2014 , um resumo - sofrência sertaneja ofuscou música prazerosa

Publicado em 06/01/2015 às 22:51
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Pablo, o da sofrência, felizmente, mal surgiu, já passou Pablo, o da sofrência, felizmente, mal surgiu, já passou Alice Caymmi, em Rainha dos raios, foi a cantora mais badalada do Brasil em 2014, de visual punk,  e vozeirão à Nana Caymmi, ela mereceu. Porém o melhor disco feminino, se é que estas subdivisões por gênero ainda têm sentido, foi de Juçara Marçal com Encarnado, que figurou em quase todas as listas de “Melhores do Ano”. Gustavo Galo com Asa, também foi um destaque em música pop (ele é do coletivo Trupe Chá de Boldo). Frequentou também quase todas as listas de “Disco do Ano” mundo afora, a banda americana War on drugs, com o álbum Lost in the dream, o grupo conseguiu chegar ao primeiro time do rock dos EUA, depois de nove anos de carreira. Lost in the dream é um amálgama de estilos, indo de Bruce Springsteen, a psicodelia e country rock, sempre com belas canções, a maioria refletindo o final de relacionamento do líder do grupo, o vocalista Adam Granduciel. O Nação Zumbi, com o disco homônimo, de  inéditas, lembra um pouco o War on drugs, pela influência de Jorge Benjor, e a temática de parte das canções, as idas e vindas do amor. O disco mais pop do grupo, em que até poderia prescindir da percussão pesada, sua marca registrada. Num ano de muitos tributos, mais uma saída para a crise sem das gravadoras, a decepção do ano ficou com o tributo mais estrelado da história do gênero The art of McCartney, do produtor Ralph Sall. The Cure, Bob Dylan, Brian Wilson, Jeff Lynne, Billy Joel, meio mundo de astros, interpretam Paul McCartney como se fizessem cover. Escapam poucos, Bob Dylan é um deles, indo buscar no começo da carreira Things we said today (do A hard day’s night). E falando em pop, dois discos de pernambucanos, que poderiam ter tocado no rádio, A Bonsucesso Samba Clube, com Coração da boca sai, puxada pelo pop irresistível de Superar. O outro foi China, com Telemática, seu disco mais bem resolvido com varias faixas radiofônicas, lançado no final de 2014. E uma coletânea pernambucana para mostrar que o frevo continua vivo e saltitante: Pernambuco frevando para o mundo 2, com selo Passa Disco. Da tal da world music, uma expressão que tende a desaparecer pela aproximação de culturas que a Internet permitiu, um disco que mereceu estar nas listas dos melhores, Film of life, décimo álbum solo do baterista Tony Allen, um dos pais do afrobeat, com participação de Damon Albarn, e músicos nigerianos. Allen é baterista e maestro ao mesmo tempo. E no quesito "Disco Fofo", o Oscar vai para a dupla She & him, com Classics, um álbum de standards, regravam de Johnny Mathis a Loretta Lynn, e Carpenters, tudo suave e macio como biscoito de polvilho. Enquanto isso no Brasil os sertanejos dominaram as programações de rádio, TV, trilhas de novelas, festivais de verão, deixando para trás os igualmente popularescos pagodeiros, axezeiros e bandas de fuleiragem. Culminando com o fenômeno Pablo, um baiano que teve seus 15 minutos de fama, cometendo a façanha de açambarcar em sua música o que sertanejos, axezeiros, pagodeiros e bandas de fuleiragem têm de pior. Pablo é de responsabilidade da Som Livre. Confiram a Bonsucesso Samba Clube, no áudio de Superar: https://www.youtube.com/watch?v=M5Ykxd4mvFg

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