Um novo estudo, publicado pela Lancet Public Health, indica que o número de brasileiros com demência deve subir 206% até 2050, fazendo com que o número de casos da condição aumente para 5,6 milhões, o que acende o alerta sobre cuidados que devem ser tomados.
De acordo com o Pós-PhD em neurociências, Fabiano de Abreu Agrela, os hábitos e condições de vida do povo brasileiro são os principais fator para o crescimento dos casos.
“A demência não é causada apenas pelo envelhecimento populacional e sim em decorrência de hábitos, cultura das redes sociais e suas consequências no cérebro, assim como a ansiedade em excesso são facilitadores.”
“A responsabilidade sobre as demências não está tanto no sedentarismo, mas no tipo de alimentação, os produtos que são consumidos, até que ponto são confiáveis? Vamos jogar luz sobre o fato de sermos a sociedade mais ansiosa do mundo e no que isso acarreta como transtornos e depressão, o que leva a neurodegeneração, assim como uso prematuro de medicamentos para foco atencional e memória”, alerta.
O surgimento de doenças neurodegenerativas relacionadas ao estilo de vida e hábitos nocivos, também é reforçado pelo neurocirurgião Alexandre Casagrande, que afirma que manter o cérebro ativo é um dos principais cuidados para evitar a doença.
“Claro, existe a contribuição de fatores biológicos sobre os quais não temos controle, mas os hábitos possuem um papel fundamental no surgimento de demências, o envelhecimento cerebral está ligado ao excesso de ansiedade e depressão que são fatores conhecidos por influenciar o desenvolvimento de doenças demenciais”.
“A falta de atividade física, muito presente na sociedade atual, aumenta a chance de demência vascular por microangiopatia, com o passar do tempo também é essencial manter o cérebro ativo, seja com atividades manuais, instrumentos musicais etc., tudo que possa estimular o cérebro com hábitos diferentes, evitando assim a ‘preguiça cerebral’ que acelera o ‘envelhecimento cerebral’”. Ressalta.
Ainda não há nenhum tratamento capaz de reverter totalmente a demência, apenas reduzir o seu avanço e proporcionar uma maior qualidade de vida aos pacientes, no entanto, a ciência permanece na busca de novas tecnologias capazes de ajudar a frear o avanço das doenças neurodegenerativas, como explica o neurocirurgião Bruno Burjaili.
“Isso ainda não é tão notável para as demências, ou seja, não existem tantas estratégias de medicina para melhorar seus sintomas de uma maneira muito impactante, a tendência ainda é que muita gente passe por isso juntamente às suas famílias.Isso faz com que grandes mentes, após extensa experiência de vida per cão, gradualmente seu potencial de ajudar sua comunidade e, em última instância, a sociedade como um todo".
“O implante de eletrodo cerebral profundo ou marca passo cerebral, muito utilizado na doença de Parkinson, no tremor essencial e na distonia que são outras doenças neurológicas, já foi tentado em estudos internacionais para a doença de Alzheimer. Infelizmente, o resultado desses estudos não foi muito animadora até agora. Continuamos batalhando para tentar trazer novas maneiras de ajudar a melhorar os sintomas da demência.”