Brasileira é a mais jovem a vencer etapa do mundial da WSL

Laura Raupp, com apenas 15 anos, entra para a história do surfe igualando feito de Gabriel Medina

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Alexandre Gondim

Publicado em 14/11/2021 às 17:26 | Atualizado em 16/11/2021 às 15:35
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Laura Raupp igualou um feito histórico, registrado 12 anos atrás na mesma Praia Mole de Florianópolis. Em 2009, o hoje tricampeão mundial Gabriel Medina, se tornou o surfista mais jovem a vencer um evento da World Surf League, com apenas 15 anos. É a mesma idade da catarinense, que neste domingo, 14/11,  conquistou a primeira vitória da sua carreira no WSL Qualifying Series.

MARCIO DAVID/LAYBACK PRO
Laura Raupp - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

A nova geração do surfe brasileiro fez a festa no pódio do LayBack Pro, na Praia Mole lotada no domingo,14/11, em Florianópolis. A catarinense Laura Raupp, de apenas 15 anos de idade, derrotou a peruana Melanie Giunta, 24, na final da etapa do WSL Qualifying Series com status QS 1000. Depois, o paulista Eduardo Motta, 19 anos, superou o cearense que há muitos anos mora na Ilha de Santa Catarina, Michael Rodrigues, 27, na decisão do QS 3000. O evento que marcou o retorno da Praia Mole ao Circuito Mundial da World Surf League, depois de 11 anos, e de Florianópolis após 6 anos, foi um sucesso de público e de ondas.

“Nossa, estou tão feliz que não consigo nem falar”, foram as primeiras palavras da campeã, Laura Raupp, após ser carregada pela torcida que lotou as areias da Praia Mole.“O mar estava bem difícil, mas tinha altas ondas e até estourei minha prancha no final, numa bomba que peguei e tentei um manobrão. A torcida na praia foi irada. Esse foi o meu primeiro QS e já venci, então agora bora ir com tudo pra Saquarema, tentar outro bom resultado lá”.

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Laura Raupp e Eduardo Motta campeões na Praia Mole de Floripa - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

A final feminina foi a primeira decisão de título a entrar no mar pesado do domingo, com ondas sólidas de 6 pés e muita correnteza na Praia Mole. As condições estavam tão desafiadoras, que foi utilizado os jet-skies para levar os competidores até o outside, transpondo a área de arrebentação. E a duração das finais foi aumentada, de 30 para 35 minutos, computando-se as duas maiores notas.
Laura Raupp foi nas primeiras ondas, que fecharam rápido. A peruana Melanie Giunta, que tinha vencido a última etapa do WSL Qualifying Series em Santa Catarina, em 2018 na Ilha de São Francisco do Sul, também falhou na primeiras que pegou. Depois, Laura achou uma esquerda que rendeu uma boa batida de frontside, para largar na frente com nota 4,17.

Logo, entrou numa esquerda que abriu a parede para atacar forte, com duas manobras de backside que valeram 5,50. Laura entrou no ritmo das séries e surfou outra esquerda, que armou a junção para levantar um grande leque de água com uma rasgada muito forte, trocando o 4,17 por 5,43. Melanie, enfim consegue mostrar o surfe que a levou até a grande final, numa direita que rendeu uma batida e uma rasgada de backside. Os juízes deram nota 4,57 para a peruana, que ficou precisando de 6,36 pontos para vencer.

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A peruana Melanie Giunta e Laura Raupp - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

O tempo foi passando e, nos minutos finais, ambas surfaram boas direitas que decidiram o título. Melanie começou com uma batida, seguida por uma rasgada e mais uma na junção para finalizar. A catarinense responde com duas manobras muito potentes de frontside e fica a expectativa pelas notas dos juízes. A da peruana saiu 6,17, mas Laura Raupp ainda trocou 5,43 para 5,70, para confirmar a vitória por 11,20 a 10,74 pontos.

“É o meu primeiro campeonato mundial, mas vim aqui com esse objetivo e consegui cumprir, então foi demais”, disse Laura Raupp, mostrando muita confiança.“Eu acredito muito no meu surfe e consegui mostrar ele aqui. O evento foi irado e só tenho que agradecer a todos que estavam torcendo por mim, meus patrocinadores e, principalmente, aos meus pais, que sempre me apoiaram. Não tem coisa melhor do que surfar meu primeiro QS em casa, num evento do meu patrocinador, a LayBack, então estou muito feliz por ter vencido”.

Para chegar na grande final, Laura Raupp derrotou outra peruana, que também estreava em etapas do QS em Florianópolis, Arena Rodriguez Vargas. Já a vice-campeã, Melanie Giunta, ganhou o outro confronto Brasil x Peru com a favorita ao título, Summer Macedo. Isso porque a brasileira já participa do WSL Challenger Series e tinha sido vice-campeã das outras duas etapas da WSL Latin America realizadas esse ano, ambas no mês de junho no Equador.

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Eduardo Motta vencendo a batalha de tubos que abriu o domingo - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

Na decisão masculina do título do QS 3000, o surfista mais jovem também derrotou o mais experiente. O paulista Eduardo Motta já havia surpreendido nas semifinais, quando passou pelo cabeça-de-chave número 1 do LayBack Pro, o top do CT 2021,Yago Dora. Na grande final, enfrentou o melhor surfista de toda a semana na Praia Mole, Michael Rodrigues, que vinha batendo seus próprios recordes a cada dia.

Mottinha já tinha começado bem o último dia, vencendo uma batalha de tubos com o experiente Raoni Monteiro na abertura das quartas de final. Já o cearense, que há quase 10 anos mora em Florianópolis, passou um sufoco no seu primeiro duelo do domingo, contra o paraibano José Francisco, outro nordestino que escolheu a capital catarinense para morar e sempre treina na Praia Mole, como ele. Fininho, como é mais conhecido, estava vencendo até os últimos minutos, quando Michael conseguiu a virada em duas ondas seguidas.

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Eduardo Motta é carregado até o pódio - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

Depois, ele passou pelo catarinense Willian Cardoso nas semifinais, mas Eduardo Motta começou forte na bateria decisiva. Era a primeira final dele em etapas do QS e já mandou um reentry incrível numa junção cavernosa da sua primeira onda. A manobra foi tão arriscada que os juízes deram nota 6,67 para ele, a maior de toda a bateria. Michael chegou a passar à frente com notas 5,00 e 5,50, enquanto Eduardo falhava nas outras ondas que pegava. Só na última, a parede abriu para ele mostrar seu surfe de novo e receber 5,07, para festejar o título do LayBack Propor 11,74 a 10,50 pontos.

“Não tenho nem palavras para descrever a felicidade que estou sentindo agora. Eu me esforcei e trabalhei muito para isso e, graças a Deus, chegou o meu dia de glória. Agora é só comemorar, mas com os pés no chão para as próximas etapas”, disse Eduardo Motta. “Eu sabia que não ia ter bateria fácil hoje. Todo mundo que está aqui, tem um único objetivo e estou muito feliz por ter conseguido vencer grandes nomes do surfe. Cheguei aqui não como um dos favoritos, o que as vezes é bom. Mas, pelo trabalho que tenho feito, eu sabia que Deus ia me honrar para conseguir uma vitória e ela veio hoje”.

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O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, Michael Rodrigues, o campeão Eduardo Motta e João Castro, presidente da Boardriders Brasil, detentora da marca Billabong - MARCIO DAVID/LAYBACK PRO

O LayBack Pro abriu os rankings regionais de 2021/2022 da WSL Latin America, que classifica os surfistas da América do Sul para disputar as etapas do WSL Challenger Series, o novo campo de batalha por vagas na elite do World Surf League Championship Tour. O paulista Eduardo Motta largou na frente com os 3.000 pontos da vitória em Florianópolis, assim como a catarinense Laura Raupp com os 1.000 pontos do título na Praia Mole. Os vice-campeões, Michael Rodrigues e Melanie Giunta, receberam 2.400 e 800 pontos, respectivamente.

“Estou feliz com tudo o que aconteceu aqui e fico feliz pelo reconhecimento de muitas pessoas, de eu ter sido o melhor surfista do evento. Estou feliz também pela vitória do Mottinha (Eduardo Motta) e surfe é um pouco isso, tem que comemorar junto”, disse Michael Rodrigues, que falou sobre o retorno da Praia Mole. “É incrível isso e demais também ser um evento feito pelo Pedrinho (o skatista olímpico Pedro Barros) da LayBack, por pessoas que amam o surfe. Estou muito feliz por ter participado disso e por ter um troféu agora para relembrar sempre desse evento, que espero que continue aqui por muitos anos”.

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