Torcidas organizadas: secretário reafirma que não houve falha da polícia e cobra clubes por segurança nos estádios
Alessandro Carvalho disse, nesta segunda-feira (3), que efetivo no dia do Clássico do Santa Cruz e Sport foi o adequado e que houve uma "emboscada"

O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho, refirmou, nesta segunda-feira (3), que o efetivo empregado no dia do Clássico do Santa Cruz contra o Sport foi o adequado e previsto no plano de segurança, mas que houve uma "emboscada" que resultou em conflito entre duas torcidas organizadas. Na coletiva de imprensa, o gestor ainda cobrou envolvimento dos clubes para evitar a violência nos estádios.
"Temos diariamente 1 mil a 1,2 mil policiais militares para cuidar da Região Metropolitana do Recife. Escalamos mais de 600 para o Clássico, mas, diante do cenário, tivemos que parar todos para cuidar a confusão", pontuou.
Segundo ele, vários pontos registraram conflitos, mas o mais intenso ocorreu na Rua Real da Torre, no bairro da Torre, Zona Norte do Recife, porque houve a "emboscada" da torcida Jovem do Leão (antiga Jovem do Sport) contra a Explosão Coral (antiga Inferno Coral), que se aproximava e estava sendo escoltada pela Polícia Militar.
E que possivelmente isso ocorreu porque a Coral divulgou, nas redes sociais, o percurso que seria feito.
"A emboscada foi feita com a torcida do Sport em menor número. O grupo estava escondido e saiu para atacar. E foi quem teve mais feridos. Mas feridos só entre as torcidas organizadas, mas podia ser qualquer um de nós passando", disse Carvalho.
O comandante da Polícia Militar de Pernambuco, coronel Ivanildo Torres, afirmou que a ação policial foi ágil no momento do conflito. "Houve, de fato, uma premeditação da torcida do Sport contra o Santa Cruz. Graças aos policiais que atuaram naquele momento não tivemos uma tragédia. Só sabe quem vive e estava lá. Nossos policiais não se acovardaram", argumentou.
Apesar do secretário Alessandro Carvalho afirmar que o efetivo policial não foi baixo, o coronel declarou que em Pernambuco, assim como em outros Estados do País, não há o policiamento ideal. "Temos recursos limitados."
Sobre os alertas da inteligência da Polícia Militar e da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva de que confrontos estavam sendo marcados pelas redes sociais e de que pontos críticos haviam sido indicados, o secretário disse que essas informações fazem parte da rotina, sobretudo em dias de Clássico, e que são levadas em consideração.
"O relatório é uma análise de risco que tem em todo grande evento e em todo jogo de futebol. E também estava na pauta do dia, que dizia: 'pode haver um confronto, os ânimos estão acirrados e o confronto pode ocorrer em seis terminais integrados, em qualquer cidade da Região Metropolitana, em bairros 1, 2, 3, 4, 5, 6'. Algo genérico", afirmou.
COBRANÇA AOS CLUBES
Carvalho declarou que a decisão de proibir o acesso de torcidas aos estádios nos próximos cinco jogos do Santa Cruz e do Sport é uma forma de dar tempo para que os clubes mudem a forma de venda dos ingressos, sendo digitais, intransferíveis e com reconhecimento facial - facilitando, assim, o trabalho da polícia na identificação e diferenciação de torcedores e criminosos.
"É preciso o controle de quem compra o ingresso para que a gente possa fazer essa responsabilização", disse.
"Dizer que dentro do estádio não tem problema, o problema é na rua, é um problema de segurança pública. Eu pergunto: quem é que faz a segurança dentro do estádio? É a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros. Até a fila é organizada pela polícia. Esse tempo é para que o clube cumpra com sua obrigação", completou.
O secretário estadual ainda criticou a relação entre dirigentes de clubes com integrantes de torcidas organizadas.
"Tem diretor de clube que financia, dá passagem de ônibus, ingresso cortesia, que janta e confraterniza com pessoas que já foram presas."
Em meio às críticas sobre a proibição das torcidas em estádio nos próximos jogos, Carvalho pontuou que a decisão está mantida por questão de segurança, já que há risco de novos confrontos nas ruas.
"Quem tem o direito maior? Trinta mil de ir ao estádio ou 3 milhões de ter segurança?", cravou.