Cinco brasileiros nas oitavas de final do Rip Curl Rottnest Search

Miguel Pupo foi recordista do dia em Strickland Bay na Austrália

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Alexandre Gondim

Publicado em 20/05/2021 às 21:12
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Depois de dois dias parado por falta de boas ondas, o Rip Curl Rottnest Search retornou na quinta-feira,20/05, para um longo dia de competição na Austrália. Cinco surfistas da seleção brasileira : Gabriel Medina, Italo Ferreira, Adriano de Souza, Yago Dora e Miguel Pupo, que foi um dos recordistas do dia, passaram para as oitavas de final da etapa que fecha a “perna australiana” doWorld Surf League Championship Tour.

MAT DUNBAR/WSL
Gabriel Medina - MAT DUNBAR/WSL

Para aproveitar o melhor dia de ondas da semana em Strickland Bay, a comissão técnica decidiu utilizar o formato “overlapping heats”, com duas baterias de 44 minutos cada, sendo disputadas simultaneamente. Foram realizadas as dezesseis da terceira fase masculina e as oitavas de final femininas.

O primeiro duelo verde-amarelo aconteceu com Miguel Pupo fazendo os recordes do dia entre os homens. Ele dominou a disputa contra o também paulista Caio Ibelli desde o início. O mar já estava mais inconsistente e Caio não conseguiu achar boas ondas. Ele até saiu do mar para trocar sua prancha por uma menor. Mas, logo Miguel pegou uma esquerda da série e atacou forte com um batidão tirando as três quilhas da água, mandando mais duas manobras explosivas para ganhar 8,33.Pupo igual ou a maior nota do dia do australiano Julian Wilson e pegou outra esquerda, que finaliza com um aéreo reverse para somar 6,33 no maior placar da quinta-feira até ali, 14,66 pontos.

MAT DUNBAR/WSL
Caio Ibelli - MAT DUNBAR/WSL

“Eu sabia que precisava de duas ondas boas na bateria e foi isso que fiz. Vi o Gabriel (Medina) fazendo um aéreo na primeira onda dele e achei que deveria mandar um também, que valeu uma nota boa”, contouMiguel Pupo, que vai enfrentar o taitianoMichel Boureznas oitavas de final.“Na real, estou bem feliz em poder surfar uma esquerda no circuito. Eu nem pensava em pegar direitas, mas acabei surfando uma e até tirei uma boa nota. É preciso estar com a mente aberta para qualquer situação em ondas como essas, então estou bem feliz em pegar uma esquerda da série, que deu para tirar uma nota alta (8,33)”.

Os últimos 22 minutos do confronto brasileiro, foram divididos com os 22 minutos iniciais da bateria do camisa 10 da seleção brasileira,Gabriel Medina, que conquistou a primeira vitória contra a Austrália. O líder do ranking usou a tática de pegar o máximo de ondas possível na difícil condição do mar, para ir somando notas. Ele usou sua variedade de manobras de borda e aéreas também, para derrotar Kael Walshpor 10,80 a 8,20 pontos. Depois de surfar várias esquerdas, ele pegou uma direita há 2 minutos do fim e vai atacando de backside numa boa rasgada, um aéreo 360, mais uma batida e outra rasgada na onda que vale nota 5,57.

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Gabriel Medina - MAT DUNBAR/WSL

“As ondas estão meio difíceis. Não sei se é a maré, ou o vento. De fora parece bonito, mas está difícil de surfar. Não gosto de baterias assim e espero ter mais oportunidades na próxima”, disse Gabriel Medina, que venceu o último evento da série Rip Curl Search em San Francisco, em 2011.“Sim, eu adoro esse troféu. É um dos meus favoritos que tenho em casa. Quando vi que ia ter o evento de novo, fiquei empolgado para ganhar outro. O meu primeiro já está bem velhinho, então quero tentar levar esse aqui. Espero continuar avançando e que tenha mais ondas nas próximas, para fazer o meu melhor nas baterias”.

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Filipe Toledo - MAT DUNBAR/WSL

Depois, vieram mais três vitórias seguidas sobre o time australiano, iniciada por Gabriel Medina, foi reforçada pelos outros dois campeões mundiais do Brasil,Italo Ferreira e Adriano de Souza, que vão se enfrentar no penúltimo duelo das oitavas de final. Ainda teve Yago Dora despachando mais um australiano com a segunda melhor apresentação da seleção brasileira na quinta-feira em Strickland Bay.

O defensor do título mundial e vice-líder do ranking, Italo Ferreira, usou a mesma tática do líder. SeGabriel Medina foi em doze ondas para vencer sua bateria,Italo pegou onze, também usando os aéreos e seu repertório de manobras inovadoras e progressivas, sem dar qualquer chance para Jacob Willcox. Ele liderou a bateria desde a nota 6,07 da sua primeira onda, mas as melhores ganharam 6,67 e 6,53, para vencer fácil por 13,20 a 9,10 pontos.

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Yago Dora - MAT DUNBAR/WSL

“Teve bastante ondas lá fora nessa bateria, então você consegue ter mais oportunidades para tentar ganhar notas boas e colocar pressão no seu oponente”, disse Italo Ferreira.“Eu me diverti bastante na bateria e é legal esse sistema (overlapping heats) quando tem muitas ondas entrando. Estou gostando muito de conhecer essa ilha. A gente tem andado de bike e estou me divertindo bastante. Está sendo bem bacana”.

O capitão da seleção brasileira da WSL, Adriano de Souza, não ficou tão ativo no mar como Medina e Italo. Preferiu uma boa escolha de ondas para liquidar uma das apostas do surfe australiano,Ethan Ewing. Mineirinho só surfou quatro ondas e computou as notas 5,93 e 5,33 das duas melhores, para ganhar por 11,26 a 8,70 pontos.Adriano agora vai voltar a enfrentar Italo Ferreira na ilha Rottnest, como na primeira fase do Rip Curl Search, quando ele derrotou o atual campeão mundial, mas ambos passaram juntos para o rounde 3.

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Adriano de Souza - CAIT MIERS/WSL

“As condições estão bem complicadas agora e é uma pena estar no meu último ano competindo em baterias sem tantas ondas boas”, disseAdriano de Souza, que está encerrando sua carreira no Circuito Mundial esse ano.“A gente sempre sonha com o Dream Tour, de competir com os melhores do mundo e acho que o Ethan (Ewing) é uma promessa que em breve vai dar trabalho. Como esse é meu último ano, estou tentando aproveitar ao máximo, me divertir e sinto que está sendo mais fácil, comparando com a galera que está na briga por pontos no ranking. Pra mim está sendo um prazer e fico feliz por ter avançado mais uma”.

Yago Dora fez a segunda melhor apresentação da seleção brasileira na quinta-feira. O catarinense acertou os aéreos e usou a força nas manobras de borda, abrindo grandes leques de água a cada ataque, para liquidar Jack Freeston e por 13,94 a 9,84 pontos, com notas 7,27 e 6,67. Yago vai disputar a última oitava de final com o australiano Connor O´Leary, que barrou o japonês Kanoa Igarashi batendo o recorde de 14,66 pontos de Miguel Pupo, com os 15,60 que atingiu com notas 8,10 e 7,50 na bateria que fechou a quinta-feira em Strickland Bay.

CAIT MIERS/WSL
Alex Ribeiro - CAIT MIERS/WSL

O primeiro brasileiro a se apresentar nas oitavas de final será o recordista da terceira fase,Miguel Pupo, na quarta bateria com o taitiano Michel Bourez. Na disputa seguinte, Gabriel Medina faz mais uma defesa da liderança do ranking com o australiano Owen Wright, reeditando a decisão do título dos dois últimos anos nos temidos tubos de Teahupoo. Medina venceu a etapa do Taiti em 2018, mas Owen deu o troco em 2019.

Depois, tem o duelo brasileiro de campeões mundiais, entre Italo Ferreira e Adriano de Souza, na sétima oitava de final.Italo é o único que ainda pode tirar a lycra amarela doMedina nesta etapa, mas já necessita da vitória em Rottnest para isso. Já o líder garante o primeiro lugar se chegar nas semifinais. Quem passar na bateria verde-amarela, enfrentará o vencedor do segundo duelo Brasil x Austrália das oitavas de final, do Yago Dora e Connor O´Leary.

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Carissa Moore (HAW) - MATT DUNBAR/WSL

Antes dos homens competirem, foram realizadas as oitavas de final femininas com algumas surpresas, como as eliminações das números 3 e 4 do ranking,Stephanie Gilmore e Caroline Marks, por Nikki Van Dijk e Malia Manuel, respectivamente. As duas já foram ultrapassadas porTyler Wright, que avançou para enfrentar a também australiana Nikki Van Dijk nas quartas de final.

Tyler é a única surfista que pode tirar a vice-liderança da brasileira Tatiana Weston-Webb, mas só com a vitória no Rip Curl Rottnest Search. A líder Carissa Moore também venceu sua bateria e ampliou a grande vantagem no ranking. Já o destaque foi a francesa Johanne Defay, que fez os recordes do dia até ali, nota 8,17 e 15,57 pontos.

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Johanne Defay (FRA) - MAT DUNBAR/WSL

“É sempre bom começar com uma nota boa (8,17). Eu senti que minha primeira manobra não foi boa, mas fiquei muito feliz com o layback na finalização, que pelo jeito os juízes gostaram também”, disse Johanne Defay, que respondeu sobre o formato overlapping heats.“Acho que aqui onde tem ondas quebrando para os dois lados fica melhor. Mas, a última vez que competi assim foi bem mais difícil, porque foi em Bells, que é um pointbreak só de direitas”.

As australianas são maioria entre as concorrentes ao título desta última etapa em seu país.Sally Fitzgibbons enfrenta a havaiana Malia Manuel na primeira bateria das quartas de final e a segunda será entre duas australianas,Tyler Wright e Nikki Van Dijk. Na terceira, a havaiana Carissa Moore faz o terceiro duelo com Isabella Nichols na Austrália. Na última, se enfrentam as recordistas das oitavas de final,Johanne Defaye a japonesaAmuro Tsuzuki, que tirou a maior nota do dia, 8,33, para vencer a norte-americana Courtney Conlogue.

A competição retornou nesta noite de quinta-feira pelo horário brasileiro e vamos torcer pela “tempestade brasileira”. Aloha !

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