Dia da Consciência Negra: entenda diferença entre racismo e injúria racial
Saiba qual é a diferença entre racismo e injúria racial, ambos crimes que reforçam a desigualdade no Brasil. Aprenda a como denunciá-los
Na próxima quarta-feira (20 de novembro), é celebrado o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra que, primeira vez, será feriado nacional, após o presidente Lula sancionar a lei 14.759/23, em dezembro do ano passado.
A data marca a morte do líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, em 20 de novembro de 1695, e também é uma forma de destacar a importância da cultura afro-brasileira e a luta antirracista.
Não só neste mês, como em qualquer época do ano, é importante que as pessoas entendam a diferença entre racismo e injúria racial.
Racismo X injúria racial
O racismo é uma prática de qualquer ato de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional que afeta um grupo ou coletividade, atingindo direitos fundamentais de toda a população. A pena é uma reclusão de 2 a 5 anos e multa.
Já a injúria racial consiste em ofensas, xingamentos ou manifestações que ataquem a dignidade de uma pessoa com base em sua raça, cor, etnia, origem ou religião. A pena é uma reclusão de 2 a 5 anos e multa.
Em 2023 foi sancionada a lei que equipara a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena ficou mais severa.
Denúncia em ambiente de trabalho
Ao presenciar qualquer episódio de racismo ou injúria, é importante que as pessoas denunciem.
De acordo com o advogado João Matheus do Monte, do escritório Pedrosa Advocacia Empresarial, quando as pessoas são vítimas de racismo e injúria racial dentro do ambiente de trabalho, a orientação inicial é procurar imediatamente o superior imediato, bem como setor de Recursos Humanos da empresa para noticiar o ocorrido e a apuração dos fatos.
"No caso de a empresa possuir canal de denúncias/ouvidoria, também deve-se fazer a denúncia através destes canais, que, inclusive, muitos permitem que a denúncia seja feita de forma sigilosa", informou o advogado.
Os canais de denúncia variam em cada empresa. Muitas organizações hoje possuem um telefone para contato, e-mail, ou até mesmo plataformas geridas por empresas parceiras que fazem o tratamento dessas denúncias.
"Em sendo comprovada a falta grave por parte do acusado, no âmbito trabalhista, este poderá ser desligado por justa causa. Além disso, a vítima poderá pleitear indenização trabalhista em face do acusado ou da empresa, bem como indenizações na esfera cível e apresentação de queixa-crime perante a Justiça Criminal", explicou.
Diante de uma situação de racismo e injúria racial no ambiente corporativo, como explica o advogado, a responsabilidade sempre será do acusado e da empresa, diante de sua responsabilidade objetiva e desde que o fato aconteça nas dependências e no horário de trabalho.
Combate ao racismo
Para coibir esse tipo de crime, é recomendável que as empresas façam campanhas de conscientização de combate a qualquer discriminação, com materiais escritos que fiquem visíveis nas dependências da empresa, e promovam palestras sobre o tema.
"Além disso, se faz necessário criar canal de denúncias para que o empregado se sinta ouvido e acolhido. Além disso, é importante prestar toda assistência psicológica, caso seja necessário. Até a conclusão do fato, se faz necessário todo esse acompanhamento da vítima", orientou João Matheus do Monte.
Caso essas práticas abusivas ou condutas inadequadas sejam identificadas no ambiente corporativo, a empresa pode enfrentar diversas consequências, como:
- Processos na Justiça do Trabalho;
- Exposição nas redes sociais;
- Fiscalização administrativa;
- Sanções administrativas;
- Prejuízos à imagem corporativa;
- Ambiente de trabalho prejudicado.
"As empresas que têm uma política de cota conseguem promover maior diversidade no ambiente de trabalho para que as pessoas pretas se sintam pertencidas naquele lugar e percebam certa paridade racial no ambiente de trabalho. Conviver com pessoas de raças e realidades diferentes, pode contribuir para que situações de discriminação não venham a ocorrer", recomendou o advogado.