Brasil ganha todas as etapas do mundial na Austrália

O bicampeão mundial Gabriel Medina venceu o Rip Curl Rottnest Search e disparou na liderança do ranking do World Surf League Championship Tour 2021. Essa foi sua segunda vitória em quatro finais na temporada e a quinta do Brasil nas quatro etapas da “perna australiana”, incluindo uma da Tatiana Weston-Webb em Margaret River. A decisão na terça-feira,25/05, foi contra o jovem australiano Morgan Cibilic, mas a Austrália já tinha conseguido sua única vitória em casa, com Sally Fitzgibbons sobre a francesa Johanne Defay.O próximo desafio é no Jeep Surf Ranch Pro, de 18 a 20 de junho na piscina de ondas da World Surf League, onde Medina está invicto com o bicampeonato em 2018 e 2019.

“Esse troféu é especial para mim, porque tem muita história. Quando eu comecei a competir no CT, meu sonho era disputar os eventos do Search para surfar ondas perfeitas e agora estou aqui novamente, com este troféu incrível.”, disse Gabriel Medina, que tinha vencido o último evento da série Rip Curl Search, em San Francisco em 2011, ano que entrou no CT.“Eu estava bem triste esse ano e nem queria vir para cá. Mas, minha mulher, Yasmim Brunet, falou: vamos, você está surfando, treinando, por que não está feliz? No final, foi a melhor decisão. Senti que superei as expectativas em todos os eventos aqui e todo mundo tem dias difíceis. O importante é ser forte, que tudo tem a sua recompensa”.

 O primeiro confronto de Gabriel Medina nas ondas entre 6 e 8 pés da terça-feira, 25/05, em Strickland Bay foi no duelo de campeões mundiais com Italo Ferreira, que apesar da boa formação, as séries estavam muito espaçadas com poucas ondas nas baterias. Os dois começaram a surfar logo no início. O potiguar foi para a direita e arriscou um aéreo, sem completar. Medina entrou numa esquerda muito boa, grande, começou com uma paulada reta de frontside no crítico da onda e acertou mais duas pancadas, largando na frente com nota 8,50. Italo pegou uma esquerda também que rendeu três manobras e recebeu 6,17.

As ondas seguintes foram fracas. A do Gabriel rodou um tubão, as placas foram caindo, mas não conseguiu sair. Aí veio uma longa calmaria, até Medina pegar uma esquerda há 6 minutos do fim. Ele começou com um aéreo rodando, caiu na base e mandou um layback na junção. Italo enfim pegou uma e decolou num voo muito alto, mas a prancha saiu dos seus pés. A onda do Gabriel valeu 5,20 e abre 7,54 pontos de vantagem. Só que o tempo passa rápido e Italo acabou somando uma nota 1,00 na vitória de Medina por 13,70 a 7,17 pontos.

“Sem dúvidas, foi uma perna australiana bem longa, mas consegui uma vitória e bons resultados, então no geral foi bom”, disse Italo Ferreira.“Tenho surfado bem, me divertido bastante, curtido a vida e está sendo um sonho. Estou muito empolgado e agora tem o Surf Ranch, que para mim sempre foi difícil surfar lá. Acho que preciso trocar uma ideia com o Kelly Slater, idealizador da piscina, quem sabe ele libera umas ondas para eu treinar mais lá”.

A bateria final de 40 minutos também começou com ondas ruins, que fecharam rápido. Medina pegou a primeira boa e arriscou um alley-oop muito alto, gigantesco, porém não completou o aéreo. Logo ele pegou outra esquerda e saiu mandando batidas e rasgadas com velocidade, que valeu nota 7,00. Morgan respondeu com seu backside vertical num batidão forte de cabeça pra baixo, emendando mais um e outro na junção, recebendo 7,27.

 

Esse foi o resumo da primeira metade da bateria. A outra série entrou quando restavam 19 minutos e Medina iniciou com um rasgadão muito forte de saída, seguiu com um batidão reto no crítico da onda e finalizou na junção para ganhar nota 8,50 dos juízes. Com ela, Cibilic teria que tirar uma nota excelente também para vencer, 8,24 no mínimo. O australiano ficou então esperando pacientemente por uma onda com potencial para isso.

Só que ela não veio até o fim da bateria e Gabriel Medina festejou seu segundo título na perna australiana, por 15,50 a 7,87 pontos. Esta foi a vigésima oitava final da sua carreira no CT e a décima sexta vitória, igualando o número de etapas vencidas pelo campeão mundial Martin Potter. Os maiores vencedores são Kelly Slater com 55 vitórias,Tom Curren com 33 eTom Carroll com 26. Os dois últimos nos tempos que o Circuito Mundial tinha cerca de 30 a 35 etapas por ano.

“Estou muito feliz e nem acredito. Esse é o melhor início de ano da minha carreira”, disse Gabriel Medina, logo que saiu do mar.“Eu tive umas baterias difíceis contra o Conner Coffin e o Italo, mas sinto que estou surfando bem, do jeito que eu gosto. É uma bênção estar surfando essas ondas e viajando o mundo com a minha esposa. Estou com pessoas positivas ao meu lado e isso me deixa muito feliz. Quero agradecer ao Andy King, meu treinador, pelo grande suporte e estou feliz por ganhar esse evento de novo, porque o outro troféu que ganhei em San Francisco, já está até com teias de aranha ”.

Os resultados de Medina no Champioship Tour 2021 foram: segundo lugar no Pipe Masters em Pipeline, Havaí, outro segundo em Newcastle, Campeão em Narrabeen, Nono em Margaret River e primeiro lugar em Rottnest Island, todos esses na Austrália.

Parabéns ao nosso bicampeão mundial, orgulho nacional que surfa como se fizesse mágica, transformando manobras, que para outros seriam dificílimas, em movimentos precisos e perfeitos. Fazendo ondas ruins serem pontuadas com notas altas. Vamos com ele em busca do tri. Aloha Medina !