Brasil x Austrália vai definir o campeão do mundial na Austrália

Medina e Italo se enfrentam nas semifinais do Rip Curl Rottnest Search

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Alexandre Gondim

Publicado em 22/05/2021 às 13:33
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Gabriel Medina vai fazer um duelo de campeões mundiais com Italo Ferreira. Os dois já se enfrentaram em 17 baterias no CT e o placar está em 10 a 7 para o potiguar. As cinco últimas foram em fases decisivas, começando nas semifinais em Portugal em 2018 que Italo venceu. Em 2019 foram duas finais, com Medina ganhando a da África do Sul e Italo vencendo a que decidiu o título mundial em Pipeline no Havaí. Na abertura da temporada 2021, novamente em Pipeline,Medina deu o troco nas semifinais, mas voltou a perder outra final no Rip Curl Newcastle Cup.

Na etapa que abriu a “perna australiana”, foi decidida a liderança do ranking, que Gabriel tirou do Italo na etapa seguinte, o Rip Curl Narrabeen Classic que ele venceu em Sidney. Desde então,Medina está competindo com a lycra amarela da World Surf League e já garantiu a primeira posição com a classificação para as semifinais do Rip Curl Rottnest Search. Os dois ficaram na mesma chave e vão se enfrentar, porque Italoperdeu sua bateria da primeira fase, mas já derrotou dois brasileiros no sábado em Strickland Bay.

MATT DUNBAR/WSL
Italo Ferreira - MATT DUNBAR/WSL
 

O Rip Curl Rottnest Search que está fechando a “perna australiana” do World Surf League Championship Tour 2021, será a primeira decisão contra um australiano.Morgan Cibilic e Liam O´Brien vão disputar uma semifinal e a outra é um duelo de campeões mundiais, entre o líder e vice-líder do ranking,Gabriel Medina e Italo Ferreira, que barrou o recordista do dia,Yago Dora, na quarta de final brasileira que fechou o sábado de ondas excelentes de 6-8 pés em Strickland Bay, na paradisíaca ilha de Rottnest. A primeira chamada para as semifinais será as 7h15 do domingo na Austrália, 20h15 do sábado no Brasil.


A seleção brasileira da WSL comandou o espetáculo desde o primeiro confronto do dia, com Miguel  uma apresentação fantástica, surfando dois tubaços incríveis e usando a força nas manobras de borda, além de completar um belo aéreo. Com este repertório completo, despachou o taitiano Michel Bourez na quarta bateria das oitavas de final. O taitiano ainda é o recordista de nota, com o 9,63 do primeiro dia, mas dessa vez quem surfou os tubos de Strickland Bay foi o brasileiro. Pupo já iniciou voando num giro completo no ar para receber 7,50 dos juízes. Depois, sumiu num tubaço e saiu limpo com nota 7,27 e ainda surfou outro tubo incrível, mas não ficou tão profundo. Mesmo assim, a vitória é confirmada por 14,77 a 13,07 pontos.

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Miguel Pupo - MATT DUNBAR/WSL

Depois, surfou bem de novo, mas o australianoLiam O´Brien, algoz do ex-número 3 do ranking,Filipe Toledo, virou o placar nos minutos finais e não entrou mais ondas para Pupo tentar a vitória. Miguel saltou do vigésimo quinto para o décimo quinto lugar na classificação geral das cinco etapas completadas na Austrália, entrando no grupo dos 20 que permanecem na elite para 2022. A semifinal australiana foi confirmada com a vitória deLiam O´Brien sobre o brasileiro.

“Fiz um aéreo e depois peguei um tubo, então acabou sendo um pouco de tudo (risos)”, disseMiguel Pupo, muito feliz pelo seu desempenho.“A onda do tubo eu sabia que ia ser uma das maiores da série e tentei ficar mais profundo possível. Foi uma bateria divertida pra mim, mas infelizmente foi contra meu bom amigo, Michel (Bourez). Adoro ele, mas tive quer fazer o meu melhor. Como está rolando boas esquerdas, eu sabia que ia ter boas oportunidades pra mim e estou feliz, mas sinto que ainda tem muita coisa para conquistar”.

As quartas de final até começaram com ótimas ondas no duelo australiano  Cibilic e Julian Wilson. O novato no CT 2021,Morgan, mostrou toda a verticalidade do seu backside para derrotar seu oponente bem mais experiente, por 15,70 a 14,16 pontos. Nos outros dois confrontos das quartas de final, só deu Brasil. O bicampeão mundialGabriel  as duas reedições de decisões de títulos que disputou no sábado. A primeira contra Owen Wright, com quem fez a final das duas últimas etapas nos temidos tubos de Teahupoo, no Tahiti. Medina venceu a de 2018 e o australiano deu o troco em 2019. Na ilha de Rottnest, Gabriel iniciou o ataque nas ondas de Strickland Bay, voando alto e fazendo a rotação completa no ar. A nota 8,33 recebida foi decisiva para confirmar a vitória por 14,50 a 11,00 pontos do australiano.

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Gabriel Medina - MATT DUNBAR/WSL

Nesta fase, o adversário foi o americano Conner Coffin, que o brasileiro derrotou com o maior placar do ano no CT, 18,77 pontos, com seus aéreos na decisão do Rip Curl Narrabeen Classic em Sidney. Dessa vez, o californiano começou melhor com 6,83 e Medina só surfou sua primeira onda aos 15 minutos da bateria. Ele escolhe uma boa esquerda, acelera e voa num alley-oop caindo na base, já emendando um layback e mais um ataque incrível na junção, para ganhar 7,00 dos juízes, nota que eu achei baixa. Conner responde com 6,77. Mas, Medina destrói outra esquerda com uma série de manobras progressivas e inovadoras que valem 6,80 e definem a vitória por uma pequena vantagem de 13,80 a 13,60 pontos. Placar que não corresponde a visível supremacia do brasileiro.

“Eu sabia que não ia ter muitas ondas nessa bateria, porque o vento deu uma apertada e dificultou o surfe, então tentei ser mais seletivo na escolha das melhores”, disse Gabriel Medina.“Mas, foi uma boa bateria com o Conner Coffin e estou feliz por ter passado para as semifinais mais uma vez. Eu estava analisando o mar junto com o Andy King (seu técnico) e deu muita onda na bateria anterior, então era um sinal que a minha ia ser meio lenta. Hoje tava assim, uma bateria com muitas ondas e outra com poucas. Mas, estou bem focado e o trabalho com o Andy está bem legal. Ele tem me dado bastante confiança para estar pronto para qualquer coisa. Também estou com a minha esposa na praia, então estou me sentindo superbem em tudo”.

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Italo Ferreira - MATT DUNBAR/WSL

O primeiro confronto brasileiro nessa quinta etapa do mundial foi entre Ítalo Ferreira e o também campeão mundialAdriano de Souza, que está encerrando sua carreira nesta sua décima quinta temporada na divisão de elite do esporte. Os dois fizeram uma das melhores baterias do dia, mas os aéreos do potiguar garantiram a vitória por uma pequena diferença de 14,70 a 14,27 pontos. Eles já tinham estreado juntos em Rottnest Island e Mineirinho venceu a bateria mais fraca de ondas da primeira fase, com Italo se classificando em segundo lugar.

“O Adriano sempre foi uma inspiração pra mim e fizemos uma ótima bateria”, disse Italo Ferreira.“Eu estava até nervoso no início. Tentei fazer uns aéreos grandes que não completei, mas depois acertei um bom e fiz umas manobras boas, então fico feliz porque a minha última bateria com ele foi no Taiti e ele ganhou de mim na última onda”.

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Adriano de Souza - MATT DUNBAR/WSL

Depois, Italo teve outro confronto muito difícil com Yago Dora, que fez uma apresentação impressionante nas oitavas de final, contra o australiano Connor O´Leary. Todos esperavam mais um show brasileiro na ilha Rottnest, mas as ondas já não estavam formando as rampas perfeitas para voar como pela manhã. Então, o combate foi com as manobras de borda mais progressivas e inovadoras. O golpe fatal foi na onda que Italo surfou no último minuto, atacando os pontos críticos com batidas e rasgadas que valeram a maior nota da bateria, 7,17. Com ela, selou a vitória por 13,94 a 11,97 pontos.

“É muito difícil surfar contra o Yago Dora. Eu tentei mandar uns aéreos grandes e acabei caindo, mas usei minha estratégia para colocar uma pressão nele no final”, disse Italo Ferreira.“Quando o mar fica mais lento, tem que mudar o surfe, fazer umas batidas para ganhar umas notas boas. Mas, quando tem bastante ondas, aí você se solta e tenta uns aéreos maiores. Nós tivemos chances de fazer notas mais altas e, quando tem alguém desse calibre na água, me dá mais motivação. Todos os dias, somos os primeiros a entrar na água pra treinar e é bom ter esse tipo de atleta no circuito, para estender nossos limites”.

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Yago Dora - MATT DUNBAR/WSL

Apesar da eliminação em quinto lugar, Yago Dora foi o grande destaque do sábado nas ótimas ondas de Strickland Bay. Ele tinha feito os recordes do dia na bateria com Connor O´Leary, que fechou as oitavas de final. Começou numa esquerda perfeita, fazendo dois longos arcos e atacando a junção com um aéreo rodando muito alto para receber nota 9,10.

Quando o australiano fez sua melhor onda,Yago pegou a de trás e voou num aéreo enorme com rotação perfeita e aterrisagem com segurança na base. Os juízes deram 9,57 e o catarinense faz o segundo maior placar do CT 2021, com os 18,67 pontos só ficando abaixo dos 18,77 do Gabriel Medina na final do Rip Curl Narrabeen Classic. Yago quase se tornou o recordista absoluto do Rip Curl Rottnest Search, com os 18,67 pontos e o 9,57 chegando bem perto do 9,63 do tubo do taitiano Michel Bourez no primeiro dia.

“Quando você é um grommets, você sonha com uma bateria dessas. Se divertir numa bateria, como se fosse um freesurf, é a melhor sensação”, disse Yago Dora, após a melhor apresentação da sua carreira no CT.“Eu fui na onda sem muitas expectativas e surgiu uma rampa inesperada que rendeu uma nota boa. Na outra onda, fiz o meu surfe de borda que tenho trabalhado muito. Antes só focava nos aéreos e agora me concentro também em manter a prancha na água, mas mando um aéreo sempre quando dá”.

Vamos acompanhar.

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