Garanhuns Jazz Festival teve sua melhor noite de abertura

Publicado em 15/02/2015 às 15:53
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Billy Cobham. Foto: Marta  Arabyan Billy Cobham. Foto: Marta Arabyan Enquanto o blueseiro Marquise Knox, com a Uptown Band, incendiava no palco Ronildo Maia Leite, por trás do backstage, a guitarrista americana Jennifer Batten, sozinha, aquecia os dedos para participar do show do baterista Billy Cobham.  Mais tarde, o setentão Cobham, depois de uma hora e meia em que mostrou porque é um dos grandes da bateria no jazz, saiu do palco tranquilo, como se ainda fosse começar a tocar, trocou de camisa, e concedeu uma sessão de autógrafos, diante de uma fila formada às duas da madrugada, a maioria para que ele assinasse o clássico Spectrum, álbum com que definiu as bases do jazz fusion. O concerto de Billy Cobham, com o quinteto do percussionista baiano Marcos Lobo, foi perfeito para fechar uma das melhores, senão a melhor, de abertura do Garanhuns Jazz Festival. Iniciada com breves palavras do prefeito Isaias Regis, a oitava edição do festival começou com a Orquestra Criança Cidadã, depois o homenageado desde ano, o guitarrista João Neto, que tocou durante vários anos com Dominguinhos, fez uma apresentação curta, merecia um show especial, ele é um grande músico, que ainda não teve o devido reconhecimento. Em pleno Carnaval, onde a tendência é cada vez mais se render ao popularesco, ao brega, o guitarrista argentino Victor Biglione e o pianista e maestro, um dos mais completos músicos brasileiros, Wagner Tiso fizeram um concerto impecável, indo do  clássico, ao jazz, passando pela bossa nova e chegando ao chorinho, sem  a mínima concessão ao fácil. Depois do show Wagner Tiso comentava que precisou sacar algumas peças do repertório, porque a produção determinou uma hora de palco para cada atração, com exceção da que fecha a noite. A plateia na praça Dominguinhos foi também a maior de uma noite de estreia do GJF (é o dia do Galo da Madrugada, e de quem aproveita a ausência do Galo para brincar em Olinda) e, de certa forma, teve uma grata surpresa na apresentação do blueseiro americano Marquise Knox. Na estrada desde os 16, o garoto prodígio chega aos 24 anos, com um domínio da linguagem do blues que se denota logo na musica de abertura do show, Here i am, de sua autoria, música que é o seu cartão de apresentação (foi composta com 19 anos). Ver Marquise Knox no palco é uma experiência comparável a de quem testemunhou Muddy Waters ou B.B Kings nos anos 50. A facilidade como solta a voz em qualquer estilo de blues, a intimidade na guitarra, que passa para um blues clássico, para shuffle sem esforço, a performance de quem pretende agitar a plateia, mas sem artifícios óbvios, confirma que ali está um blueseiro que ainda tem muito a dar ao gênero. Deu para constatar bem isso, quando ele recebeu o cantor americano Karl Dixon, que é um entertainer, vai de qualquer estilo, não é exatamente um blueseiro. Dixon esforçava-se para chegar junto da garra de Marquise Knox em Let's the good timesx roll, um clássico, Por fim, mas não menos importante, o baterista de Bitches Brew, de Spectrum, Billy Cobham. Um concerto exuberante, com temas como Foot prints, Panama, All blues baião, um solo de bateria, já no final, uma versão do xote Só quero um xodó, do filho de Garanhuns, Dominguinhos, com a recifense Anastácia.  Marco Lobo faz um dueto com Cobham de berimbau e bateria, De Spectrum, ele tocou Stratus. Recebeu o projeto Batuque, grupo de maracatu formado por jovens de Garanhuns, e fechou com Red Baron e participação de Jennifer Batten.  A boa música dava as boas vindas à madrugada fria do domingo de Carnaval em Garanhuns. Confiram trechos do concerto de Billy Cobham em Garanhuns, ontem: https://www.youtube.com/watch?v=WhFgna7iP1g  

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