que ficou menos de um ano no cargo). Na época, os índices de violência atingiam resultados muito negativos. Além disso, a relação entre Carvalho e representantes dos sindicatos e associações de profissionais da segurança pública estava bastante complicada.
O então secretário-executivo de Defesa Social, Alexandre Alves, também deixou o cargo no mês passado. No lugar dele, assumiu a delegada federal Dominique de Castro Oliveira.