Nguyên Lê, Celebrating The dark side of the moon - Disco cover de 2014

Publicado em 03/01/2015 às 10:36
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nguyen_le_the_dark_side_of_the_moon O álbum The dark side  of the moon, do Pink Floyd é uma espécie de monolito negro do rock. Um trabalho conceitual, compacto, como se talhado num só bloco de pedra.O grupo deu-lhe uma interpretação definitiva. É destas obras de arte que, feito a Monalisa, pode servir de alvo a caricaturistas, a investidas anárquicas, mas não se pode melhorá-la. The dark side of the moon já recebeu diversas regravações na íntegra, quase todas não passam de arremedos. Se não tivessem sido gravadas, não fariam falta. Este ano, no entanto, a exceção se fez presente por intermédio de Nguyên Lê, um guitarrista franco-vietnamita, que gravou o álbum na íntegra, com uma big band. Nguyên aprecia desafios. Ele também regravou na íntegra o Are you experienced?, de Jimi Hendrix. Ao contrário do que fizeram até aqui os músicos que ousaram encarar The dark side of the moon, Nguyen Lê não tentou desmontar o quebra-cabeça do Pink Floyd, nem dessacraliza-lo. Usou cada música como tema, e improvisou em cima deles, como é tão comum no jazz. Há anos que jazzmen se valem de canções populares e as tornam clássicos do gênero. Um dos exemplos mais felizes é a canção My favorites things (de Rodgers & Hammerstein), interpretada por John Coltrane. Não que Nguyén Lê tenha se afastado tanto do original do Pink Floyd, ele segue o roteiro do álbum. Speak to me, faixa de abertura, é pontilhada de conversas, feito no original, mas em idiomas idiomas diversos, os arranjos já se prenunciam diferentes, não procuram imitar supostos sons espaciais, até porque a viagem de The Dark side of the moon não é para o espaço externo, mas para o interior do ser humano. É uma metáfora sobre males da alma, e solidão. Nguyen Lê está nesta viagem com o arranjador Michael Gibbs, a NDR BigBand, mais a cantora coreana Youn Sun Nah. Com estes, o guitarrista executa todo os temas de The dark side ot the moon, com músicas adicionais compostas por ele, e inspiradaa no Pink Floyd. Inspire, um tema instrumental que lembra Frank Zappa, antecede Breathe, que recebe outro andamento, roupagem de jazz, mas permanece a canção, na voz de muitos recursos de Youn Sun Nah. Já On the run é reinterpretada como free jazz, com o sax soprano de Christof Lauer. Não é tarefa fácil, regravar Time, que tem um dos grandes vocais do álbum original, mas Nguyên sai-se bem da empreitada, com bateria, diálogos de sopros e  trombones, a guitarra sola a linha melódica, com um timbre à Jeff Beck. Porém o maior desafio para regravar O lado oculto da lua é a faixa The great gig in the sky, que ganha roupagem de fusion e free jazz ao mesmo tempo. O compasso 7/4 de Money serve para Nguyên Lê  er a orquestra exercitarem sua perícia no jazz fusion, e o guitarrista mostrar o que aprendeu com o citado Jeff Beck. Porém, o melhor desta reinvenção de The dark side ot the moon é a parte final, Brain damage, e Eclipse, sobretudo pela excepcional cantora coreana. Celebrating the dark side of the moon além de ser uma experiência renovada, ratifica que a música do álbum tem estrutura e qualidade suficientes, e se sustenta sem os muitos efeitos especiais que recebeu na produção do Pink Floyd.   Confiram Nguyên Lê e a NDR Big Band em Money: https://www.youtube.com/watch?v=F1pD4qzrQl0  

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