Trupe Chá de Boldo, uma banda que não cabe no som do elevador

Publicado em 05/03/2015 às 7:30
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trupec ha de boldo presentecapa Independente do conservadorismo do consumidor, cada vez mais adepto da redundância da vez, e conformismo da imensa maioria das bandas, e vocalistas, de pop/rock no Brasil, aqui, ali, há invenções, reinvenções e espírito de aventura. Não por acaso, boa parte dos artistas que seguem esta trilha, caminho inverso do fácil, está em São Paulo, em nomes como Tatá Aeroplano, Filarmônica de Pasárgada, e a Trupe Chá de Boldo. Este último acaba de lançar o terceiro álbum, Presente (Pommelo), disponível para download no site do grupo. A policromia sonora reflete a torre de Babel caótica que é a maior cidade da América do Sul. A Trupe Chá de Boldo vai de tudo: música paraense, rock, samba e o que mais possa se pensar. É óbvia a influência tropicalista ao estilo Tom Zé, de quem a Trupe é parceira (palpável na faixa Smex smov). Jovem-tirano-príncipe-besta, que abre o disco, é um rock lento, que segue aparentemente convencional, entram sopros e metais, acelera-se o andamento, e música acaba bruscamente. Ecos da Vanguarda Paulistana, em Meu tesão é outro, Arrigo Barnabé e Frank Zappa, com sotaque paulistano. O carimbó Diacho não é carona no suingue alheio, a levada é um meio para um fim, a ironia e o escracho. Claro, assim como na capa do disco, há dadaísmo em excesso, às vezes, letra e interpretação são engraçadinhas em demasia. Mas Presente, assim como Bárbaro (2010), e Nave manha (2012), é instigante. Não deixa o distinto ouvinte passivo. Reage-se de alguma forma à música da Trupe, contra, ou a favor. Não dá para ficar impassível ouvindo o grupo, que tem em Gustavo Galo, o principal compositor do grupo. Ou melhor, do coletivo, já que além dos integrantes, mais ou menos fixos, tem participações de músicos que se identificam com a mesma inquietação estética, Tatá Aeroplano, Iara Rennó, Marcelo Segreto (Filarmônica de Pasárgada). A produção é de Gustavo Ruiz, outro da turma. “Uma banda grande é demais/não cabe no elevador/não cabe no camarim/não cabe no estúdio/não cabe nos Jardins”, versos de Uma banda, que fecha o disco. Talvez a banda seja grande demais, certamente não cabe na mesmice quase generalizada da nova MPB, mas é de muito bom tamanho para mexer com o coro dos contentes. Confirma a Trupe Chá de Boldo, em Presente: https://www.youtube.com/playlist?list=PLmqLATKPATxbHtj4SVcT3V5_nxJxis-LB  

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