Torcidas organizadas: saiba quem é quem na liderança da Jovem, Inferno Coral e Fanáutico

Parte dos líderes responde por crimes como porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e até homicídios. Alguns deles estão presos

Publicado em 04/02/2025 às 13:14 | Atualizado em 04/02/2025 às 22:30
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Um organograma produzido pela polícia mostra que parte dos líderes das três maiores torcidas organizadas de Pernambuco responde a processos criminais. Alguns deles, inclusive, estão presos preventivamente - e continuam mantidos nos "cargos". 

Os trabalhos de investigação em relação às torcidas organizadas se intensificaram após as cenas de selvageria registradas no último sábado (1º), horas antes do Clássico do Santa Cruz contra o Sport, no Recife.

Até agora, 13 pessoas tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça. Mas o número deve crescer nos próximos dias. 

Com base nos estudos da polícia de Pernambuco, a coluna Segurança mostra agora quem é quem entre as lideranças das torcidas organizadas: 

JOVEM DO SPORT

A Jovem do Leão (antiga Jovem do Sport) atualmente tem como presidente João Victor Soares da Silva, que foi brutalmente agredido sem roupas no sábado. Ele já respondia por associação criminosa.

Desta vez, ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Seguirá para o Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, quando receber alta do Hospital da Restauração.

No mês passado, João Victor também foi flagrado liderando a confusão da organizada contra policiais militares em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. 

Reprodução
João Victor Soares da Silva, presidente da Jovem do Leão - Reprodução

A polícia identificou, porém, que existem divergências e brigas internas na organizada e que parte dos bondes e comandos de bairro não reconhecem João Victor como chefe. Inclusive há dissidências. 

No organograma produzido pela investigação, o nome de Carlos Renato, conhecido como Major Renatinho, aparece como um líder na organizada. Ele responde em liberdade pelo crime de tentativa de homicídio. 

Na vice-presidência, segundo a polícia, está Thyago Mendes Barbosa, que respondia em liberdade pelos crimes de tráfico de drogas, rixa, tumulto e tentativa de homicídio - inclusive acusado de participar do ataque ao ônibus da delegação do Fortaleza, em fevereiro do ano passado.

No sábado, participou da confusão no bairro da Torre e, ferido, foi encaminhado ao Hospital da Restauração. Recebeu alta e teve a prisão preventiva decretada.

Já Roan Nogueira, o "Isqueiro Puxador", que tinha a função de puxador de torcida, está preso por homicídio, associação criminosa e desobediência. 

TORCIDA DA EXPLOSÃO CORAL

A polícia identificou os dois integrantes da Explosão Coral (antiga Inferno Coral), organizada o Santa Cruz, que seriam o presidente e vice-presidente. Ambos não têm antecedentes criminais. Os nomes, a pedido deles, não serão publicados. 

Um puxador da torcida responde por lesão corporal (durante briga entre torcidas), mas em liberdade.

João Paulo, o "Orochi", é um líder de bairro. Está preso, com acusações de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. 

Bruno Nascimento da Silva, o "Sodré", ex-diretor, responde em liberdade por lesão corporal.

Na avaliação da polícia, os dois últimos são oposição da atual presidência. A organizada, porém, nega que haja oposição à diretoria atualmente. 

TORCIDA DA FANÁUTICO

No organograma da polícia, Marcos Vinícius, o "Vini", foi identificado como presidente da Fanáutico, organizada do Náutico. Está solto, mas na ficha criminal consta a acusação de promover tumulto/incitar a violência, prevista no Estatuto do Torcedor. 

O vice-presidente é Arthur Victor. Tem acusação de tráfico de drogas, mas está em liberdade.

Jefferson Gomes é citado como "líder de bairro". Na ficha criminal, aparece a acusação de porte ilegal de arma de fogo. Está solto.

Igor Gabriel Carneiro é outro "líder de bairro". Está preso, com acusações de porte ilegal de arma de fogo, ameaça e corrupção ativa.

Por fim, há o nome de Deyvidson Patrícia, o "Oda", apontado como diretor da torcida. Há acusações de porte ilegal de arma de fogo, tumulto e ameaça. 

TORCIDAS FORAM EXTINTAS EM 2020

Desde fevereiro de 2020, a Justiça determinou a extinção das três principais torcidas organizadas em Pernambuco. 

A sentença do juiz Augusto Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública, foi resultado de duas ações movidas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

Mesmo assim, os grupos driblaram a decisão judicial, mudando o CNPJ, continuaram atuando - conforme a polícia já comprovou em investigações nos anos posteriores. 

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