Surfe pernambucano perde Denttinho

Publicado em 21/08/2018 às 22:40 | Atualizado em 20/02/2019 às 12:13
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Escutei o nome dele logo que comecei a pesquisar sobre o surfe pernambucano. " - Você tem de falar com Denttinho ! ". Era o que eu mais ouvia dos antigos surfistas da praia de Boa Viagem. "- Mas quem era Denttinho ?" Essa indagação me veio ao pensamento. Logo eu ! Que me orgulho de saber boa parte da história do meu esporte. Nunca tinha ouvido falar nele! Ele estava afastado da praia e dos amigos morando próximo ao bairro de Setúbal. Para minha sorte, bons amigos logo criaram uma boa situação para eu conhece-lo. Foi no Encontro Anual dos Amigos e Surfistas do Acaiaca de 2017, que fui apresentado para ele e como o clima de confraternização não favorecia uma entrevista marquei de ir, um outro dia, à sua casa. Não demorei, e lá estava eu, sendo recebido pelo poeta Luiz Moraes, sem dúvida o primeiro surfista pernambucano a tentar o profissionalismo e a viver de surfe. Ele gostou quando soube que eu pesquisava o surfe pernambucanos e que ele seria um dos personagens focados. Ficou surpreso com algumas descobertas minhas e começou a me apresentar toda sua história e a me revelar suas lembranças. Nascido em 1953, em Recife, em uma família de gaúchos e neto de alemães. Em Boa Viagem junto com seus contemporâneos, criou a estética do surfista, adaptou o que via nas revistas importadas em estilo de vida, fabricou as primeiras pranchas de fibra de vidro em Recife, levou seu surfe com pioneirismo a Fernando de Noronha, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Sul onde alternava a vida na praia com cavalgadas nos campos gaúcho onde fazia parte do Movimento Tradicionalista Gaucho. "- Ta vendo aquela caixa ali! tem muitas lembranças ali dentro !" Me falou mostrando uma caixa em um quarto do seu apartamento lotado de outras iguais. Falei na mesma hora: "- Quando você separar me chama." E ele chamou. Alguns dias depois ele me ligou pedindo que eu fosse encontra-lo. Fui. Ele me recebeu com a valiosa caixa em cima da mesa. Me autorizou a reproduzir seu conteúdo dizendo: "- Fotografe o que você quiser" e "mergulhamos" juntos em suas memórias. Na hora veio em meus pensamentos no privilégio que eu estava tendo em registrar a história do surfe, esporte que define a minha vida. E como seria bom revelar essa história para nossa comunidade e um dia homenageá-lo com toda a pompa que os pioneiros do surfe do nosso estado merece. Por felicidade minha eu não precisei esperar muito para ver Denttinho ser homenageado em vida pelo que fez pela consolidação do surfe pernambucano, o surfista e organizador de eventos Geraldo Cavalvante "dropou na frente" e fez uma linda homenagem, em julho passado, durante o Rota do Mar Surf and Music, a etapa do Brasileiro Master 2018 realizado no estado. Denttinho vivia uma fase feliz, voltou ao convívio dos antigos parceiros, fundou um grupo no WatsApp com a Turma do Acaiaca onde publicava entre assuntos de surfe seus poemas, Fez novos jovens amigos que lhe respeitavam por seu legado. Enfim, tinha voltado à cena, já estava até "resenhando" e se aborrecendo com a liberdade das redes sócias que vinha aprendendo a lidar com ela dia após dia, ele era criador de dezenas de grupos de poesias , surfe e até sobre cartões telefônicos que ele tinha orgulho de dizer que era o maior colecionador do Brasil. Textão né? a vontade era de passar mais tempo descrevendo este ícone que se foi ontem, 20/08, para surfar ondas infinitas em um céu azul igual ao mar que ele conheceu menino no Acaiaca. Ele foi em paz e feliz, afinal DenTTinho estava de volta! Atenção: Denttinho com dois "T" , como ele sempre gostava de lembrar. #AlohaDenttinho Fotos acervo Pessoal  

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