Acusado de matar turista em assalto em Boa Viagem fará exame de sanidade mental
Pedido foi feito pela Defensoria Pública, nesta segunda-feira (03), durante audiência de instrução e julgamento de Edva Alexandre da Silva, réu confesso do crime que tirou a vida do engenheiro carioca Talles do Couto Lemgruber Kropf
A Justiça determinou que Edva Alexandre da Silva, de 35 anos, acusado de matar o turista carioca Talles do Couto Lemgruber Kropf, 35, durante um assalto no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, passe por exames de sanidade mental. A decisão atende a um pedido feito pela Defensoria Pública do Estado durante a audiência de instrução e julgamento do réu, nesta segunda-feira (3).
A sessão aconteceu no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na ilha de Joana Bezerra, área central do Recife. No total, quatro testemunhas de acusação foram ouvidas - parte delas remotamente por meio de videoconferência. Outras duas foram dispensadas. Nenhuma testemunha de defesa foi convocada para a audiência. Por último, houve o interrogatório do réu, que confessou novamente o crime.
Nas alegações finais, o Ministério Público, responsável pela acusação, solicitou a condenação do réu. Já o representante da Defensoria Pública solicitou a perícia alegando que Edva pode ser inimputável (incapaz de entender o caráter ilícito), já que tem histórico de uso de drogas. O MP não se opôs ao requerimento.
Conforme determina a lei, o andamento do processo foi suspenso. O juiz Roberto Jordão de Vasconcelos, titular da 13ª Vara Criminal da Capital, instaurou um incidente de insanidade mental e determinou que, em até 30 dias, o réu passe por exames e o laudo seja entregue.
Se o exame apontar que Edva é inimputável, ele será absolvido do crime e submetido a uma medida de segurança, ou seja, encaminhado para tratamento no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Pernambuco (HCTP-PE).
Outra possibilidade é de que o exame aponte que o réu não era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito. Se isso ocorrer, ele poderá ser condenado, mas a pena pode ser reduzida de um a dois terços ou ser substituída por medida de segurança.
A imprensa não teve autorização para acompanhar a audiência. Como se trata de um crime de latrocínio, não há júri popular. A decisão pela condenação ou absolvição do réu caberá exclusivamente ao juiz.
CRIME E CONFISSÃO
Edva Alexandre da Silva seguirá no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, até a sentença. Segundo a Polícia Civil, o homem confessou o crime e disse ter dado uma facada porque o turista reagiu ao assalto, ocorrido na madrugada de 14 de fevereiro deste ano.
Talles morava no Rio de Janeiro e estava no Recife para aproveitar os dias de Carnaval - como já fez em anos anteriores. Ele era engenheiro e trabalhava na Petrobras.
Depois de sair da festa Carvalheira na Ladeira, em Olinda, Talles seguiu para Boa Viagem, onde iria encontrar outros amigos. Na Avenida Domingos Ferreira, perto de um bar, ele sofreu a abordagem criminosa.
Talles foi atingido com uma facada na região do tórax. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, mas não resistiu aos ferimentos.
Preso dias após o crime, Edva disse à polícia ter roubado apenas o celular da vítima. Afirmou ainda que vendeu por R$ 200 para comprar drogas.
A identificação dele foi possível graças às imagens das câmeras de segurança de prédios perto do local do crime.
ESTATÍSTICAS DE LATROCÍNIO
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 27 casos de latrocínio foram registrados pela polícia entre janeiro e abril deste ano. No mesmo período de 2023, foram 33 casos.
Neste ano, quatro crimes foram somados no Recife. Também houve casos nas cidades de Caetés, Aliança, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Catende, Escada, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, João Alfredo, Olinda, Paudalho, Petrolina, Surubim, Salgueiro, Santa Terezinha, São Bento do Una, Sertânia, Surubim, Taquaritinga do Norte e Vicência.