MPPE dá prazo de 48h para que Santa Cruz, Sport e Náutico se dissociem publicamente de torcidas organizadas

Decisão foi informada na tarde desta segunda-feira (3), após reunião com os presidentes dos clubes e da Federação Pernambucana de Futebol

Publicado em 03/02/2025 às 19:44 | Atualizado em 03/02/2025 às 20:02
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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) deu prazo de 48 horas para que os presidentes do Náutico, Sport e Santa Cruz cortem qualquer relação com as principais torcidas uniformizadas e oficializem a medida por meio de uma publicação oficial.

A decisão foi tomada durante reunião realizada na tarde desta segunda-feira (3), com a presença dos gestores dos times e da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), além dos titulares da Secretaria de Defesa Social e da Polícia Militar.

"O Ministério Público irá atuar independente de agradar ou desagradar alguém. O que o MPPE pede é muito pouco. Primeiro que os clubes se dissociem dessas torcidas organizadas, pois não tem nenhum cabimento você ter uma torcida organizada que tem CEP, CNPJ e sede. Isso é a falência do Estado. E o Estado não ficará nas mãos desses vândalos, que na verdade são bandidos. Os clubes se comprometeram a fazer isso, dentro das limitações deles", informou o subprocurador-geral de Justiça em Assuntos Institucionais do Ministério Público de Pernambuco, Renato da Silva Filho.

Ainda segundo o subprocurador-geral, a disposição para o diálogo, mostrada por todos durante a reunião, "não significa que o MPPE vai abrir mão das investigações e medidas judiciais que devam ser adotadas", já que a violência das torcidas organizadas é uma realidade bem antiga e que, a cada dia, se mostra mais preocupante.

O coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor do MPPE e do Centro de Apoio Operacional à Atuação Criminal (CAO Criminal), Antônio Aroxelas, alertou que as torcidas organizadas dos três grandes clubes já foram extintas por decisão judicial, mas mudaram apenas o nome e o CNPJ.

"São as mesmas pessoas, os mesmos cânticos de guerra, mesmos modos de agir, mesmas revanches. Os clubes não podem aceitar essas pessoas em suas casas, suas festas, comemorações e dirigentes não devem tirar fotos com elas", comentou.

Segundo ele, os clubes têm a obrigação de banir as organizadas de seus estádios e entregar ao MPPE um relatório das providências que foi acordado em 2024, firmado justamente para combater os enfrentamentos em dias de jogos.

Os presidentes dos clubes Yuri Romão (Sport), Bruno Rodrigues (Santa Cruz) e Bruno Becker (Náutico) se comprometeram a ampliar o combate à violência, providenciando reconhecimento facial e ingressos pessoais e intransferíveis para controlar o acesso dos torcedores nos estádios, mas que atualmente cumprem o que é determinado pela Polícia Militar.

PROPOSTA DE TORCIDA ÚNICA

Já o presidente da FPF, Evandro Barros de Carvalho, propôs torcida única para as partidas entre os três grandes clubes, assim como bloquear o espaço físico onde as organizadas ocupam.

"A Federação Pernambucana de Futebol, o Sport, o Santa Cruz e o Náutico estão juntos nesse movimento de proativo junto com a segurança pública do Estado, e com nossa governadora Raquel Lyra, no sentido de atacar esses marginais, de extinguir e eliminá-los do âmbito do futebol. Essa massa marginal que busca sempre utilizar o futebol como muleta para praticar os crimes", garantiu o dirigente.

"Sobre a portaria da SDS (proibindo torcedores nos próximos jogos), o nosso entendimento é que o impedimento das torcidas nos jogos que o Santa Cruz e o Sport são mandantes, não deveria ocorrer. De qualquer sorte, houve ingresso de uma medida judicial, que tramita no Tribunal de Justiça de Pernambuco, e estamos aguardando uma decisão judicial, que, no nosso entender, deveria ter uma adequação e correção de que o clube mandante recebesse apenas a sua torcida, mas não a do visitante", frisou Carvalho.

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